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Integração didática das línguas: uma alternativa possível

Por Geraldo Genetto Pereira
Professor, escritor, blogueiro, youtuber.
Formação: Licenciatura e Mestre em Letras pela UFMG.

Dissertação realizada em cumprimento às exigências da disciplina didática integrada das línguas, ministrada pela Prof.ª Drª Eveline Dogliani da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais.
Introdução
A educação escolar precisa de metodologias inovadoras. A cada momento há novos desafios para ensino, por isso se devem criar caminhos alternativos ao ensino tradicional, para se alcançar o objetivo almejado à educação: a qualidade. O ensino de língua materna é um desafio ao professor dessa disciplina, pois há de se pensar a maneira de ensinar ao aluno um conteúdo que lhe é inato. A criança constrói frases gramaticais desde a aprendizagem fala. Isso, muitas vezes, é ignorado pelo educador, quando este direciona a aquisição da linguagem escrita à gramática tradicional. O aprendiz é tratado como se a fala e escrita fossem agramaticais, quando começa o ensaio às primeiras letras. É comum ouvir o professor dizer que tal palavra se fala alfa, mas se escreve como gama. Essa dissertação prioriza o estudo da aquisição da língua materna e a possível utilidade da integração desta com outras línguas na sala de aula.

Para discutir algumas questões ligadas ao ensino de língua materna, esta dissertação foi dividida em tópicos: no primeiro, há uma reflexão sobre o ensino de língua materna (doravante L1) integrada ao ensino de uma ou mais línguas estrangeiras. Nesse tópico há uma abordagem sobre a convivência harmônica de língua materna e língua estrangeira em sala de aula e como os docentes podem se auxiliarem no ensino de L1 e de língua estrangeira (doravante L2) aos discentes.

Alguns professores, principalmente os do ensino de L2, não vêem tal procedimento como eficaz para a aprendizagem do aluno, uma vez que L1 e L2 podem ter estruturas gramaticais diferentes, então os alunos aplicariam a estrutura de L1 na fala e na escrita de L2, como veremos mais a frente. Isso é uma crença que tem aceitação de alguns professores de L2. A verdade é que as salas de aulas são invadidas por varias crenças e algumas serão tratadas no tópico dois.

Várias alternativas foram pensadas para o ensino de L1. Na reflexão diária se surgem várias formas de se levar os alunos à aquisição da língua padrão. Uma delas seria a arte performática. Ela pode ser útil ao ensino de L1, uma vez que os discentes têm que memorizar textos para participar de uma encenação teatral. Se se pensar nas salas de aulas das escolas públicas brasileiras tem-se que admitir de que haja obstáculos para tal empreendimento, como se verá no tópico três. A prática da arte performática na sala de aula, assim como no ensino de L1 e L2 integradas, deve levar-se em conta os estágios evolutivos dos alunos, isto é, até que ponto os discentes são capazes de transitarem por tais caminhos sem que haja prejuízo à aquisição de ambas as línguas. Os professores precisam perguntar-se o que motivaria os discentes na aquisição de L1 ao estudar L2, assim como qual seria a fase ideal para tal empreendimento.
O último tópico tratar-se do erro na sala de aula; o objetivo é mostrar que há novas concepções teóricas sobre o erro e que por meio desse olhar diferenciado sobre o erro pode-se elevar a auto-estima do aluno e através dessas teorias muitos educadores têm deixado a tradicional concepção de erro, como uma incapacidade de aprendizagem do aluno, para aderir à teoria de estágios evolutivos de aquisição da linguagem oral e escrita. A ideia principal dessas teorias é de que o erro seria uma ocorrência natural relacionado ao Espiral de desenvolvimento da inteligência e como tal haveria um momento em que ele seria superado pelo aprendiz.

Integração didáticas das línguas
É necessário haver novas reflexões sobre a aquisição da língua materna. É preciso acabar com alguns preconceitos lingüísticos inerentes ao português brasileiro. É urgente excluir a idéia de que o aluno não sabe a língua portuguesa. É preciso haver a consciência de que a variação lingüística no Brasil é enorme, devido a dimensão territorial do país e que devido a essa dimensão territorial e as disputas políticas internas surge muitos preconceitos e estigmas aos falares regionais; isso, talvez não existiria se os professores conscientizassem seus alunos sobre essa variedade dialetal. Alguns estigmas estão concatenados na mente dos brasileiros, como, por exemplos, o dialeto mineiro uma fala caipira, o dialeto maranhense é o melhor português do Brasil, por conter construções gramaticais parecidas com o português falado em Portugal e assim por diante. Pensar em integrar o ensino de língua materna á estrangeira é uma maneira de mostrar aos alunos que há variações lingüísticas em todas as línguas e, portanto, o dialeto do falante A não é melhor ou pior do que o de B, mas uma variação lingüística. Conhecer a língua do outro é uma forma de valorizar a própria língua.

Estigmatizar uma variação linguística à outra é comum aos aprendizes de línguas. É recorrente ouvir dizer que o verdadeiro espanhol se aprende na Espanha; mas em qual região da Espanha? Esse país é formado por uma variedade lingüística que vai do catalão à Euskera. Também se diz que o verdadeiro inglês é o falado na Inglaterra. Mas qual é o inglês universal hoje? O inglês das gramáticas falado pelos estudantes e turistas estrangeiros soa estranho tanto para os nativos Britânicos, pois há preocupação dos professores em ensinar o inglês britânico; mas o inglês britânico ensinado nas escolas não é o verdadeiro inglês da Inglaterra, o qual contém variações dialetais. Ensina-se um inglês encarcerado pela gramática, o que não se pode chamar de inglês britânico, uma vez que a língua é viva e está a sofrer constantes transformações. A prática de uma didática integrada de línguas seria uma oportunidade para refletir essas questões e ajudar aos alunos a valorizarem a língua materna.

Por outro lado Gonzáles (2005) diz que a língua materna tem um papel importante no processo de aquisição/aprendizagem de outras línguas. As línguas neolatinas, principalmente, se enquadram nessa concepção de importância, uma vez que a gramática tem classes gramaticais oriundas do latim e com estruturas frasais aproximadas. O bilingüismo do professor seria de extrema importância para a prática do ensino de íngua materna, pois além de conhecer a estrutura da sua própria língua, também dominaria a estrutura de L2; assim poderia trabalhar em classe o ensino de ambas por meio de comparação. Por exemplo, o dativo e o genitivo do latim que se mantêm em todas as línguas neolatinas.

Há que se ter em mente a sensibilidade quanto à diversidade linguística, assim como à diversidade de comportamento dos seres humanos, com os quais lidamos no dia-a-dia na sala de aula. A reflexão sobre a diversidade lingüística seria um caminho para romper o preconceito que se tem sobre a língua portuguesa, de que ela é uma língua difícil de aprender e assim fortaleceria a auto-estima do sujeito falante. A sensibilização leva o aluno a refletir e a valorizar sua própria língua, pois se as ocorrências de variação em L1 levam os alunos a estigmatizá-la, também há pesquisas sobre variação e mudança lingüística que apontam que há tal estigma em outras línguas; por exemplo, a não marcação do plural nos verbos, na linguagem oral e coloquial do português do Brasil, também ocorre na linguagem padrão do inglês e nem por isso tal língua é estigmatizada pelos aprendizes brasileiros de L2. É importante dizer aos alunos que a variação lingüística é um fenômeno diacrônico, sincrônico e diatópico e que os mesmos preconceitos lingüísticos que existem no Brasil, quanto à variação, também ocorrem em outros paises. A demonstração de tais ocorrências pode ser feita por meio do conhecimento das estruturas de outras línguas estrangeiras, suas variações e mudanças. Por exemplo, assim como o R retroflexo é estigmatizado no sudeste brasileiro, há estigma na pronuncia do R no final de palavras na língua inglesa americana, em Nova York. Ao apresentar essa informação ao aluno espera-se romper com o mito em se diz que os brasileiros não sabem falar a língua materna.

Dogliani (2006) destaca que a interface entre a língua francesa e a portuguesa foi importante para ela, principalmente por sua familiaridade com ambas, pois há considerações importantes sobre a variação e mudança linguística entre ambas; na primeira diz respeito à variação linguística no interior da França em relação ao francês de Paris; já a segunda diz respeito à variedade dialetal que há no imenso território brasileiro. A variação diatópica é um fator importante para conhecimento dos discentes, uma vez que ela é comum a toda as línguas. Dogliani acredita que a sala de aula de L2 é um ambiente propicio para a aplicação da semelhança e diferença entre L1 e L2 porque quando se trata desta existe um fator que desencadeia a curiosidade em relação ao perfil da língua, isto é, o estranhamento. Ela cita como exemplo o fato de que os falantes de português, ao entrar em contato com a modalidade escrita do francês, têm como reação primeira de um completo estranhamento face às convenções ortográficas que regem a modalidade escrita padrão do francês, como, por exemplo, três vogais que são pronunciadas como uma: Bordeaux / Bordó/. O mesmo pode ocorrer com os discentes franceses que estudam a língua portuguesa, como, por exemplo, escrever /TIA/ e falar /TCHIA/.

Há de se levar em conta, no ensino de L1, que os alunos usam o chamado bidialetismo funcional no dia-a-dia, ou seja, usam um dialeto em casa na comunicação familiar e outro que é usado na rua, na escola, no clube, etc. Ao professor é necessária a consciência de que tal fenômeno ocorre naturalmente. Ainda se deve lavar em conta que existe o chamado bidialetismo para a transformação, em que o aluno adquire o dialeto das classes dominantes para usá-lo na busca da igualdade de condições no discurso social. Para Dogliani (1997) a escola treina o aluno para o uso do dialeto padrão e cabe acrescentar que, concomitantemente, incentiva o bidialetismo para a transformação, quando afirma que numa entrevista para emprego dá-se preferência ao candidato que usa a norma padrão à não-padrão. Costuma dizer-se, na sala de aula, que é preciso diferir o ambiente em que vai ocorrer o uso social do discurso, para que o sujeito comunicante obtenha qualificação positiva frente ao interlocutor. Não se pode negar que o preconceito linguístico existe na sala de aula e fora dela, ainda que “do ponto de vista comunicativo todos os dialetos se equivalem”, como afirma a pesquisadora Dogliani.

A mesma valorização da aquisição do bidialetismo para transformação, proposta por SOARES (1986)[1], também é valida para a aquisição da segunda língua. Nota-se na sala de aula de L2 uma a preocupação com a variação lingüística da língua estrangeira, em aquisição. Os Professores afirmam que é preferível utilizar uma pronúncia X à pronúncia Y, em razão desta ser estigmatizada; prefere-se X porque é a variante usada pela elite e a aceita como padrão.

Retomando a questão dos estágios evolutivos da aquisição de L2, cita-se Rodrigues (2005) que observa que um aspecto importante “relativo à aquisição de uma língua-alvo diz respeito à maneira como ela pode ocorrer”. Ela pode acontecer de forma natural, uma vez que o aprendiz adquire a segunda língua usando-a ou pela instrução formal, que ocorreria dentro da sala de aula. Em ambos os casos a aquisição de L2 é possível, porém na segunda se daria de maneira mais formal, em que a norma culta é valorizada. Assim como uma criança demora certo tempo para adquirir a fala da língua materna, o mesmo ocorrer na aquisição de L2, segundo Dulay (1982)[2]. Esse processo pode durar meses ou anos, pois existe uma ordem sequencial em que uma estrutura é aprendida após a aquisição de uma outra. Esse diagnóstico é importante para os professores de línguas, pois muitas vezes exige-se de uma criança domínio de certa estrutura da língua materna, a qual ainda não foi adquirida. Estudos sobre a aquisição de L1 têm mostrado que os sons são aprendidos antes da apreensão dos grafemas, porém muitos pesquisadores da área de alfabetização e letramento acreditam que não se aprendem primeiros os sons como um todo, mas aprende os grafemas de sons pares como /P e B/, por exemplo, que são mais constantes na língua. Sabe-se também que a aquisição da estrutura de L1 também é fundamental para a aquisição de L2, pois o aprendiz de L2 utiliza-se da estrutura da língua materna. Conhecer os processos e os estágios da aquisição da linguagem é importante tanto para o professor de L1 quanto para o professor de L2.

As crenças sobre a aquisição de L1 e L2
Para Dufva, as crenças são apenas “meios de mediação usados para regular aprendizagem e a solução de problemas”. O conceito de crença, dentro de uma visão atual na área de cognição é abordado com base teórica em Watson-Gegeo (2004), que trata da evolução dos estudos da ciência cognitiva. Segundo (BARCELOS, 2006) esses estudos “incidem sobre outras maneiras de perceber e de entender a área de aquisição de segunda língua.” A pesquisadora usa duas definições para crença: a primeira diz respeito entender a crença como cognição, “unidade cognitiva de significado enraizada em redes ou cadeias de crenças.” (Riley, 1989); o segundo é entender a crença “como uma forma de pensamento, como perceber o mundo e seus fenômenos, co-construídas em nossas experiências e resultantes de um processo interativo de interpretação e (re)significação.” (Barcelos, 2006:18). Barcelos enumera algumas críticas que o paradigma da aquisição da segunda língua tem recebido, de acordo com Watson-Gegeo, que são: a dependência exclusiva do paradigma positivista, a investigação experimental sem levar em consideração os aspectos sociais e culturais dos contextos nos modelos apresentados, a base no estruturalismo e outras teorias linguísticas problemáticas e a inabilidade de produzir implicações pedagógicas que de fato funcionem na prática, especialmente no terceiro mundo.

Dufva(2003) diz que “a cognição não acontece dentro da cabeça de alguém, mas emerge do processo em progresso dentro de um sistema que consiste do individuo e de seu ambiente.” Dar-se a entender que é a relação entre o homem e o mundo que determina o processo cognitivo e tal processo evolui na vida do individuo, devido às interações sociais.

Quanto ao desenvolvimento da natureza das crenças, Barcelos afirma que no início da pesquisa de crença sobre ensino/aprendizagem de línguas – nas décadas de 70-80 no exterior e na década de 90 no Brasil – acreditava-se que crenças eram estruturas mentais, estáveis e fixas, localizadas dentro da mente das pessoas e distintas do conhecimento. Julgavam-se erradas as crenças dos alunos e dos professores, pois havia uma relação de causa e efeito entre crença e ação. Estudos recentes definem as crenças como: dinâmicas, o que significa que as crenças mudam através de um período de tempo, isto é, o que se pensa hoje sobre a aquisição de conhecimento e/ou aprendizagem pode mudar com o passar do tempo. Por exemplo, crer que dar voz ao aluno na aula de língua estrangeira prejudica a aprendizagem dos colegas de classe, assim como o ensino do professor, uma vez que o aluno pode valer-se de pronuncias erradas e contaminar a turma é uma crença que pode mudar com o passar do tempo, através experiências efetivas na sala e com a concessão de voz ao aluno sem medo de tal crença se confirmar.
A respeito da crença de que L1 influencia a aquisição de L2, há pesquisas que mostram que tal ocorrência, mas não significa que é pelo fato das didáticas das línguas serem integradas, mas uma forma natural do aprendiz de língua estrangeira recorrer à estrutura da língua materna. A pesquisa realizada por Gonzáles (2005) é uma prova de que tal fenômeno ocorre. Na análise dos dados da pesquisa feita com estudantes brasileiros de língua espanhola percebeu-se que o uso dos pronomes na escrita e na fala dos aprendizes dessa língua estrangeira recorria à estrutura sintagmática do português. Esse acontecimento é chamado por Gonzáles de fenômeno de transferência de hábitos; porém a pesquisadora esclarece que tal transferência não é a única fonte de eventuais “problemas” no processo de aquisição/aprendizagem de uma segunda língua. A pesquisa mostrou que a transferência ocorre de várias formas e não por uma simples transposição das formas de língua na outra. Gonzáles observou na amostra que alguns discentes aproximaram a gramática de L2 com a gramática de L1, mais especificamente no início da aprendizagem; o que parece não ser um fato anormal aos iniciantes em L2. A pesquisadora observou que houve certa dificuldade dos alunos em se deslocarem das características estruturais da sua língua materna, no caso o português brasileiro. Ela enumera como um dos problemas encontrado nos dados da amostragem a tendência do não preenchimento dos pronomes átonos e o preenchimento do sujeito, como no exemplo:

(1) No sé si yo (* ) caso o si yo (*) compro uma bicicleta . [español].
(2) Não sei se caso ou se eu compro uma bicicleta. [português brasileiro]
Esperava-se a seguinte estrutura:
(3) No sé si me caso o si yo me compro uma bicicleta.
(4) prof.: _ Viste la película de Almodóvar?
(5)aluno: _ (*) (*) vi. [esp]
(6) aluno: _ vi. [port]
Observa-se que o aluno respondeu a pergunta usando a estrutura do português brasileiro, omitindo o pronome obliquo átono.
(7) Sí, a vi. [esp]
(8) eu a vi. [port.]
A norma culta do português brasileiro pede que se utilize a estrutura (8), porém o aprendiz de L2 usou a (6), que é comum na linguagem oral.

A pesquisa aponta outros problemas, como a predominante substituição dos clíticos por outras formas de realização, a preferência por formas tônicas às átonas, especialmente para a expressão do objeto indireto, emprego indiscriminados dos clíticos anafóricos, etc. Todos os problemas observados são resultantes do emprego das formas de L1 em L2. Se se pensar em ensino de L2 pode-se dizer que os problemas assinalados na amostragem estão relacionados à aquisição de uma segunda língua fundamentada em L1, porém se houvesse a integração de L1 e L2 teria-se uma ótima oportunidade de ensinar a norma culta do português brasileiro em (6), por exemplo. Se se analisar o artigo escrito por Gonzáles, observa-se que os problemas encontrados na aquisição do espanhol são decorrentes do uso da estrutura do português padrão e não-padrão na aquisição de L2. Os alunos transcrevem para a linguagem escrita o que se pratica na linguagem oral, como o não-preenchimento de pronomes átonos, o sujeito elíptico, a substituição de clíticos, etc.

No final do século passado, a investigação das crenças através da fala e da escrita era feita através do que diziam as pessoas. Fazia-se a investigação por meio de questionário fechado, o que segundo Dufva era um problema, uma vez que os dados não indicavam o que as pessoas acreditavam de fato, mas sim como elas se relacionavam com as afirmativas apresentadas pelos pesquisadores. Sobre o método de entrevista, hoje utilizado para investigar a crença, Barcelos afirma que ele é estruturado e há perguntas abertas e semi-abertas, o que mostra desenvolvimento. Também já se utiliza outros métodos como a análise de discurso e de repertórios interpretativos, análise de metáforas (na fala ou na escrita do professor) e análise de diários. Quanto aos tipos de questões investigadas tem-se que a crença e o processo de reflexão significam refletir e compreender o porquê se faz e como se faz, pois as investigações mostram os tipos de crenças que os professores trazem para os cursos de formação e como essas crenças afetam suas práticas pedagógicas de forma negativa. É por meio delas que os preconceitos sobre os alunos são refletidos e abordados sobre uma perspectiva diferente do olhar do professor, minimizando algumas crenças do destes sobre aqueles.

Uso da performance
A dramatização é um espaço para a aquisição do dialeto padrão. Dogliani (2003) diz que a representação teatral é um dos espaços que favorece a aquisição do dialeto padrão, uma vez que obriga à memorização de textos escritos em norma culta e permite uma caracterização dos diversos dialetos, uma vez que eles se realizam nas falas dos personagens. O texto teatral faz com que o aluno aprenda o dialeto padrão, uma vez que ele tem a necessidade do “bem representar” e isso permite o desenvolvimento da consciência crítica do ato da fala. Quando um aluno/autor fala como doutor, ele incorpora o personagem e perde sua própria referência. A pesquisadora acredita que o autor e personagem não se confundem e isso é uma condição básica para o desenvolvimento da postura crítica ante a aquisição de um novo dialeto, a manutenção da própria referência. Um dos problemas dessa proposta é que são poucos os alunos que gostam de representar; assim a maioria deles ficaria prejudicada em tal projeto e o objetivo principal, que é a aquisição do dialeto padrão, não seria atingido em sua totalidade. Outro problema é que tal empreendimento exige preparação(ensaios) dos alunos para a apresentação; nas escolas públicas, que não estão inseridas no ensino com tempo integral, não é possível tal empreendimento, uma vez que não se pode ocupar a carga horária do currículo com projetos desse tipo, pois ocuparia a carga horária de outras disciplinas e tão pouco os professores tem disponibilidade de horário para dedicar a um projeto desse porte, pois a maioria deles trabalha dois ou três turnos. Não se deve olvidar que haveria reclamações dos pais dos alunos que estivessem fora do projeto, por motivo já exposto acima. A falta de tempo para os ensaios pode levar os alunos a apenas lerem os textos na apresentação, o que contraria o objetivo da proposta, que é a aquisição do dialeto padrão por meio da leitura e representação.

Não se pode negar que a arte performática é importante para a aquisição de L1 e L2; excluindo os problemas expostos acima, pode-se dizer que é útil implementar tal projeto na sala de aula. Ele ganharia maior importância se houver a integração de L1 e L2, pois o gênero entrevista pode ser trabalhado em sala de aula com o objetivo da aquisição do dialeto padrão de L1 e a aprendizagem de L2. Nesse gênero textual é possível que três ou mais pessoas façam a representação: tem-se o entrevistado, que pode ser um falante da língua inglesa, por exemplo, o entrevistador, que seria um repórter, os tradutores, do português para o inglês e do inglês para o português, além da plateia que poderia fazer perguntas em inglês ou em português com o auxílio dos tradutores. Não se pode negar que um empreendimento como esse é útil a aprendizagem dos alunos e também é possível aplicá-lo à didática integrada das línguas.

O tratamento do erro
O erro é o maior desafio enfrentado pelo aprendiz. Devido à qualificação negativa, o erro tornou-se traumático para o mestre e o mesmo trauma é repassado aos discípulos. O aluno que comete deslizes de ortografia, de concordâncias ou de interpretação é qualificado como ignorante e incapaz. Por isso ele tem que iniciar o processo de aprendizagem ciente que não pode errar; como que houvesse nascido dotado de sabedoria infinita. Devido a essa concepção de erro que marginaliza o conhecimento do aprendiz e não colabora em nada para a evolução do conhecimento foi que na década de oitenta do século passado, surgiram novas concepções sobre o erro, tendo como embasamento nos estudos das teorias dos estágios de desenvolvimento cognitivo da criança. 

As teorias interacionistas de Piaget, que tratam do desenvolvimento da inteligência, foi uma luz para iluminar as novas teorias sobre o erro. A definição de inteligência por essas teorias também facilitou o entendimento do que seria o erro. Para Binet(1921) inteligência seria a habilidade de desenvolver o pensamento abstrato. É isso que os aprendizes fazem ao testar uma hipótese na escrita. Piaget(1950) prefere definir a inteligência como pensamento de ação adaptativa ao meio ambiente. Nesse contexto não há erro. As teorias de Vygostsky sobre a linguagem e pensamento também serviram de base teórica para a nova concepção de erro. O erro deixou de ser um problema para o professor e tornou-se um auxiliador do processo avaliativo; é por ele que o docente tem a noção de qual estágio de aquisição do conhecimento a criança/o aprendiz se encontra. Beretta (2005) diz que “é o erro que nos leva na direção do novo”, ou seja, para descobrir o novo é preciso passar pelas experiências, as quais são passíveis de erros. A mesma pesquisadora diz que o erro, na aprendizagem da língua estrangeira é visto como normal, isto é, uma fase inicial do processo de aquisição da linguagem oral e escrita. O que se nota na sala de aula de L1 que essa concepção de erro não foi aceita pelos profissionais dessa área. As crianças são tachadas de incapazes, ignorantes. A integração de L1 e L2 poderia ser um feixe de luz para que a nova concepção esteja presente na mente dos mestres de língua materna.

Por que os aprendizes de língua estrangeira, quando erram, estão em processo de aquisição da escrita e da fala e quando os aprendizes de L1 erram são incompetentes ou ignorantes? Santos(2005) dá uma explicação para esse tratamento desigual, é que “parece que a língua materna nunca foi aprendida, que esteve sempre lá, que nos pertence”. A ideia de ser L1 inato ao aprendiz prejudica a aquisição de língua materna, assim como corrobora para o conceito de erro como ignorância do aprendiz, em escrever ou falar correto o que lhe é inato.

A ideias que se tem do erro hoje é de que ele é uma testagem de hipóteses, são experiências feitas na escrita e na fala até atingir um produto final, que seria o conhecimento e uso correto da linguagem. Por isso Beretta (2005: 294) alerta que o “erro não pode ser encarado como uma falha, mas como um desafio que precisa ser vencido e que só assim é possível levar os alunos às novas descobertas”. Para a pesquisadora, o apontamento dos erros dos alunos pelo professor não é suficiente; é necessário que eles encontrem uma nova forma de reformular as hipóteses, conscientes da suas produções, mediante uma autoanálise dos erros. 

O caminho para a reformulação das hipóteses seria a reescrita, que levaria o aluno a um engajamento da linguagem. Ao falar sobre o tratamento do erro na sala de aula, Beretta (2005) diz que o erro não é mais um problema, mas um constituinte do processo de aprendizagem, por isso é fundamental a forma como o professor reage aos erros do aluno, pois conforme a reação pode haver prejuízo aos alunos. O mestre tem que ter a consciência de que ele não é um juiz, mas um intermediador na aquisição da linguagem pelo aluno, aquele que supre o elemento que está faltando ou que está errado e quando for corrigir um aprendiz, não se pode desprezar o que foi dito por ele. O ideal seria explorar, junto ao aluno, o porquê de escrever ou falar diferente do considerado padrão, porém os mestres atropelam essa fase e, imediatamente, dizem o que os alunos erraram e qual é a formula correta. São como os boticários do século dezoito que prescreviam o medicamento pelos sintomas, sem se atentarem para os motivos dos sintomas. Refletir junto com os alunos sobre o erro vale tanto para os professores de L1 quanto para os de L2. Porém o professor tem que ter a consciência dos erros que os alunos não conseguem reconhecer e ajudá-los na tarefa. Para Beretta, “cabe ao professor encontrar o ponto de equilíbrio quanto à quantidade de feedbak e evitar a correção punitiva, que desvaloriza e rotula o aprendiz”. Ele precisa ter a consciência de quando corrigir, o que corrigir e como corrigir, uma vez que o que produz proficiência linguística na escrita é mais a quantidade de produção escrita que o aluno faz do que o modo como é feita a correção.

Conclusão
A integração das disciplinas de língua estrangeira e língua materna é um projeto interessante para ser implementado na sala aula, pois permite a reflexão sobre a variação e mudança linguística, assim como o conhecer das estruturas de outras línguas para entender as estruturas da língua materna. Integrar o ensino de língua materna e estrangeira é uma alternativa para mostrar aos alunos que há variações lingüísticas em todas as línguas. Cabe aos professores de L1 e L2 a tarefa de criarem alternativas de ensino aprendizagem que levem os alunos ao se interessarem pela aquisição da fala e da escrita padrão de ambas as línguas, assim como conhecer e respeitar as variações lingüísticas.
A aplicação da arte performática na sala de aula é útil para as duas disciplinas, porém há que se pensar a maneira de introduzi-la na sala de aula, quais os métodos a serem usados e a possibilidade de participação de todos os discentes no teatro.

E por fim, o erro deve ser tratado na sala de aula embasado pelas teorias psicológicas, isto é, ele é um processo que faz parte do desenvolvimento cognitivo do aprendiz e, portanto, não significa ignorância. Ao se trabalhar com língua estrangeira há a possibilidade de o aprendiz usar a estrutura da língua materna na fala ou escrita de L2, mas isso significa que os estudantes relacionam o cruzamento das cadeias da língua materna e a língua em aprendizagem; esse processo não é generalização das regras e tampouco é resultante de uma escolha psíquica arbitraria, mas, sim testagem de hipóteses.


REFERÊNCIAS
BARCELOS, Ana Maria Ferreira. Cognição de professores e alunos: tendências recentes na pesquisa de crenças sobre o ensino e aprendizagem de línguas. In: BARCELOS, Ana Maria Ferreira & ABRAHÃO, Maria Helena Vieira. Crenças e Ensino de Línguas: foco no professor, no aluno e na formação de professores. Campinas. Pontes Editores, 2006.
BERETTA, Juliana Maria. A correção de erros: inimiga ou aliada. In: FONTANA, Niura & LIMa, Marília dos Santos. Língua estrangeira e segunda língua: aspectos pedagógicos. EDUC, 2006. págs. 293-333.
DOGLIANI, Eveline. Sensibilidade à linguística em L1, através do ensino de L2 e da didática integrada de línguas. Conferência proferida durante o IV fórum internacional de ensino de línguas estrangeiras – junho de 2006 – Pelotas.
______________. Artes performáticas e aquisição de norma culta. In: o corpo em performance: imagem - texto – palavra. Belo Horizonte. NELAP/FALE/UFMG, 2003.
______________. Por uma leitura “transversal” na aquisição do dialeto padrão. In: reflexões sobre a língua portuguesa - ensino e pesquisa. Campinas. Pontes, 1997.
GONZÁLES, Neide T. Maia. Quantas caras tem a transferência? Os clíticos no processo de aquisição/aprendizagem do espanhol/língua estrangeira. . In: ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras: reflexão e pratica. ?. 2005, págs. 53-70.
RODRIGUES, Bernadete Marie da Silveira. Estágios evolutivos de formação de perguntas em inglês como língua estrangeira por aprendizes brasileiros submetidos à instrução com foco na forma. In: FONTANA, NIURA & LIMA, Marília dos Santos. Língua estrangeira e segunda língua: aspectos pedagógicos. EDUC, 2006, págs. 256-292.
SANTOS, Hélade Scutti. O erro do aluno de língua estrangeira sob um outro olhar. In: ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras: reflexão e pratica. ?. 2005, págs. 37-52.

Projeto - mídia televisiva - poder e manipulação

Este projeto foi apresentado na Universidade Federal de Minas Gerais/Faculdade de Educação, na disciplina: Didática de Ensino.
Por Geraldo Genetto Pereira
Professor, escritor, blogueiro, youtuber.
Formação: Licenciatura e Mestre em Letras pela UFMG.
Público alvo
O projeto de trabalho aqui proposto se destina a alunos do Ensino Médio.

Problema
Trabalhar a questão da mídia televisiva e suas correlações com o poder e a questão ideológica é um tema amplo. Ao pensarmos pela mídia como tendo diversas funções em nossa sociedade, surgem várias questões: 
  • Até que ponto a mídia e o advento da comunicação de massa contribuem para a democratização da informação?
  •  Até que ponto a informação recebida é manipulada? 
  • Até que ponto a televisão funciona como meio de entretenimento? 
  • Até que ponto a televisão funciona como instrumento de alienação? 
Como podemos perceber, há diversas contradições acerca da mídia que aparecem a partir do levantamento das questões.

Justificativas
A televisão é um instrumento de comunicação que permeia todas as camadas da nossa sociedade e está presente no cotidiano do homem contemporâneo. Ao abordarmos a questão da mídia correlacionada à questão do poder, abrimos espaço para que os alunos possam discutir e refletir acerca das influências e contradições da mídia televisiva. Isto permite que possamos construir, junto com os alunos, uma consciência crítica acerca de um meio de comunicação tão presente em nossas vidas, abrindo espaço para que os alunos não sejam apenas receptores passivos, mas seres questionadores e cidadãos, capazes de tecer críticas – positivas ou negativas – acerca das coisas que permeiam o cotidiano e, mais ainda, a sociedade contemporânea em que estamos inseridos.

Objetivo
  • Objetivo geral
Construir, através de discussões e questionamentos, uma visão crítica acerca da mídia televisiva.
  • Objetivos específicos
    • Desenvolver habilidades de socialização em grupo.
    • Fazer com que os alunos lidem com diferentes tipos de linguagem –textos, poemas, vídeos –que possam servir de instrumental para a reflexão.
    • Refletir acerca de questões da sociedade contemporânea e do papel da televisão nesta sociedade.
Fundamentação teórica
Ao tratarmos da mídia televisiva e de suas correlações com o poder, convém nos interrogarmos acerca da natureza de saber que este tipo de veículo midiático traz à tona e sobre os efeitos de verdade que ele visa.

Em relação aos efeitos de verdade, como o próprio nome sugere, eles dizem respeito à verdade em si –ou, nas palavras de Charaudeau (1997:48) “não se trata de ser verdadeiro” –mas, sobretudo de crer que aquilo é verdadeiro. Contrariamente ao valor de verdade, que se apóia na evidência, o efeito de verdade se apóia na crença, o que faz com que se leve em conta os saberes do opinião. Dessa forma, o efeito de verdade está inserido num dispositivo enunciativo de influência psicossocial em que cada um dos parceiros adere ao universo de pensamento e de verdade do outro. Verdade e crença instalam, portanto, uma diferença entre dois tipos de saber e estão intrinsecamente ligadas ao imaginário social de cada grupo.

Quanto à natureza do saber, Charaudeau (1997) postula que há basicamente, dois tipos de saber: os saberes de conhecimento, que dizem respeito a “uma representação racionalizada sobre a existência dos seres e dos fenômenos sensíveis do mundo” (tradução livre da p.44)[1] Este saber está relacionado a métodos empíricos e técnico-científicos utilizados pelo homem para tornar o mundo inteligível da maneira mais objetiva possível. Já os saberes de crença não existem por si mesmos, mas são resultantes do olhar subjetivo do homem sobre o mundo. Eles representam uma tentativa do homem de avaliar o mundo e de julgá-lo quanto ao seu efeito sobre o próprio homem e suas regras de vida. Estas crenças dizem respeito à maneira como se instauram as regulações das práticas sociais a partir da criação de normas efetivas de comportamento, mas também a partir da criação de normas ideais, que estão diretamente relacionadas com os imaginários de referência dos comportamentos (o que se deve e o que não se deve fazer) e com os imaginários de justificativa destes comportamentos (porque isto é bom ou ruim).

Isto significa que há um olhar do outro que julga o comportamento como positivo ou negativo, sob normas que foram estabelecidas socialmente e que são validadas através de diferentes evidências: éticas (o que é bom ou ruim); estéticas (o que é bonito ou feio); hedônicas (o que é agradável ou desagradável); pragmáticas (o que é útil ou inútil, eficaz ou ineficaz). Estas “evidências” advêm de julgamentos muito ou pouco estereotipados que circulam na sociedade e são representativos de um determinado grupo que os instaurou, servindo como modelo de conformação social. Em conclusão, as representações socais se apoiam na observação empírica da prática de trocas sociais e fabricam um discurso de justificativa daquilo que faz com que se coloque em prática um determinado sistema de valores eleito como norma de referência.

Assim, é produzida uma certa categorização social do real que testemunha aquilo que é “desejável” por um determinado grupo social a partir de sua experiência cotidiana, da forma como este grupo vê e torna o real inteligível através de um metadiscurso revelador de seus posicionamentos. Isto nos leva a admitir que as representações sociais revelam um desejo social, produzindo normas e trazendo à tona os sistemas de valores. Como  há o curta-metragem  A Mulher Fatal encontra o Homem Ideal (1987) que trata dessas questões.

Metodologia
O projeto será dividido em etapas, cada uma das quais contemplará uma atividade.
  • Etapa 1: Mídia televisiva e informação
Nesta etapa, discutiremos a importância da mídia televisiva enquanto elemento de democratização da informação, procurando traçar um histórico do advento da mídia de massa e a evolução das comunicações no século XX.

Atividade
Em pequenos grupos, os alunos farão uma micro-entrevista com algumas famílias. Nessa entrevista seria feito um levantamento a respeito dos seguintes itens:
  • Fatores sociais (faixa etária, renda familiar, sexo, grau de instrução, etc.
  • Horário mais comum em que se assiste à televisão.
  • Os programas mais assistidos e o motivo.
  • O grau de confiabilidade nas informações transmitidas pelos programas.
Com objetivo de buscar a validação das informações recebidas através de outras formas de comunicação, os alunos elaborarão as perguntas de acordo com os itens acima – e outros que porventura acharem relevantes – e, após a entrevista, socializarão as respostas com o restante da turma.

  • Etapa 2: Mídia televisiva e manipulação
Exibir do documentário “Muito além do Cidadão Kane”. Documentário de Simon Hartog produzido em 1993 pelo canal 4 da BBC. O documentário discute o poder da Rede Globo e teve sua exibição proibida no Brasil.

Atividade
Solicitar aos alunos que reproduzam algumas “chamadas” do “Jornal Nacional”, exibido diariamente pela TV Globo, com o fim de caracterizar a pouca profundidade de suas notícias, ou seja, sua superficialidade. A partir dessa conscientização, estender a discussão para a questão da alienação, da indução do telespectador etc.
  • Etapa 3: Mídia televisiva e alienação
Exibição do curta-metragem “A mulher fatal encontra o homem ideal”, de Carla Camurati. Neste curta, é mostrada uma dona de casa pobre cujo único bem é uma televisão. Esta dona de casa se envolve passionalmente com a história de amor de uma novela, se alienando nesta história que a faz “esquecer” das dificuldades reais em que se encontra.

Atividade
Promover uma discussão que leve em consideração os aspectos de alienação promovida pela televisão, pedindo aos alunos que listem programas em que eles acham que há uma indução à alienação, fazendo uma correlação com o curta assistido. Antes, pedir aos alunos que empreendam uma pesquisa teórica sobre o conceito de “alienação” e exponham o que encontraram e entenderam sobre o conceito.
  • Etapa 4: Mídia televisiva e espaços alternativos
Apresentação de redes alternativas de televisão – TV Cultura, TV Futura, Rede Sesc/Senac, Rede Minas, etc. Exibir programa de jornalismo alternativo como “Observatório da Imprensa”.

Atividade
Solicitar aos alunos que comparem as reportagens produzidas pelo programa “Observatório da Imprensa” e pelo “Jornal Nacional”, objetivando criar um espaço de reflexão crítica, tanto acerca de aspectos técnicos, quanto acerca de aspectos ideológicos que permeiam a questão do fazer jornalístico.

Cronograma
O cronograma abaixo compreende cada uma das etapas gerais do projeto, assim como as etapas específicas de elaboração das atividades de cada etapa geral.
  • Etapa 1: 1 aula para exposição teórica (50 min)
Atividade 1: -1 aula para elaboração das perguntas (50 min)
- 3 aulas para realização das entrevistas (150 min)
- 1 aula para apresentação dos resultados (50 min)
- 1 aula para discussão qualitativa dos dados (50 min)
- TOTAL: 6 aulas (300 min/ 5h)
  • Etapa 2: 1 aula para apresentação e exibição do documentário (50 min)
Atividade 2: -Reprodução das chamadas do jornal (em casa)
- Meia aula apresentação das chamadas selecionadas (25 min)
- 1 aula e meia para discussão crítica das chamadas apresentadas (75 min)
- TOTAL: 3 aulas (150 min/ 2h30min)
  • Etapa 3:- 1 aula para apresentação e exibição do curta-metragem (50 min)
Atividade 3: -1 aula para apresentação e discussão do conceito de “alienação”
(50 min)
- 1 aula para discussão crítica do curta-metragem (50 min)
- TOTAL: 3 aulas (150 min/2h30min)
  • Etapa 4: -1 aula para apresentação de redes alternativas de televisão –mostrando a proposta de cada uma delas e a programação geral (50 min)
Atividade 4: exibição do programa “Observatório da Imprensa” (50 min)
- Reprodução das chamadas do “Observatório da Imprensa” (durante a exibição do programa em sala)
- 1 aula para elaboração, em pequenos grupos, da comparação dos aspectos técnicos e ideológicos entre o “Observatório da Imprensa” e o “Jornal Nacional” (50 min)
- Meia aula para sistematização geral das comparações feitas por cada grupo (25 min)
- 1 aula e meia para discussão crítica das comparações (75 min)
- TOTAL: 6 aulas (300 min/5h)

Tempo total
(Apenas uma sugestão, pois, o tempo pode ser reduzido ou ampliado)
  • Total geral de aulas disponibilizadas para a realização da oficina: 18 aulas.
  • Total geral de horas disponibilizadas para a realização da oficina: 15 horas (900 min)
Referências bibliográficas
A MULHER Fatal Encontra o Homem Ideal. Carla Camurati. Curta-metragem Rio de Janeiro, 1987 [s.n.]. 1 videocassete (30 min), sonoro, colorido.
CHARAUDEAU, Patrick. Le discours d’information mediatique: la construction du miroir social. Paris: Nathan, 1997.
CONY, Carlos Heitor. Insônias. Folha de S. Paulo, 13 abr. 2002. Opinião. (Texto adaptado)
HERNÁNDEZ, Fernando. Os projetos de trabalho: uma forma de organizar os conhecimentos escolares. In: A organização do currículo por projetos de trabalho. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. (5a. ed)
MUITO além do Cidadão Kane. Simon Hartog. Documentário. Londres: BBC, 1984. 1 DVD (30 min.), sonoro, digital.
PAES, José Paulo. À televisão. In: Prosas seguidas de odes mínimas. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. p.72.






9. ANEXOS
Insônias
Carlos Heitor Cony


Um dos argumentos usados para promover a venda de canais a cabo foi o da insônia. A TV dita aberta tinha o hábito de sair do ar por volta das duas da manhã . alguns canais saíam antes, outros depois.
Aqueles que, por um motivo ou por outro, não estavam dormindo nem fazendo coisa melhor e ligavam o aparelho em busca de alguma coisa para ver ficavam condenados aos chuviscos; um ou outro canal mais afoito colocava o .colorbar., e tudo ficava por isso mesmo. Com o advento da TV por assinatura, os insones poderiam dispor de entretenimento, cultura, lazer, o diabo.
Pois sim. Outro dia , aliás, outra noite dessas ., dormi a tarde inteira e, à noite, fiquei sem sono. Fui testar as maravilhas prometidas pelas duas TVs a cabo que aluguei.
Por Júpiter! Nada daquilo me interessava. Não pretendo comprar tapetes, não vou adquirir complicadíssimos aparelhos de malhação, não rezo o terço bizantino, não posso nem quero testar as receitas culinárias oferecidas e demonstradas.
A vida sexual dos golfinhos nunca me interessou e minhas preocupações presentes, passadas e futuras não estão nas grutas pré-históricas do Tibete. Tampouco preciso exorcizar os demônios que me freqüentam, convivo bem com todos eles.
Mudei o canal para uma cena incompreensível. Dois javalis ou coisas equivalentes disputavam uma fêmea, acho que da mesma espécie. Era um pornô animal narrado cientificamente por um especialista de um instituto canadense.
Apertei mais uma vez o controle remoto e vi um sujeito barbado lendo um texto apocalíptico e anunciando o fim do mundo. Ao contrário de me despertar, deu-me um sono letal. E voltei para a cama, donde não deveria ter saído.


À TELEVISÃO
José Paulo Paes
Teu boletim meteorológico
me diz aqui e agora
se chove ou se faz sol.
Para que ir lá fora?
A comida suculenta
que pões à minha frente
como-a toda com os olhos.
Aposentei os dentes.
Nos dramalhões que encenas
há tamanho poder
de vida que eu próprio
nem me canso em viver.
Guerra, sexo, esporte
. me dás tudo, tudo.
Vou pregar minha porta:
já não preciso do mundo.

[1] Ce sont les savoirs Qui procèdent d’une représentation rationalisée sur l’existence des êtres et des phénòmenes sensibles du monde.

Projeto linguagens - Língua Portuguesa - literatura afro-brasileira e outros

Por Geraldo Genetto Pereira
Professor, escritor, blogueiro, youtuber.
Formação: Licenciatura e Mestre em Letras pela UFMG.

O presente projeto deve ser desenvolvido em sala de aula, assim como longe dela, pois, é importante saber os países que a utilizam como idioma oficial e em outros territórios onde é falada. Além disso, a língua portuguesa é mais falada no Hemisfério Sul e a sexta mais falada do mundo.

Etapas
o projeto é dividido em três momento:
  • Apresentação do conteúdo  e seleção dos grupos de alunos.
  • Atividade de pesquisa com auxílio do professor;
  • Atividade de pesquisa dos grupos de forma independente;
  • Montagem da apresentação após a reunião de material relacionado ao assunto pesquisado.
  • Dia D da apresentação dos grupos de alunos.
TURMA 1  - literatura afro

GRUPO 1:
Livro de autor afro
Autora: Dionísia Gonçalves Pinto [Nísia Floresta]
Título da obra: “Direitos das mulheres e injustiça dos homens”.

Atividade com a obra:
  • Apresentação de FOTOS DO LIVRO
  • Pesquisar um resumo da obra;
  • Ler comentários críticos;
GRUPO 2. 

Livro de autor afro
Autora: Dionísia Gonçalves Pinto [Nísia Floresta]
Título da obra: Conselhos a ́minha filha”

Atividade com a obra:
  • Apresentação de FOTOS DO LIVRO
  • Pesquisar um resumo da obra;
  • Ler comentários críticos;
GRUPO 3. 

Livro de autor afro
Autora: Dionísia Gonçalves Pinto [Nísia Floresta]
Título da obra: Lágrima de um caeté

Atividade com a obra:
  • Apresentação de FOTOS DO LIVRO
  • Pesquisar um resumo da obra;
  • Ler comentários críticos;
GRUPO 4. 

Livro de autor afro
Autora: Dionísia Gonçalves Pinto [Nísia Floresta]
Título da obra: Fany ou o Modelo das Donzelas

Atividade com a obra:
  • Apresentação de FOTOS DO LIVRO
  • Pesquisar um resumo da obra;
  • Ler comentários críticos;
GRUPO 6. 
Gênero teatro.
Autor: Ronaldo Simões Coelho
Título da obra: O macaquinho”

Atividade com a obra:
  • Apresentar uma paráfrase da obra “O macaquinho” de Ronaldo Simões Coelho,  a qual será dirigida e roteirizada pelo grupo de alunos.

TURMA 2 – Literatura Infantil

GRUPO 1
Autora: Clarice Lispector
Título da obra: biografia e bibliografia

Atividade com a obra:
  • BIOGRAFIA DE CLARICE LISPECTOR
  • Principais obras infantis
  • Apresentação de FOTOS Dos Livros
GRUPO 2: 
Autora: Clarice Lispector
Título da obra: A mulher que matou os peixes.

Atividade com a obra:
  • Apresentação de FOTOS DO LIVRO
  • Pesquisar um resumo da obra;
  • Ler comentários críticos;
GRUPO 3.

Autora: Clarice Lispector
Título da obra: como nasce as estrelas

Atividade com a obra:
  • Apresentação de FOTOS DO LIVRO
  • Pesquisar um resumo da obra;
  • Ler comentários críticos;
GRUPO 4. 

Autora: Clarice Lispector
Título da obra: “O mistério do coelho pensante”

Atividade com a obra:
  • Apresentação de FOTOS DO LIVRO
  • Pesquisar um resumo da obra;
  • Ler comentários críticos;

GRUPO 5.

Autora: Clarice Lispector
Título da obra:  “A vida íntima de Laura”

Atividade com a obra:
  • Apresentação de FOTOS DO LIVRO
  • Pesquisar um resumo da obra;
  • Ler comentários críticos;
TURMA 3 – literatura afro-brasileira

GRUPO 1 
Livro de autor afro
Autora: 
MARIA FIRMINA DOS REIS
Título da obra: biografia e bibliografia

Atividade com a obra:
  • BIOGRAFIA DE MARIA FIRMINA DOS REIS
  • Principais obras
  • Apresentação de FOTOS Dos Livros
GRUPO 2:

Livro de autor afro
Autora:
MARIA FIRMINA DOS REIS
Título da obra: “A ESCRAVA”

Atividade com a obra:
  • Apresentação de FOTOS DO LIVRO
  • Pesquisar um resumo da obra;
  • Ler comentários críticos;

GRUPO 3:

Livro de autor afro
Autora: 
MARIA FIRMINA DOS REIS
Título da obra: “A PRETA SUZANA”

Atividade com a obra:
  • Apresentação de FOTOS DO LIVRO
  • Pesquisar um resumo da obra;
  • Ler comentários críticos;
GRUPO 4 
Livro de autor afro
Autora: 
LUIZ GAMA
Título da obra: biografia e bibliografia

Atividade com a obra:
  • BIOGRAFIA DE LUIZ GAMA
  • Principais obras
  • Apresentação de FOTOS Dos Livros
GRUPO 5.

Livro de autor afro
Autora: 
LUIZ GAMA
Título da obra: “O DIABO COXO” 

Atividade com a obra:
  • Apresentação de FOTOS DO LIVRO
  • Pesquisar um resumo da obra;
  • Ler comentários críticos;
TURMA 4.  MÚSICA - PROTESTO

GRUPO 1

Autor: RACIONAIS MC
Título da obra: biografia discografia

Atividade com a obra:
  • BIOGRAFIA DE RACIONAIS MC
  • Principais músicas
  • Apresentação de FOTOS de produções do grupo artístico.
GRUPO 2: música afro

Autor: RACIONAIS MC
Título da obra: Homem na estrada”

Atividade com a obra:
  • Apresentação de FOTOS e videoclipe
  • Pesquisar um resumo da obra;
  • Ler comentários críticos sobre Homem na estrada”;
GRUPO 3

Autor: RACIONAIS MC
Título da obra: “Diário de um detento”

Atividade com a obra:
  • Apresentação de FOTOS e videoclipe
  • Pesquisar um resumo da obra;
  • Ler comentários críticos sobre “Diário de um detento”;

GRUPO 3

Autor: RAPPA
Título da obra: “VEM PRA RUA”.

Atividade com a obra:
  • BIOGRAFIA DE RAPPA
  • Principais músicas
  • Atividade com a obra:
  • Apresentação de FOTOS e videoclipe
  • Ler comentários críticos sobre "vem pra rua";
GRUPO 4 

Autor: GERALDO VANDRÉ
Título da obra: "caminhando e cantando”.

Atividade com a obra:
  • BIOGRAFIA DE RAPPA
  • Principais músicas
  • Atividade com a obra:
  • Apresentação de FOTOS e videoclipe
  • Ler comentários críticos sobre "caminhando e cantando”.;
GRUPO 5 – BIOGRAFIA DE APOCALIPSE 16
Autor: Apocalipse 16
Título da obra: Muita treta”.

Atividade com a obra:
  • BIOGRAFIA de Apocalipse 16
  • Principais músicas
  • Atividade com a obra:
  • Apresentação de FOTOS e videoclipe
  • Ler comentários críticos "Muita treta”;

Novidade!

6º ano - gênero carta

Carta Pessoal x Carta Aberta Enquanto a carta pessoal trata de assuntos particulares, pessoais, a carta  aberta faz referência a assuntos de...