Eco e Narciso
Conhecer a si
mesmo nem sempre é o caminho para uma vida tranquila. Isso é o que sugere a
história de Narciso, filho da ninfa Liríope e do deus-rio Céfiso. Quando ele
era menino, um vidente profetizou: "Narciso terá uma vida longa e feliz, desde
que jamais conheça a si mesmo". Desde pequeno, Narciso teve uma beleza
hipnótica. Quando andava pelos bosques, as ninfas suspiravam de paixão. Mas o
rapaz cresceu sem jamais corresponder ao amor de ninguém. Uma das ninfas
apaixonadas por Narciso era a desventurada Eco. Certa vez, havia ajudado Zeus a
encobrir suas infidelidades. Por castigo, Hera lançou sobre a ninfa uma
maldição: Eco se tornou incapaz de usar a própria voz, exceto para repetir as
palavras dos outros. Inutilmente, ela seguia Narciso pelos bosques. "Me
deixe em paz!", ordenava o egocêntrico Narciso, e Eco respondia apenas:
"Paz... paz... paz..." Sem jamais conseguir declarar seu amor com
palavras próprias, Eco acabou se esvanecendo de tristeza: o corpo desapareceu e
restou apenas a voz, condenada a repetir sons alheios.
A vaidade de
Narciso era tão grande que irritava alguns deuses. Foi o caso de Ártemis, que
resolveu puni-lo. Um dia, em suas andanças, ele se deitou junto a uma fonte de
água pura para saciar a sede. Mas, no momento em que se inclinava para beber,
Ártemis fez com que ele se apaixonasse pelo rapaz que o contemplava na
superfície da água: seu próprio reflexo. Narciso tentou abraçar o amado; mas a
água escorria entre suas mãos. Por fim, acabou enterrando uma adaga no peito. Segundo
outra versão do mito, de tanto olhar seu reflexo, ele caiu nas águas e morreu
afogado. Na grama às margens da fonte, cresceu a flor que hoje leva seu nome.
Por Geraldo Genetto Pereira
Professor, escritor, blogueiro, youtuber.
Formação: Licenciatura e Mestre em Letras pela UFMG.
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