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Miniconto ep. 4: A morte


O assalto. A perseguição. O tiroteio. A bala. O sangue. O hospital. A maca. Os médicos. O medo. A morte. O túnel. A luz. A ida. O adeus. O fim.

                                                                                                                                            Amanda Machado Reis

Noviço contista ep. : Garota má ponto com

Juliana nasceu em uma família abastarda. Por ser filha única, se tornara o xodó dos pais, tendo tudo o que desejava. Então cresceu se achando o centro de tudo. Iniciou o curso de idiomas na infância. A língua preferida dela era o inglês. Adora dançar, por isso fora matriculada numa escola de balé que se localizava próxima a casa dela, no bairro Savassi. A garota não tinha tempo para brincar com os filhos dos vizinhos. A melhor companheira dela era a babá. Essa velava pela menina durante os dias úteis da semana, pois os pais de Juliana não tinham tempo suficiente para estar ao lado da filha. Eram ausentes na vida da menina, mas trabalhadores. Eles faziam o possível para dar o que a filhinha pedia. Porém se esqueceram de que os presentes não substituem o carinho e a atenção dos pais.

Juliana começou a freqüentar uma escola primaria. Não participava das brincadeiras com as colegas. Ficava a observar as crianças brincarem de pega-pega. Ela tinha vontade de participar das brincadeiras, mas não era apta a brincar em grupo, por isso morria de inveja dos colegas. Passaram-se alguns dias e a menina começou a se relacionar com algumas amigas de sala. Quando Juliana falava às coleguinhas, contavalhes detalhes a respeito das aulas de balé, do curso de inglês, dos amigos virtuais e dos desenhos que gostava de assistir na televisão a cabo. Quando só, ficava a cantar músicas em inglês. Algumas alunas achavam a Juliana muito “metida” e pensava que a menina gostava de se esnobar perante elas. E isso era um fato: a garota gostava de humilhar as bolsistas da escola.

Devido à prepotência de Juliana, ela não tinha amiga. Porém, na escola surgiram umas falsas colegas que permanecia ao seu lado só para aproveitar dos recursos financeiros de Juliana. Essas colegas pediam à garota que levasse bastante lanche para a escola, pois assim poderiam lanchar juntas. Outrora pediam à menina presentes de aniversário. Inventavam data de aniversário somente para ganharem presentes. Após se apartarem de Juliana, as falsas colegas não perdiam a oportunidade de falarem mal dela. Juliana parecia ter conhecimento da atitude das falsas colegas, mas não se importava, porque tinha o prazer em praticar a vingança. Juliana era conhecida na internet como a garota má.com. É isso mesmo. As falsas colegas criaram uma comunidade para Juliana com esse nome.

A menina cresceu. Na fase da adolescência se tornara a pior aluna da escola: ela batia e xingava os colegas; fazia e acontecia na escola. Chegou ao ponto de falar mal dos colegas de classe que sequer a cumprimentavam.

O Jonathan era o menino mais íntimo de Juliana, porém, nem ele escapou da felina garota. A verdade é que o garoto não concordava com as atitudes de Juliana, mas aceitava tudo em silêncio. Por isso os colegas de Jonathan achavam que ele era um garoto bobo, pois aceitava ser humilhado pela Juliana; mas ele ignorava os colegas. Além de ter tais qualificações acima, a garota tinha outras horríveis; uma delas era o preconceito. Ela não gostava de pobres, negros e deficientes. Para Juliana, as pessoas deveriam nascer ricas, brancas, de cabelos lisos e de olhos claros.

O pai de Juliana tinha um negócio ilegal, que lhe rendia muito dinheiro. Diziam que até a banheira da casa dela era banhada a ouro. Os móveis eram super-luxuosos. Quando Juliana cursava o ensino médio, houve um acontecimento que a abalou. O pai fora preso, a Receita Federal descobriu as falcatruas do moço. Para complicar ainda mais a vida da moça, sua mãe fora despedida da empresa em que era gerente, pois estava envolvida no negócio ilegal do marido. A situação financeira da família arruinou-se. A mãe de Juliana decidiu mudar-se de bairro. Após comprar uma casa em um bairro de classe média baixa, eles se mudaram sem se despedirem da vizinhança.

Devido à situação financeira da família de Juliana, a garota acabou sendo matriculada em uma escola pública. No início, a adaptação da menina foi muito difícil. Juliana descobriu que a vida na escola pública não é mole. Percebeu que lá “quem mexe, apanha”. Devidos às muitas brigas da garota com os colegas de escola, houve a necessidade dela se transferir para outra escola. A verdade é que ela foi obrigada a se transferir, pois a maioria dos alunos era de cor parda ou negra e de classe média baixa; mesmo assim, eles se consideravam gente e não aceitavam ser humilhados por uma garota branca metida a “patriçinha”.

Juliana se transferiu. Na outra escola pública houve os mesmos problemas. Os pais de Juliana foram convocados. Reuniram-se todos os alunos para uma audiência com mãe da garota. Decidiu-se em um consenso, que a comunidade escolar apoiaria a mãe de Juliana na tarefa de conciliar a filha com a nova realidade financeira que eles viviam. A assembleia escolar deu à Juliana a oportunidade de mudar o comportamento. A menina teve que aceitar a verdade de que ela não mandava em ninguém e que devia obedecer às regras da escola. Percebeu que naquele espaço público, o negro, o branco, o pardo e o deficiente desfrutam dos mesmos direitos e deveres, por isso eles convivem harmonicamente.
                                                                                                                         A. F. - Ensino Fundamental

Noviço pcontista ep. : A vida de Elizabeth Tarloy

Se você é uma pessoa que não gosta de histórias que envolvem morte, tristezas e desilusões amorosas. Por favor, não leia este conto, pois os fatos que serão narrados não são de contos de fadas e tampouco extraídos dos melodramas. Esse conto é apenas uma história de uma garota que se chamava Elizabeth Tarloy que viveu no interior de Minas Gerais. Se há alguma verossimilhança com a famosa Elizabeth Taylor, digo que são meras coincidências.

Era um dia claro e sem nuvens no céu de uma cidade mineira, nascia uma garota que se chamou Elizabeth Tarloy Martins, cuja mãe se chamava Nara Bruk Martins e o pai, Matheus Tarloy Martins. O casal teve três filhos: Andressa Karla, John e Elizabeth. As crianças foram criadas junto aos seus pais, na cidade de Esmeralda. Essa é uma cidadezinha muito simples, pequena e com pequeno número de habitantes, se comparada com cidades vizinhas; é conhecida como cidade dormitório, pois seus moradores trabalham em Belo Horizonte, Betim e Contagem e retornam à noite para dormirem nela.

Na cidade de Esmeralda, havia muitas pessoas que se julgavam melhores, porém Elizabeth se distinguia pela simplicidade, como é característica à cidade. Desde a meninice, seus pais lhe ensinaram que todas as pessoas são iguais, quando são colocadas em igualdade de condições. Por isso ela não tinha muitos amigos: somente na escola que Elizabeth tinha uma amiga de confiança e essa se chamava Thais. Á essa, Elizabeth confessava todos os segredos, inclusive que gostava de um garoto que se chamava Filipe. Esse era aluno do ensino médio. Elizabeth falou a Thais que o seu amor por Filipe era lúdico e por isso achava impossível que ele um dia a olhasse com desejo. Outro empecilho ao amor de Elizabeth por Filipe era a popularidade do garoto. Era de conhecimento de toda a escola que o garoto era muito cortejado pelas meninas, devido à simpatia e a beleza.

Filipe era aluno da mesma turma que a Elizabeth. Aconteceu que numa segunda-feira a professora entregou as provas de Matemática à turma. Elizabeth tirou a maior nota, porém Filipe tirou uma nota muito ruim. A garota era a menina mais inteligente da turma, por isso Filipe resolveu pedi-la uma ajuda no trabalho que ele iria fazer para recuperar a nota. Como você já imaginou, ela não pensou duas vezes. Aceitou ajudá-lo.

Devido ao trabalho e a convivência, agora mais íntima, Filipe percebeu que estava começando a gosta da colega. Porém antes de tudo, os dois se tornaram grandes amigos. Após alguns meses deu-se o namoro.

Os adolescentes cursavam o terceiro ano. Estava chegando o fim do ensino médio para eles. Isso fez com que eles vivessem os momentos finais do ensino médio como únicos na vida. Eles ficavam mais íntimos a cada dia e por isso os colegas desconfiavam que o casal tivesse um caso. Esses também se impressionavam com a dedicação do casal aos estudos. Parecia que o relacionamento entre Elizabeth e Filipe refletiu positivamente nos estudos. Filipe foi o mais beneficiado, é claro.

Era incrível como os dois se amavam. Onde estava o Filipe era possível encontrar a Elizabeth e tudo o que desejava a menina, o garoto batalhava realizar o desejo da amada.

Um dia o destino resolveu marcá-los para sempre. Elizabeth estava muito feliz por ter passado numa prova e ganhado uma bolsa de estudo numa faculdade. De repente o telefone toca. A garota checa o aparelho e vê que o número na tela do celular era o mesmo da casa do Filipe. Estranhamente, a moça ficou muito nervosa e não conseguiu atender ao telefone. A ligação caiu. Imediatamente ela liga para a casa do Filipe. A mãe do garoto estava inconsolada. Começou a falar a Elizabeth de forma muito tensa e desesperadora. Era uma péssima noticia: Filipe havia morrido em um acidente de carro. Ao receber a má notícia, tudo escureceu na frente da menina. Parecia o fim do mundo. Desesperada, a garota deixou o celular cair ao chão. A notícia foi como uma facada ao seu coração. Imediatamente, a garota se dirigiu para a casa do amado.

Elizabeth não queria mais ver a ninguém, depois da morte de Filipe. Ela se trancava o dia inteiro no quarto e ficava a pensar no garoto. Rememorava a popularidade do rapaz, a grande quantidade de pessoas que compareceram no velório manifestando o carinho e o apoio à família de Filipe. Naqueles gestos era possível perceber o quanto aquele garoto era querido na comunidade.

Passou-se um ano e Elizabeth começou a se conformar com perda do namorado. Ela começou a si aproximar das pessoas que lhe queriam o bem. Porém, nunca mais foi a mesma pessoa. Isso era possível observar no rosto dela. A marca a tristeza reinava impiedosamente. Ela percebera que seu amor pelo Filipe era como o vento em que não se pode vê-lo, mas é possível senti-lo.

Cinco anos depois, Elizabeth começou um rapaz que se chamava Jaime. Havia nesse rapaz algumas características que o identificava com Filipe e uma delas era o carisma. Eles se apaixonaram. Casaram-se. Tiveram três filhos. Apesar de constituir uma família, Elizabeth jamais tirou o Filipe do seu coração. Prometia a si mesma que jamais iria esquecê-lo.

Geize Alves Pereira. Ensino Fundamental

Noviço contista ep. : A varanda da esperança

Bruna esperava ansiosamente que o dia amanhecer deitada numa cama. Ela estava tão ansiosa que mal conseguia dormir. Esperava que o sol nascesse e que a lua manifestasse o adeus. Ninguém sabia o motivo da ansiedade de Bruna para que o dia amanhecesse. Era como um segredo. Finalmente o dia amanheceu.

Às sete horas da manhã, Bruna se levantou e lavou o rosto; penteou o cabelo e, antes de fazer qualquer outra coisa, pegou logo o melhor amigo, o banquinho, e se sentou na varanda da casa. A varanda parecia igual às outras, mas não era. Essa era chamada por Bruna de a “Varanda da Esperança”. É nela que a garota espera va todos os dias por alguém especial. É dela que Bruna observava passar pela rua uma pessoa especial. Ao vê-la passar, Bruna transformava os segundos em uma infinidade de tempo. Quando a pessoa desaparecia Bruna cria que o relógio se tornara o seu adversário. Dava-lhe uma ânsia, uma dor no coração. Tudo era inexplicável, indizível. Então a garota punha-se a perguntar: quando ele voltará. De repente a menina olha para o lado e dava um forte suspiro. O garoto estava a retornar. Bruna ficava sem palavras todas as vezes que olhava para o menino. Parecia igual à primeira vez em que ela o viu. Rapidamente sorriu . O coração estava pulando de alegria, quase saindo pela boca, só de vê-lo. As mãos da garota ficaram trêmulas, frias
e transpiradas; ela só conseguira dar um tchau para o menino.

Após uns minutos a refletir, Bruna se recolheu deixando na mente a imagem do garoto. Ela estava muito feliz. Estava como uma flor desabrochada: linda. O dia da garota se tornou maravilhoso, pois na memória permanecia viva a cena do garoto passado defronte à varanda e a certeza de que ela o olhou face a face. Parecia que o rapaz sorria para a garota, pois ele costumava dizer que o sorriso dele valia mais do que mil palavras.

Isso não não passava de uma fantasia e a garota tinha consciência disso, porém, ela nunca perdeu a esperança de que fantasia um dia se tornaria realidade. Sabia que era necessário esperar o momento correto, mesmo que isso demorasse muito tempo. Enquanto a realidade não chegava, a garota se deleitava na fantasia. Até nos sonhos da Bruna, o menino estava presente.

Tudo se parecia real quando a Bruna se sentava na varanda. Ao afastar-se dali, a incerteza invadia o seu coraçãozinho adolescente. A verdade é que ela vivia dos pequenos gestos gerados pelo movimento garoto. Na varanda, cada suspiro da adolescente, ao ver o garoto, era como uma raiz de esperança que nascia no seu íntimo. Um grande calor a tomava de baixo para cima, o qual a fazia se estremecer de prazer. O rapaz ia e voltava, porém menina nada lhe falava. Ficava apenas a olhar para o seu delírio amoroso. No seu pensamento havia a certeza de que há esperança para o coração apaixonado. Dizia a si mesma:
— “Nunca perca a esperança, pois se ele tiver que ser seu amor, um dia estará em suas mãos, Bruna”.

É por pensar assim que a Bruna nunca desistia do seu sonho, que era o garoto que passava na rua. Ela sabia que não vivia uma fantasia, pois o menino existia e um dia haveria a oportunidade de se encontrarem e falarem olhos nos olhos. Por mais difíceis que fossem as barreiras que interpunham entre ela e o adolescente, cria que iria vencê-las e conquistar o coração do amado. Para ratificar seu pensamento positivo, a menina recorria à fé. Dizia que nada é impossível para Deus, por isso cria que Ele a ajudaria conquistar o garoto dos seus sonhos.

Certo dia, a garota foi até a varanda e ficou mais de uma hora a esperar a passagem do garoto. Então ele apareceu na esquina e passou tranquilamente em frente à varanda da casa da Bruna. Ele, sequer, olhou para a varanda da casa, onde estava a menina. Isso se tornou um contratempo para a adolescente que a levou a reflexão sobre o que o garoto pensaria ao seu respeito. Ela dizia amar o garoto, mas não era correspondida com o mesmo sentimento que tinha por dele. Ficou muito confusa, pois não sabia se realmente o adolescente lhe amava. Então perguntou a sua consciência?
—Será que eu amo sozinha? Será que não serei correspondida?

Muitas coisas ruins se passaram em sua cabecinha. Uma delas era a possibilidade de o garoto ter uma namorada. Nesse dia o tempo foi o principal adversário da Bruna. Cada segundo que passava permitia a comutação de idéias inóspita ao sentimento que cultivara para com garoto. A cada suspiro, as idéias renasciam ainda mais fortes. Porém a Bruna não deixou as idéias apagarem o sentimento que havia plantado no coração. Prometeu a si mesma que desceria da varanda e iria à busca do rosto pelo qual se apaixonara. Dizia a si mesma que nunca perderia a esperança de conquistá-lo. Não contou nada aos pais; por precaução, guardou todo o sentimento no coração, pois sabia que a realidade poderia ser tratada como ilusão.

Michele Batista Pimenel - Ensino Fundamental.

Noviço contista ep. : O amor nasce na infância

Um dia duas crianças se encontraram em um parque da cidade de Neves. Eles tinham oito anos, aproximadamente. O amor entre os dois nascera à primeira vista. A menina se chamava Kelly e o
menino, Gustavo. Tudo se iniciou quando Kelly foi a uma loja comprar pipoca e se esbarrara no Gustavo. Esta trombada foi o necessário para que os dois iniciassem uma conversa.
—Desculpa-me, eu estava distraída. Disse-lhe a menina.
— Tudo bem, eu me pus ao seu caminho, por isso houve o choque. Falou o Gustavo a Kelly, aceitando o pedido de desculpa.
—Qual é o seu nome? Perguntou a garota.
—Eu me chamo Gustavo; e o seu?
—Eu sou a Kelly.
A longa conversa entre as duas crianças só fora interrompida com a chegada da mãe do garoto.
—Vamos embora, Gustavo. Disse-lhe a mãe.
—Tenho que ir, Kelly. Tchau!
—Tchau, Gustavo! Até mais.
Assim finalizou-se o primeiro encontro entre as duas crianças.

Havia-se passado uns anos após o primeiro encontro entre Kelly e Gustavo. Isso foi suficiente para que a menina vivesse uma vida vida normal. Todavia, o Gustavo não foi mais o mesmo depois que encontrou a menina no parque. Ele pensava nela continuamente e ficava se perguntando onde seria possível encontrar a Kelly. O adolescente nem conseguia estudar direito, tal era a introspecção que fora acometido. Porém Kelly parecia haver esquecido aquele momento. Para ela, tudo na vida é passageiro. Por isso estava a curtir a outros garotos. A frase que ela usava para descrever as aventuras amorosas era “estou ficando com fulano, com cicrano”. Isso é a prova de que o Gustavo já era coisa do passado e de que ele não mais existia na memória da Kelly.

O destino reservou uma surpresa para o Gustavo: seus pais se mudaram para um bairro próximo a casa da Kelly. O garoto não sabia que a adolescente estava tão próxima a ele e tampouco a Kelly sabia que o menino havia se mudado para o seu o bairro. Certa manhã os dois se encontraram e, para surpresa do garoto, a menina comprava pão na mesma padaria que ele frequentava. Essa loja ficava próxima à casa do Gustavo. Ao perceber a menina adentrar à padaria, o adolescente se aproximou dela e disse:
—Oi! Você é a Kelly, né?
—Sim. Respondeu a garota encurtando a conversa.
—Você não se lembra de mim?
—Não e nem quero. Falou Kelly.
Gustavo foi para casa tão triste que chegou a chorar. A mãe do dele quis saber o motivo do choro, que a contou a verdade:
—Eu vi a Kelly; uma menina que conheci a alguns anos no parque.
Então a mãe desconversou:
—Que isso tem a ver com o choro?
— É que ela disse que não se lembra de mim.
A mulher consolou o filho e o pediu que desse tempo ao tempo.

No dia seguinte, Gustavo viu a Kelly aos beijos com um menino. Por isso, ele resolveu esquecer a amada. Foi à busca de uma menina que lhe ofertasse o amor que Kelly o negara. E foi com este objetivo que ele conheceu uma menina na escola e começou a namorá-la. Essa se chamava Raiane.

Ao saber do namoro do Gustavo com a Raiane, Kelly passou a tratar a garota como uma concorrente ao coração de Gustavo e quando viu o menino conversando com a Raiane na porta da padaria., ficou a observá-los e bolando um plano para separar o casal. Nesse ínterim, ela se lembrou de que o Gustavo era o garoto no qual ela havia se esbarrado no parque. Ao rememorar o passado, decidiu separar o casalzinho e fazer do Gustavo o seu novo afeto. Chegou a dizer para si mesma que iria fazer qualquer coisa para “ficar” com o menino. Para por em prática seu ataque, ela armou muitas coisas para tentar a separação do casal Gustavo e Raiane. Em princípio a tarefa parecia muito difícil, pois o casal parecia estar apaixonado. Então Kelly usou uma nova estratégia de conquista: iria falar pessoalmente com o garoto sobre o seu sentimento por ele.

No dia seguinte, Kelly foi à padaria buscar pães. Ela estava preparada para surpreender o Gustavo com um discurso sedutor e envolvente. Disse a si mesma que não poderia permitir ao garoto dizer uma só palavra. O seu discurso deveria ser suficiente para lhe fazer aceitar como a sua nova garota. Ao ver o adolescente, ela chegou a ele com uma voz sedutora e disse-lhe:
—Oi Gustavo! Posso conversar com você um momentinho?
—Pode falar. O que você quer?
—Eu queria pedir desculpas, pois a verdade é que eu te amo. Porém o dia em você me procurou, eu te tratei muito mal, pois estava nervosa com algumas coisas.
— Mas agora quem não te quer sou eu e isso é bom para você aprender a respeitar os sentimentos dos outros.
Após um momento de silêncio a garota continuou:
—Me dá uma chance.
— Não posso. Você não está vendo que eu estou muito bem com a Raiane? Além disso, você tem namorado; não é verdade? Replicou o menino com os olhos cheios de lagrimas.
—Então Gustavo, faça o que diz o seu coração. Persuadiu a menina ao garoto.

De uma esquina, Raiane observava o conversa de Gustavo e Kelly . Ela estava a caminho da padaria para comprar o pão para o café da manhã. Como a conversa entre o Gustavo e Kelly havia se prolongada, Raiane aproximou dos adolescentes e foi logo entrando na conversa:
— Por que será que as pessoas só dão valor a alguma coisa quando a perde ou quando quer atrapalhar o relacionamento de alguém que está feliz?
Gustavo ficou chateado com a intromissão da namorada. Para mostrar sua indignação com Raiane, disse a Kelly:
— Kelly, se você prometer se casar comigo, eu farei o que você me pediu.
— Lógico que eu caso. Respondeu prontamente a menina.

Os corações se reencontraram como a primeira vez no parque. Kelly terminou o namoro, mudou o comportamento e passou a namorar somente o Gustavo. A menina aprendeu com o Gustavo que os sentimentos devem ser respeitados e que a trajetória traçada pelo coração não pode ser manipulada, pois há casais que tiveram a vida amorosa escrita desde a infância e, como tal, esse fato não pode ser negligenciado por ninguém. Talvez isso explique a aceitação de Raiane do destino amoroso escrito pelos deuses para Gustavo e Kelly.

                                                                                                                                          Sinthia. Ensino Fundamental


Noviço contista ep. :A casa das 8 mulheres

 Em uma cidade muito distante de Ribeirão das Neves viveu uma família muito engraçada. Essa não era uma família que trabalha em circo, ou que acabara de sair de um hospício, mas ela era umas das mais engraçadas que já existiu. Outra marca que distinguia essa família é que na casa vivia oito mulheres. A verdade é que não eram essencialmente oito mulheres, pois a cachorra e o peixe eram contados como membros da família feminina. Outra diferença dessa família era distinção tradicional de uma casa familiar em que se tem o pai, a mãe e os filhinhos. Lá, só viviam mulheres.

A perfeição nas coisas nem sempre existe; nesse grupo familiar não poderia ser diferente. Lá havia discussões. A maioria delas era por causa da comida: um dia um alimento ficava sem sal, outro, muito salgado, uma pessoa queria refrigerante dietético, outra preferia o normal e, outras coisas bobas assim.

Os vizinhos achavam aquela família muito estranha e maluca. Alguns afirmavam que as moças eram sapatões, outros diziam que daquela casa havia de surgir um forte movimento feminista.

As fofocas eram muitas. As mulheres tinham qualidades diferentes. Umas se destacavam pelas maluquices, outras pela feição e sentimento diferentes. Quando esse distinto grupo familiar se reunia, era uma festa só: muitas risadas, piadas, bobagens sem fim.

A maior dificuldade das seis criaturas era dividir as atividades domésticas. Por exemplo: no domingo, uma queria ir ao salão, mas tinha que limpar a casa; outra queria fazer a unha, mas tinha que lavar as roupas. E assim começavam o blá – blá – blá sem fim entre as moças.

Na casa viviam: uma menina que tinha dez anos, a segunda tinha doze, a terceira tinha dezesseis anos, a quarta tinha vinte e um anos, a quinta, quarenta anos e a sexta, quarenta e seis anos. A garota de dez anos era toda doidinha, não se importava com nada; a de doze anos era chamada pelos vizinhos de retardada e chata; a adolescente se achava tal, a melhor; essa era muito maluca e não falava coisa com coisa. A prova da maluquice dessa menina era a recaída sentimental que ela tinha a garota de doze anos: uma amizade bem entrelaçada que constrangia o grupo, que se dizia amar um ao outro de maneira igual; a moça de vinte e um anos era diferente: queria ser certinha e reprovava a amizade exagerada entre a adolescente e menina de doze anos. O certo é que naquela casa era impossível que as coisas ocorressem de forma toda certinha. A mulher de quarenta anos também era maluca. Fazia coisas estranhas como perguntar pelo interfone quem estava falando sem ninguém o acioná-lo. Ela dividia o quarto com a amiga de quarenta e seis anos; essa era mandona, pois tratava a de quarenta como um homem trata a uma mulher. Além dessa qualificação, ela tinha outras que chamavam a atenção das companheiras: era uma mulher sem noção das coisas, pois imaginava uma vida recheada de facilidades e, gostava de rir escandalosamente.

Sobre a vida sentimental; é... nossa! A menina de dez anos; são apenas dez anos, né! Não vale. A de doze anos; prefiro não falar nada. A de dezesseis era toda apaixonada. A de vinte e um anos dizia namorar a cinco anos; era toda sentimental. A mulher de quarenta anos, havia acabado o relacionamento com um moço que conhecera na faculdade, desde que finalizara o curso. A de quarenta e seis anos ficou casada por uns anos; se separou do marido ao conhecer um rapaz e a mulher de quarenta na faculdade em que estudava. O relacionamento com o colega de curso não deu certo. Ficou muito deprimida e foi consolada pela amiga de quarenta anos. Depois disso, nunca mais reclamou a presença de um homem.

A verdade é que a vida, dessas mulheres, é muito esquisita e distinta da vida social feminina comum. É isso que as fazem muito engraçadas. Essas mulheres!
                                                                                                            Ana Carolina .  Ensino Fundamental

Noviço contista ep. : A noite de terror no interior de Minas Gerais

Na cidade de Capim Branco morava em um apartamento um menino que se chamava Jason. Ele vivia uma vida normal. Porém com advento da separação dos pais, ele mudou o comportamento. A destruição do casamento atingiu a personalidade do menino. Em meio a uma disputa judicial entre o pai e a mãe, Jason preferiu ficar com a mãe. Ao findar a disputa pelo garoto, o pai de Jason partiu para Sete Lagoas, cidade vizinha de capim Branco.

Um dia o garoto recebeu uma ligação do pai. Era um sábado à noite. O pai lhe convidou para irem juntos ao cinema e assistirem a um filme. O garoto aceitou o convite; se arrumou e foi ao encontro do pai, que o esperava no portão da casa. Jason entrou no carro e partiu, com o pai, rumo a Sete Lagoas. Eles conversaram bastante durante a viagem. Ao chegaram à cidade, foram direto ao cinema e compraram os bilhetes para a sessão das vinte e uma horas. Era o último filme a ser exibido na noite. Tratava-se de um filme horripilante.

Acabado a sessão de cinema, os dois voltaram para Capim Branco. Durante a viagem, o garoto percebeu que estavam sendo observado por alguma coisa. Informou ao pai. Esse acelerou ainda mais o veículo. De repente caiu um meteoro no pára-brisa do veículo. O pai de Jason se descontrolou no volante e o carro bateu em um poste de iluminação pública. Eles se machucaram um pouco. O garoto estava consciente e observou que o meteoro se mexia. Então menino se lembrou do filme, em que um monstro saia do meteoro e matava a família de quem ele visse primeiro. O garoto entrou em estado de choque e nem conseguia se mexer. Estava estático, mas sentia o movimento do meteoro. Esse começou a se abrir e de dentro saia uma coisa esquisita, como uma cauda. Essa parecia uma lança.

O garoto percebeu que o seu pai também se mexia. A coisa continuava a se aproximar deles. Como um milagre, os dois conseguiram abrir a porta do carro e fugirem. Eles corriam na rodovia e, após alguns metros, Jason percebeu que o monstro havia agarrado o seu pai. A cena era incrível e horrenda: o monstro entrava na boca do homem. O menino ficou paralisado devido à cena. O monstro inseriu-se todo dentro do moço.

Depois de alguns segundos de paralisia, o garoto conseguiu correr novamente. Ele olhou para trás e viu que o monstro saia de dentro de seu pai. Na barriga do homem, só restou um buraco enorme. O garoto, assustado, correu ainda mais. Jason chegou ao apartamento em que morava. Ao entrar na casa, foi recebido pela mãe. Essa, ao ver o desespero do filho, lhe pediu que a contasse o que acontecera. Ao ouvir a história, a mãe de Jason ficou muito assustada e desmaiou.

De repente, o monstro pulou a janela do apartamento e agarrou o pescoço da mulher. Foi terrível a cena: ele a comeu o rosto. Ainda que estivesse com medo e nervoso, Jason conseguiu se lembrar do filme. no qual o o monstro morria por não suportar a acidez do vinagre. Sabendo disso, o garoto correu para a cozinha e pegou o pouco vinagre que restava no vidro. Como estava Cansado, ele se sentou em um canto da cozinha, e ficou esperando o monstro aparecer.

Não demorou quase nada de tempo e o menino observou que o monstro já estava em cima da pia, bem ao dele. Como em um puro reflexo, o garoto jogou o vinagre no monstro. Imediatamente, esse se retorceu até morrer, desaparecendo aos olhares humano. Ao perceber que o monstro sumiu, o garoto chamou a polícia e contou tudo o que havia passado aos seus pais. Porém a polícia não acreditou nas palavras de Jason. Ela disse que o menino estava traumatizado devido à separação dos pais e que a história do monstro não passava de uma fantasia infantil. Então o caso foi arquivado na delegacia, contudo, o delegado nunca conseguiu explicar a misteriosa morte dos pais de Jason. Ele criou várias teorias, mas descartou a participação de extraterrestres na morte do casal.
                                                                                                  Filipe Costa Toledo - Ensino Fundamental

Noviço contista ep. : O destino me espera

Uma moça, do interior de Minas Gerais, acabara de perder mais uma criança. Ela estava no quinto mês de gravidez. A tragédia a deixou muito emocionada, assim passou a carregar consigo a dor e o sofrimento pela perda. Fora a quinta tentativa de gestação mal sucedida, mas, mesmo assim, ela tinha no íntimo a esperança de um dia conseguir obter a felicidade de ser mãe. Por isso sussurrava aos ouvidos de Deus:
—Oh Senhor, por que tu és tão cruel para comigo?

Maria – esse era o nome da moça - era uma mulher que amava criança. Ela nascera em uma tribo indigna do interior de Minas, por isso amava as crianças, como é característica de todos os índios. Outra paixão de Maria era a natureza. Respeitava muito a mãe terra e tudo o era produzido por ela. A moça também gostava de se banhar nas cachoeiras da fazenda do coronel Valente, seu marido. Esse era muito mau. Na sua personalidade havia o rigor e o nervosismo. Era costume a esse moço maltratar as esposas. Maria não escapou dessa covardia masculina.

O dia estava ensolarado e propício para que a moça fosse se banhar em uma cachoeira, mas ela não saia do quarto. Comenta-se na fazenda que houve uma tremenda discussão entre o casal Valente. Uma voz murmurava no interior do quarto:
— Eu só quero ser livre. Não quero viver igual a uma prisioneira nessa fazenda. Era a moça reclamando do marido. A liberdade que ela almejava ia muito além da dependência do esposo. Queria ser livre a ponto de lutar contra os homens que destroem a mãe natureza. Essa era quem a índia mais amava na vida.

Tramitava na câmara de vereadores da cidade um projeto lei que tinha na pauta a previsão da construção de uma estrada para facilitar o acesso à cidade. Para que tal empreendimento fosse efetivado, era necessário haver a transposição das águas do rio que cortava a fazenda do Coronel Valente. Maria se preocupava com os animais aquáticos e ribeirinhos que seriam afetados pelo deslocamento do rio para dar lugar a uma rodovia.

A noite chegou. A garota dormiu preocupada com o projeto. No outro dia, pela manha, a moça acordou após sentir um beijo ao rosto. Era o coronel Valente. Assustada e confusa, ela pensou em fugir. Resignou-se. Aceitou o beijo do estúpido marido. Após se entregar ao Coronel, ela foi à mesa participar do café da manhã. Ao terminar a refeição, ouviu as seguintes palavras do marido:
— Eu sei que você ama aquele rio, por isso permitirei que você vá se banhar nele hoje, por que em breve consumarei o negócio com o prefeito: a transposição. Peco-lhe que não apronte nele lugar.
Maria abaixou a cabeça e saiu para o quintal. Estava confusa quanto à última frase pronunciada pelo esposo. Ela nunca havia desapontado o Coronel. Nunca fez coisa errada.

Às dezoito horas foi ao marido pedir a permissão para ir à igreja. Não suportava a angustia que carregava no peito e acreditava que o padre era a única pessoa que poderia auxiliá-la. Após passar ao confessionário, voltou ao rio. O objetivo era praticar o ritual indígena de purificação da alma. Era preciso se banhar em uma água gélida para expelir os maus espíritos que a perturbava. Após o banho, começou a passear pela margem do rio. Ela andou umas sete vezes treze metros e se deparou com uma surpresa. Então ficou transtornada.
— Meu Deus! O senhor me abençoou. Essa é a criança que eu tanto sonhei. Ela é a “Maria Eduarda”. Continuou:
—Minha santinha; minha filha! Abra os olhos que eu vou ajudar você.
Maria deu um longo sorriso ao ver a criança abrir os olhinhos.
—Que Lindo! Você está viva. Vamos para o seu novo lar.

A moça chega à casa toda feliz. O Coronel não estava na casa; ele havia ido à casa de uma comadre para ajudá-la a consertar o chuveiro que havia estragado – isso ocorrera na hora em que a mulher se banhava. O compadre do Coronel era caminhoneiro e, devido à profissão, era obrigado passar muitos dias longe do lar. A falta do compadre obriga o Coronel Valente auxiliar a comadre. Ele era como o santo remédio para os problemas. Isso era o que costumava dizer a mulher do caminhoneiro.

Ao chegar a casa, o coronel encontrou a esposa muito feliz. Não sabendo o porquê da felicidade, ele ficou muito desconfiado da moça e foi logo perguntando:
—Por que você está tão feliz? Que ocorreu de bom depois da missa?
—Meu amor, venha até o quarto que eu vou lhe mostrar.
O coronel ficou nervoso, mas não deixou a ira aparecer no rosto. Não aceitava as orientações do padre aos fiéis a praticarem ritos diferentes aos que eles trouxeram da infância. Via os religiosos com desconfiança. Os padres estavam a inovar nos ritos para domesticar os fiéis. Ao chegar ao quarto o moço tomou um susto e perguntou
— o que essa criança está fazendo na minha cama?
A moça respondeu ao marido:
— Eu a achei no rio. Agora ela será nossa filha. O nome dela é “Maria Eduarda”.
O coronel não gostou da idéia da mulher, porém a aceitou. Pediu a esposa que mudasse o nome da criança para Duda.

O tempo passou e a criança cresceu; como já estava na adolescência, a garota já conseguia entender os sentimentos da mãe, por isso chamou ao pai e confessou-lhe:
— Quando eu era criança, vi todo o tempo minha mãe chorar; porém ela não me contava nada, porque dizia que eu era pequena para entender os sentimentos de adulto. Agora eu não sou mais criança, por isso quero que o senhor ajude-me a descobrir esse mistério.
O coronel desconversou. Não esclareceu nada a Duda e tampouco disse que iria ajudá-la a desvendar os mistérios da esposa.

Passou-se uma semana e a menina encontrou a mãe a chorar em um canto da casa. Então lhe perguntou:
— Por que a senhora chora tanto mamãe?
— Não se preocupe comigo, minha filha. Respondeu-lhe Maria.
— Mãe, conte comigo. A senhora pode chorar em meus ombros. Eu quero ajudar à senhora. Pode contar comigo.
Devido à insistência da filha, Maria resolveu se abrir à companheira:
— Eu sou prisioneira de muitas coisas. Sou resignada a esse casamento fracassado. Não há a liberdade que almejo. Seu pai já me trancou várias vezes no nosso quarto e até me bateu.
— Às vezes acho que papai deveria viver nessa grande casa sozinho Ele é muito egoísta. Disse a Duda à mãe.
Ao sair do quarto, a garota ficou a imaginar o sofrimento da mãe. Disse a si mesma que estava muito triste, por haver ouvido a triste confissão da mãe.

Quando chegou a noite, todos foram dormir, exceto a Duda que permaneceu sentada no sofá a pensar na confissão da mãe. Após uns minutos, a menina se direcionou ao quarto da mãe. Quando Duda chegou ao local, solicitou à mãe que ouvisse uma boa notícia que recebera pela tarde. Contou a Maria que uma amiga da família, que morava na cidade grande, havia lhe convidado a passar uns dias nessa cidade e que poderia levar a mãe em companhia. Maria aceitou o convite da filha e nem pensou em pedir o consentimento do marido. Já estava cansada de ouvir uma resposta negativa. O rosto da índia ficou resplandecente de alegria, pois viajaria com a filha.

Partiram para a cidade grande na mesma semana. Maria estava decidida começar uma nova história, longe daquela fazenda e do coronel Valente. Julgava oportuna a ocasião para dissipar as angustias conjugal. Já a Duda acreditou haver cumprido uma parte da missão que lhe estava designada na terra, que era tirar a mãe daquele sofrimento. O convite da amiga da família foi a oportunidade de retribuir à mãe o carinho e o amor que brilhava nos olhos daquela índia desde o dia em que lhe salvara na beira do rio.

Os desejos de Maria não foram todos consumados, pois o coronel recebeu milhões de Reais da prefeitura pela transposição do rio e pela liberação da passagem da rodovia no interior da fazenda. Mas a liberdade pessoal da índia chegou. Dizem que o coronel viveu o resto da vida sozinho e que a Duda se casou com um deputado da cidade grande e teve dois filhos. A mãe, Maria, foi indicada pelo genro a um cargo na secretaria do meio ambiente da cidade grande.

                                                                                                  Thaynara Camila N. Ensino Fundamental

Noviço contista ep. : A casa assombrada

Era uma sexta-feira treze. Um jovem chamado Néas, que se considerava corajoso e forte, apostou com uns amigos que passaria a noite numa casa abandonada. Aposta aceita; então eles acompanharam o menino até o lugar em que ficava a casa. Chegando lá, eles deixaram o garoto próximo à porta da frente e foram embora. No terreno vizinho havia um grande cemitério e, na frente, um buraco tão fundo que algumas pessoas diziam que ele parecia dar ao inferno.

Néas entrou na casa. Logo as velas acendiam e apagavam, do nada. O lugar era muito escuro e fechado. Havia pouca ventilação, por isso era possível sentir o cheiro de enxofre. Havia teias de aranha por todos os lados e, quando o garoto olhava para algum lado, via vultos e ouvia risadas escandalosas. Então o menino teve medo. Ele começou a subir as escadas quando – crac! – um degrau de madeira podre se quebrou. Os outros degraus seguiram-se no mesmo ritmo. Néas controlou-se para não gritar. Ele estava com tanto medo que começou a tremer muito. A madeira não agüentou mais e se partiu toda. O menino caiu ao solo e se desmaiou. Ao voltar a si, ouviu novamente uma risada. O garoto suava muito. Em um instante pensou:
— Será o diabo? Será a morte? Algum extraterrestre? Monstro? Ou simplesmente algum pássaro a cantar?

Preferiu focalizar o pensamento na possibilidade dos risos serem o grunhido de algum animal silvestre. Para distrair um pouco e aguardar o tempo passar e ganhar a aposta com os colegas, ele foi procurar um lanche na cozinha. Lá, encontrou todos os ingredientes necessários a um lanche, só lhe faltava o catchup. Procurou... procurou... Por incrível que pareça o molho de tomate estava dentro da pia. O garoto o pegou e colocou no pão, porém o molho parecia meio aguado. Então percebeu que aquilo não era molho e sim sangue. Assustado resolveu ir embora, contudo a porta parecia trancada. Assim, ele se colocou a procurar uma saída e, quanto mais o menino ficava nervoso, mais vezes ele ouvia risadas.
—Não tenha medo, garoto. A morte vai te pegar. Há...há...há...

Então, Néas ouviu passos. Viu uma garotinha toda molhada com uma boneca que caminhava a sua direção. Ela aproximou do menino e lhe perguntou:
—Onde estou? Me perdi da minha mãe.

Atrás dela veio um cachorrinho preto e de repente apareceu a Morte, flutuando com uma foice afiada na mão. Não era possível ver a cara dela. A Morte levantou a foice e preparou-se para matar a menininha; porém o cachorro pulou-se na frente da garota e foi cortado ao meio pela afiada foice. Néas e a menina saíram correndo; a menina se cansou, tropeçou e caiu. Então Néas parou de correr e retornou para socorro a garota; imediatamente, ouviu uma voz de uma mulher. Parecia a mãe da menina. Nesse ínterim, a garota conseguiu escapar por um buraco que havia na janela. Porém a Morte operou um vôo rasante e, - zaz! – arrancou a cabeça de menina e da mãe dela. Vendo a cena, Néas correu... correu... até cansar. Então parou e gritou:
—Meu nome é Néas. Não vou morrer. Não tenho medo.

No dia seguinte, os amigos de Néas foram buscá-lo, mas não havia ninguém: nem na casa e nem fora dela. Eles se assustaram e rapidamente saíram do local. Só o que eles nem se perguntaram se Néas já havia ido para casa. Ao chegarem a casa, resolveram ir a procurar o amigo na casa dele. Chegando a casa do amigo, encontraram a mãe do garoto chorando, devido o filho não haver passado à noite anterior na casa. A mãe pensou que o filho havia sido sequestrado. Os garotos nem quiseram perguntar nada. Correram até a casa abandonada e olharam novamente. Os garotos não viram a ninguém.

Ninguém sabe o que aconteceu a Néas. Dizem que o espírito dele assombra aos jovens que apostam com os amigos que são capazes de passar uma noite em uma casa abandonada.

Maykylaine Rezende dos Santos – Ensino Fundamental

Miniconto ep. 5: A tragédia

O sonho. A realização. A mala. O aeroporto. O avião. O momento. A altura. O friozinho. O aviso. O medo. O grito. O silêncio. A saudade.
                                                                                Dileane Paula Silva

Noviço contista ep.: A incrível história de Mabel

Mabel era uma menina de classe baixa que morava com os pais e sete irmãos: Omar, Tarsiana, Susana, Stela, Najla, Nayara e Laert. O pai de Mabel era pedreiro, por isso a renda era pouca para um grupo familiar tão grande. Para ajudar na renda familiar, a mãe de Mabel era obrigada a cuidar de oitos crianças e ainda lavar várias trouxas de roupas por semana.

Mabel era a primogênita da casa, por isso teve que iniciar as atividades trabalhistas aos onze anos. A garota conseguiu um emprego na casa de uma empresária conhecida da família, por intermédio da mãe. A menina trabalhou de empregada doméstica durante cinco anos. O trabalho prejudicou os estudos dela: a moça parou de estudar na quarta série.

Cansada de tanto trabalha e pouco salário – a menina trabalhava das seis da manha até o jantar dos patrões –, Mabel foi a busca de outro emprego. Conseguiu uma vaga numa empresa de calçados para exercer a função de chanfradeira. Na fabrica, Mabel conheceu a Kaio, Isaque e Breno. Esses rapazes eram loucos por ela. Gostavam do jeito simples, alegre, educado e responsável da menina. Porém, ela amava mesmo era o Jeremias, outro funcionário da fábrica. Esse era um rapaz responsável e muito bonito. Só que ele não sabia
que a Mabel lhe gostava.

Certo dia, quando Mabel voltava do trabalho e passava pela Avenida Elias Saliba em companhia de Jeremias, dava-se início o romance. O rapaz pediu a mão de Mabel em namoro. Com a permissão do pai da garota, os dois começaram a se namorar. Passaram-se dois anos e se casaram.

Após o casamento, Jeremias convidou a família de Mabel para se mudar para o interior de Minas Gerais com ele. A mudança do casal para o interior ocorrera porque a empresa, em que trabalhavam, havia aberto uma filial na cidade de Monte Azul. Jeremias era o principal motorista de caminhão da empresa, por gozar da confiança do patrão, fora nomeado para tomar conta do transporte dos calçados produzidos na cidade do interior.

Após dois meses morando no interior, houve uma tragédia na família de Mabel que a marcara para sempre; Stela caiu de uma escada e teve que passar por cirurgias, pois o tombo provocara um tumor na cabeça da moça. Após as cirurgias, Stela ficara paralítica para sempre. Para suportar as dores, Stela precisou repousar em um colchão d’água, pois os comuns a machucava. Mabel se lamentava pela situação da irmã.

O primeiro filho de Mabel nasceu em mil e novecentos e noventa e três, para a alegria dos pais e tios. A criança era do sexo feminino e se chamou Lorelayne.

Na véspera do quinto aniversário da criança, Stela faleceu, após vinte e três anos de sofrimento sobre um colchão d’água.

Quando lorelayne completou dez anos, recebeu de presente o comunicado que ganharia um irmãozinho. O garotinho nasceu e recebeu o nome de Esequiel. Após o nascimento da segunda criança, Jeremias decidiu mudar-se novamente para Belo Horizonte. Queria construir uma nova vida trabalhista, pois fora despedido da empresa de calçados há mais de dois anos. Então viajou.

Ao chegar à capital mineira, foi morar na casa do irmão. Nesse ínterim, ele comprou um lote e começou construir uma casa. Ao concluir a obra, solicitou à esposa voltasse viesse para Belo Horizonte.

Mabel e Jeremias fizeram um acordo: decidiram que um cuidaria das crianças e da casa e o outro deveria trabalhar. Jeremias estava trabalhando em uma empresa de transportes e isso o obrigava a ficar ausente da casa por vários dias. Mabel não aceitava esse tipo de trabalho, mas a necessidade do dinheiro era mais forte que a vontade dela. Ela teve que enfrentar a realidade: ficando em casa em só na companhia dos filhos. Assim tornara pai e mãe para as crianças. Com essa vida dupla, Mabel teve que abrir mão de muitas coisas, pois ocupava boa parte do tempo com as crianças ensinando-lhes os deveres escolares e levando e buscando na escola, porém não abriu mão de auxiliar na paróquia do padre Bráulio Brochado. Lá, ela trabalhava na função de serva.

Para facilitar o transporte das crianças, Mabel iniciou os estudos em uma autoescola. Ela conseguiu a habilitação. Seu esposo comprou um fusca e facilitou um pouco a vida da mulher.

Mabel sabia que não havia conquistado tudo que sonhara, mas se sentiu realizada ao comparar sua situação econômica com a dos pais. Acreditava ter vencido muitas adversidades e desconfortos. Cria que seus filhos poderiam dar um passo para além de onde ela conseguiu colocar os pés. Dizia-se feliz com a vida e com a família.

                                                                                  Lucia Albina Ramos. Ensino Fundamental

Novidade!

6º ano - gênero carta

Carta Pessoal x Carta Aberta Enquanto a carta pessoal trata de assuntos particulares, pessoais, a carta  aberta faz referência a assuntos de...