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O livro a "Moreninha" é um exemplo do machismo estrutural.

Por: Geraldo Genetto Pereira
Professor, escritor, blogueiro, youtuber.
Formação: Licenciatura e Mestre em Letras pela UFMG.

A Literatura Brasileira possui destaque no cenário mundial pela inclusão dos elementos das culturas indígena, africana e europeia. Dentro deste contexto, pode-se destacar uma obra: A Moreninha.

“A Moreninha” marcou o nascimento do gênero “romance” e foi o primeiro desses a atrair a atenção do público. Escrito por Joaquim Manuel de Macedo no século XIX, a história tem como personagens principais Augusto e Carolina. Augusto e seus amigos são estudantes de Medicina, enquanto Carolina é uma menina travessa que tem por atividade preferida pregar peças nos outros. No desenrolar da história, Augusto conta que, quando ainda era menino, conheceu uma garota na praia e os dois juraram amor eterno através de uma esmeralda e um camafeu. No final do romance descobre-se o óbvio: Augusto e Carolina eram essas crianças que estavam verdadeiramente apaixonadas. Finda-se o livro com o casamento dos protagonistas.

O que chama a atenção do leitor nessa obra é a capacidade do autor em unir romantismo e humor. A narrativa é irônica, mas seu foco principal é a história de amor entre os jovens. O leitor não se cansa até vê-los juntos. A crítica também considerou “A Moreninha” uma grande obra, pois naquela época, eram os pais que escolhiam os esposos para as filhas. O livro quebrou as barreiras para a modernidade, porque o leitor incorpora, em sua alma, o amor de Augusto e Carolina.


Análise da obra por especialistas

Proposta de redação redação Ensino Médio- resumo

 Tipologia expositiva: resumo

 Texto 1


TEXTO 2

Nesta etapa, você estudou sobre a literatura barroca e a árcade. Sua missão é fazer um resumo desses estilos literários, ATENDENDO AS SEGUINTES PROPOSTAS ABAIXO.

Atenção: Seu texto não pode ser um questionário. As perguntas devem estar contidas em seu resumo em forma de texto expositivo.

1.    Barroco: relembre a origem do movimento ainda em articulação com Portugal; trate dos clássicos Gregório de Matos Guerra e Padre Antônio Vieira; 

  1. Características principais do estilo barroco;
  2. Figuras de Linguagem no Barroco;
  3. O Cultismo e o Conceptismo barroco;
  4. Arcadismo: relembre o contexto histórico, a origem do movimento ainda em articulação com a Europa; trate dos escritores clássicos brasileiros e portugueses; 
  5. Principais características do Arcadismo;
  6. Tipos de produção poética árcade;
  7. Tipos de poemas e características;
  8. Sintaxe frase na poesia árcade;
  9. Figuras de linguagem na poesia árcade;

 Mínimo de 20 linhas

ATIVIDADES SOBRE PARNASIANISMO E MODERNISMO -GABARITO

Questão 01

Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente. Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz. Tupi, or not tupi that is the question. Contra todas as catequeses. E contra a mãe dos Gracos. Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago. Estamos fatigados de todos os maridos católicos suspeitosos postos em drama. Freud acabou com o enigma mulher e com outros sustos da psicologia impressa.

ANDRADE, Oswald de. Manifesto Antropófago. 

O Modernismo brasileiro foi um movimento artístico e cultural que teve início com a Semana de Arte Moderna de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo. A partir do fragmento do ‘Manifesto Antropófago’ e considerando o contexto sociocultural da época, o Modernismo brasileiro buscou

 

A) criar padrões artísticos internacionais.

B) resgatar tradições artísticas clássicas.

C) desvalorizar culturas primitivas brasileiras.

D) manter padrões artísticos e literários vigentes.

E) estabelecer uma estética genuinamente nacional.

 

Questão 02

Leia o poema “Os sapos” atento à crítica presente nele em relação ao Parnasianismo:

Os sapos

Enfunando os papos,

Saem da penumbra,

Aos pulos, os sapos.

A luz os deslumbra.

Em ronco que aterra,

Berra o sapo-boi:

- “Meu pai foi à guerra!”

- “Não foi!” – “Foi!” – “Não foi!”

O sapo-tanoeiro

Parnasiano aguado,

Diz: - Meu cancioneiro

É bem martelado.

Vede como primo

Em comer os hiatos!

Que arte! E nunca rimo

Os termos cognatos

                                            BANDEIRA, Manuel. Os sapos.


O trecho acima é um fragmento do poema Os sapos, escrito por Manuel Bandeira e declamado por Ronald de Carvalho, na Semana de Arte Moderna de 1922, sob vaias, assobios e gritos do público. Com seu tom irônico e metafórico, o poema criticou

 

A) o grupo de autores que deixaram o parnasianismo.

B) o verso livre e as temáticas de cunho social.

C) a reflexão sobre temáticas históricas por meio da poesia.

D) a industrialização e modernização das cidades brasileiras.

E) a regularidade métrica e o apego aos padrões estéticos europeus.

 

Questão 03

No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói da nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é que chamaram de Macunaíma.

Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro passou mais de seis anos não falando. Si o incitavam a falar exclamava:

– Ai! que preguiça!...e não dizia mais nada. Ficava no canto da maloca, trepado no jirau de paxiúba, espiando o trabalho dos outros e principalmente os dois manos que tinha, Maanape já velhinho e Jiguê na força do homem. O divertimento dele era decepar cabeça de saúva. Vivia deitado mas si punha os olhos em dinheiro, Macunaíma dandava pra ganhar vintém. E também espertava quando a família ia tomar banho no rio, todos juntos e nus.

ANDRADE, Mário de. Macunaíma. 


Mário de Andrade, em ‘Macunaíma’, sua obra em prosa de maior valor, cria a figura do ‘herói sem caráter’. Considerando o trecho acima, é possível identificar as características correspondentes ao projeto modernista brasileiro, exceto em

 

A) representação de elementos folclóricos do Brasil.

B) resgate da figura do herói clássico, épico na literatura.

C) valorização de regionalismos e linguagem coloquial.

D) destaque para elementos da cultura indígena brasileira.

E) reflexão sobre a formação da identidade do povo brasileiro.

 

Questão 04

Quando sinto a impulsão lírica escrevo sem

Pensar tudo o que meu inconsciente me grita

Penso depois: não só para corrigir, como para

Justificar o que escrevi. Daí a razão deste

Prefácio Interessantíssimo.

[...]

Um pouco de teoria?

Acredito que o lirismo, nascido no

Subsconsciente, acrisolado num pensamento claro

Ou confuso, cria frases que são versos inteiros,

Sem prejuízo de medir tantas sílabas, com acentuação determinada.

[...]

Pronomes? Escrevo brasileiro. Si uso ortografia

Portuguesa é porque, não alterando o resultado,

Dá-me uma ortografia.

ANDRADE, Mário de. Pauliceia Desvairada. Em: Poesias completas. São Paulo. Círculo do Livro, s.d, p. 15-35.


Mário de Andrade foi um dos expoentes do movimento modernista no Brasil, sendo o autor de ‘Pauliceia Desvairada’, texto que serviu de base teórica para modernistas de 1922. No fragmento, retirado do prefácio desta obra, defende-se como ideal modernista a

 

A) valorização do fazer poético racional.

B) manutenção da cultura clássica nas artes.

C) utilização de métrica padronizada na poesia.

D) representação da paisagem morta nas artes.

E) defesa por uma língua mais brasileira e coloquial.


GABARITO

1E
2E
3B
4E

 

1ª série - ensino médio - prova da novela gráfica (novel graphic) Triste Fim de Policarpo Quaresma

QUESTÃO 1

A novela gráfica Triste Fim de Policarpo Quaresma contém desenhos de Edgar Vasques, roteirizados por Flávio Braga. Ela é um dos clássicos da literatura brasileira ganha nova vida, demonstrando a atualidade da visão ácida de Lima Barreto sobre os descaminhos do projeto brasileiro de nação. Sobre essa novela MARQUE a informação FALSA.

A) A capa do livro Triste Fim de Policarpo Quaresma traz a imagem da personagem principal da obra com a bandeira do Brasil no ombro e uma arma apontada para a cabeça dela.

B) Na orelha do livro, há informações sobre o autor e a data de publicação da obra original.

C) Na orelha do livro, há uma resenha crítica sobre a obra original.

D) Na capa do livro, a personagem principal carrega, na mão direita, a Constituição do Brasil, contida em um livro de capa dura.

QUESTÃO 2 

Escrito por Lima Barreto em 1911, Triste fim de Policarpo Quaresma é uma brilhante sátira aos ideais positivistas e nacionalistas que nortearam a Primeira República. A história narra as desventuras de Policarpo Quaresma, personagem que encarna melhor que qualquer outro em nossa literatura o credo ufanista e suas desilusões. Sobre a obra, em formato de novel gráfica, é INCORRETO AFIRMAR

A) Na novela gráfica, há um prefácio escrito por Beatriz Resende, no qual, ela critica negativamente o livro de Lima Barreto, devido ao nacionalismo exacerbado contido na obra original.

B) Beatriz Resende relata, no prefácio, que Lima Barreto é um simulacro do Major Quaresma, uma vez que ambos foram internados no mesmo hospício no Rio de Janeiro.

C) Segundo Resende, “Triste Fim de Policarpo Quaresma” foi escrito para ser publicado em folhetinhos do Jornal do Comércio. A obra de Barreto transformou-se livro em 1915.

D) A Narrativa foi escrito no século XX, mas os fatos ocorrem no século anterior. Na obra, “Triste Fim de Policarpo Quaresma” há relato, de forma literária, da Revolta Armada ocorrida no Brasil. Inclusive o episódio final da obra é um retrato do que acontecia no cenário carioca da época.

QUESTÃO 3

Atente-se à imagem.


Marque a INFORMAÇÃO FALSA sobre o texto de Beatriz Resende.

A) Policarpo Quaresma defende a pátria e os valores nacionais, lutando pela defesa dos costumes, das línguas originárias como vernáculas. Além disso, ele sai da capital e vai para o campo para provar a riqueza orgânica das terras brasileiras, mas é derrotado pelas formigas.

B) Como democrata, segundo Resende, Policarpo Quaresma pega em arma para defender a pátria, oferendo ajuda ao presidente do Brasil; mas nesse caminho, ele defronta com a violência militar, a prepotência do governo, a corrupção e covardia dos poderosos.

C) Segundo Rezende, Quaresma percebe que na República, pela qual lutava, os pobres tinham que aceitar com docilidade o papel que a elite lhes atribuía, caso contrário, eram exterminados.

D) Para Resende, pelo final do romance e da vida da personagem principal, fica claro que a primeira Grande Guerra ocorrida no Brasil confirma que a ideia de lutas nacionalistas e amor à Pátria opõe-se aos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade defendidos pela Revolução Francesa.

QUESTÃO 4 

Leia.

Leia as informações abaixo e marque aquela que contradiz a narrativa da novela gráfica Triste Fim de Policarpo Quaresma.

A) No início da narrativa, Policarpo é orientado a parar de circular pelas ruas do Rio de Janeiro com seu violão, pois, é uma pessoa respeitada e já adulta. Logo, ele rebate tal orientação dizendo que “homem que toca violão é um desclassificado", uma vez que circular com instrumento de corda tornou-se moda no Brasil.

B) Enquanto toca violão, o Major é convidado a jantar fora, mas rejeita o convite, pois, aguarda a chegada de Ricardo, amigo seresteiro. Isso causa surpresa à mulher que fez o convite, pois, tal ação de participar de seresta não era comum à elite carioca.

C) Ricardo trata o violão como um ser humano, chegando a dizer que o instrumento de corda precisa de cuidado e carinho. Além disso, faz uso de figura de linguagem denominada personificação - prosopopeia - quando diz que o violão foi criado para falar.

D) Após a chegada de Ricardo a casa do Major Policarpo, há presença de duas visitas: a afilhada do Major e o amigo Coleonel. Ao vê-los, o anfitrião começa a chorar. Questionado sobre o motivo do choro, diz que isso é uma forma de receber bem os visitantes; nega apertar as mãos das visitas, pois, isso não é um costume nacional, já que os originários, tupinambás, agem semelhante ao major.

QUESTÃO 5 


Em relação ao debate sobre a cultura nacional na obra “Triste Fim de Policarpo Quaresma”, marque a assertiva falsa.

A) Durante o almoço, Ricardo e Policarpo debatem sobre os valores culturais do piano, violão, inúbia. O primeiro critica os instrumentos usados pelos nativos. O segundo rebate a crítica dizendo que se os objetos da cultura indígena não têm valor, logo o violão e o piano não devem ter. Um diz que estes são capadócios e o outro alega que aqueles são "nossa origem" brasileira.

B) A narrativa dá um salto temporal e apresenta a personagem Policarpo informando que enviou um requerimento a Câmara dos Deputados pedindo a decretação do tupi-guarani como língua nacional, pois, acredita que o Brasil precisa de emancipação idiomática.

C) Na semana seguinte ao envio do requerimento de mudança idiomática, o major é interrogado no quartel. O superior diz que Policarpo foi ousado demais, já que não é qualificado em matemática astronomia, sociologia e moral. Nesse contexto científico, o superior de Quaresma leva em consideração os conhecimentos acadêmicos ligados à linguagem como sociolinguística, gramática e etimologia para validar os argumentos contra ação do major.

D) Logo após o envio da proposta de mudança de idioma brasileiro, a afilhada questiona o padrinho sobre a ação de substituir a língua portuguesa pela Tupi. Quanto ao requerimento, os congressistas rejeitam a ideia de mudança linguística.

QUESTÃO 6

“Após sair do hospital psiquiátrico, ele resolve se afastar da sociedade e passa a viver em um sítio. O local, situado na cidade interiorana de Curuzu, ficou conhecido como “Sítio do Sossego”’.

Sobre o conteúdo da narrativa da novela gráfica lida, marque a informação incorreta.

A) Dando mais um salto temporal, em relação a obra original, a novela gráfica apresenta Policarpo aposentado. Nesse momento, traz vários comentários de terceiros sobre o major. Há quem afirma que o homem enlouqueceu devido ao excesso de prática leitora, já que há muitos livros na sala da casa dele, sendo que todos foram lidos pelo dono. Logo, isso o levou à loucura.

B) Na sequência da narrativa, Policarpo está em um manicômio. Para retratar internos, o desenhista insere três personagens: uma afirma ser Átila, o rei dos hunos que matou milhares; outra diz ser sócia do banco de Londres e uma senhora afirma que "a maior sabedoria é o esquecimento".

C) Após Policarpo ser liberado do Sanatório, Olga o aconselha a comprar um sítio e cultivar frutas e hortaliças. Ele topa a ideia afirmando que as terras brasileiras são as mais férteis do mundo, por isso, irá plantar outros alimentos, já que acredita que fará uma excelente administração do lugar.

D) Após aceitar a proposta de Olga, o major compra o “Sítio do Sossego” e contrata Anastácio para ser o criado que ajudará o patrão na lavoura, uma vez que Policarpo não domina o cultivo da terra e precisa ser orientado por Anastácio.

QUESTÃO 7 


“O palácio tinha um ar de intimidade, de quase relaxamento, representativo e eloquente. Não era raro ver-se pelos divãs, em outras salas, ajudantes-de-ordens, ordenanças, contínuos, cochilando, meio deitados e desabotoados. Tudo nele era desleixo e moleza. ”

A respeito da narrativa da novela gráfica, marque a alternativa Falsa.

A) Na Praça da República, o Major e o General encontram o tenente Pontes que se casará com Lalá, filha do general. O tenente afirma que "os Piratas" querem "atrasar o progresso acabando com a ordem".

B) Antes de se encontrar com o presidente, Policarpo relê um memorial que traz informações sobre atuação de Floriano Peixoto durante o governo do Brasil. Quaresma tenta entregar o documento em mãos do governante, mas, esse o pede que coloque o documento sobre a mesa. Durante a conversa com o major, o presidente rasga o memorial, pois, as ações contidas nele são inverídicas.

C) Enquanto conversa com presidente, no gabinete presidencial, Policarpo revela que nunca foi um oficial do exército, mas isso não o impediu que o governante oferecesse uma graduação que lhe conviesse. No entanto, o recrutado preferiu manter o posto de Major. Logo, fica sabendo da redução dos salários dos militares para não onerar o Tesouro Nacional. Mesmo assim, aceita a proposta de 400 mil reis.

D) Ao visitar o quartel, Policarpo encontra o amigo Ricardo que está detido e teve o violão apreendido. Esse pede por socorro. Aquele solicita que o instrumento seja devolvido ao dono. Houve a devolução, em contrapartida, Ricardo deve servir ao exército.

QUESTÃO 8

O excerto abaixo necessita de pontuação para que fique adequado à fala da personagem Quaresma. Faça a reescrita promovendo a adequação.

“Eu matei minha irmã eu matei e não contente ainda descarreguei um último tiro quando o inimigo arfava ajoelhado [...].

(Trecho da carta de Policarpo a Adelaide).

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QUESTÃO 9

Sobre ética na cultura digital, marque Verdadeiro (V) ou falso (F) sobre o que se assevera.

[ ] A ética na cultura digital é usada para se referir a um conjunto de princípios, valores e práticas que orientam o comportamento das empresas e indivíduos no ambiente digital.

[ ] Os princípios da ética digital incluem a privacidade, segurança, transparência, responsabilidade, autonomia, autenticidade, integridade e acessibilidade.

[ ] Práticas éticas se baseiam no respeito à privacidade dos dados pessoais dos usuários, incluindo a coleta, armazenamento, uso, venda de informações ainda que não autorizados.

[ ] Em um mundo cada vez mais conectado, as informações passam a se tornar um ativo para as empresas, e a proteção e segurança dessas informações são essenciais para o sucesso e sustentabilidade do negócio.


QUESTÃO 10
Produza uma frase usando os seguintes vocábulos:

A) Refutar.

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B) Suscitar.
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__________________________________________________________________________
C) Concomitar.
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D) Impropérios.
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E) Procrastinar.
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F) Postergar.
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Grande Sertão: Veredas - resumo


“Sentimento que não espairo; pois eu mesmo nem acerto com o mote disso ― o que queria e o que não queria, estória sem final. O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. O que Deus quer é ver a gente aprendendo a ser capaz de ficar alegre a mais, no meio da alegria, e inda mais alegre ainda no meio da tristeza! Só assim de repente, na horinha em que se quer, de propósito ― por coragem. Será? Era o que eu às vezes achava. Ao clarear do dia.”                     ROSA, João Guimarães. Grande Sertão: Veredas, página 293.
O autor
O médico e diplomata João Guimarães Rosa foi também contista, novelista e romancista. Nascido em 27 de junho de 1908, em Cordisburgo, pequena cidade do interior de Minas Gerais, Guimarães Rosa foi autodidata nos estudos de línguas desde a infância. Aos 9 anos já possuía conhecimentos em francês, holandês e inglês, e sua paixão não parou por aí.

Análise da obra de Guimarães Rosa
Grande Sertão: Veredas um dos maiores romances da literatura brasileira, não apenas em razão de sua extensão, mas também pela inovação linguística, sendo o único romance de João Guimarães Rosa. A escrita do texto oscila de forma autônoma entre dialeto regional e criações arbitrárias, afastando-se da norma culta. A obra, uma das mais importantes da literatura brasileira, é elogiada pela linguagem e pela originalidade de estilo presentes no relato de Riobaldo, ex-jagunço que relembra suas lutas, seus medos e o amor reprimido por Diadorim.

O romance "Grande Sertão: Veredas" é considerado uma das mais significativas obras da literatura brasileira. Publicada em 1956, inicialmente chama atenção por sua dimensão – mais de 600 páginas – e pela ausência de capítulos. Guimarães Rosa fundiu nesse romance elementos do experimentalismo linguístico da primeira fase do modernismo e a temática regionalista da segunda fase do movimento, para criar uma obra única e inovadora.

A história acontece no estado de Minas Gerais e caminha pelos estados próximos, como Bahia e Goiás. Narrada em primeira pessoa pelo herói da obra, o ex-jagunço Riobaldo, que dialoga sobre sua vida com um interlocutor que aparece de forma indireta na obra. Riobaldo, agora na condição de fazendeiro, relembra suas lutas, seus medos e o amor reprimido por seu amigo Diadorim.

A narrativa Conta sobre uma figura muito importante que ele conheceu ainda na infância, Reinaldo, um menino por quem Riobaldo nutria grande admiração e afeto. Ainda na juventude, sua mãe veio a falecer e ele foi morar com o padrinho, que o direciona a estudar e, em pouco tempo, começa a dar aulas para um fazendeiro da região, chamado Zé Bebelo. Zé estava interessado em colocar fim nos jagunços e convida Riobaldo para seu bando. Após sua primeira disputa, Riobaldo decide desertar e mudar de grupo, quando então reencontra o amigo Reinaldo. A história segue entre batalhas, casos amorosos e desentendimentos, fortalecendo a amizade entre Riobaldo e Reinaldo, a ponto do amigo lhe confidenciar um segredo: seu nome verdadeiro é Diadorim. Neste ponto a narrativa já está mais direcionada, embora não se desenvolva de forma linear. O leitor começa de fato a acompanhar a trajetória, narrada com um misto de autorreflexão do jagunço, descrevendo os personagens, a geografia física do sertão, as lutas entre bandos, a morte do chefe dos jagunços, Joca Ramiro, e as dificuldades do amor por Diadorim, até sua mudança de vida.

Narrador
O foco narrativo de "Grande Sertão: Veredas" está em primeira pessoa. Riobaldo, na condição de rico fazendeiro, revive suas pelejas, seus medos, seus amores e suas dúvidas. A narrativa, longa e labiríntica, por causa das digressões do narrador, simula o próprio sertão físico, espaço onde se desenrola toda a história.  A obra, na verdade, apresenta o diálogo entre Riobaldo e um interlocutor, que não se manifesta diretamente. Portanto, só é possível identificá-lo e caracterizá-lo por meio dos próprios comentários feitos por Riobaldo.

Tempo
Nessa narrativa, pode haver dificuldade de compreensão sobre a passagem do tempo. O motivo são a estrutura do romance, que não se divide em capítulos, e a narrativa em primeira pessoa, que permite digressões do narrador, alternando assim o tempo da narrativa a seu bel-prazer. No entanto, podemos dividir a obra, segundo alguns fatos marcantes do enredo, para facilitar a leitura:

  • 1ª parte: introdução dos principais temas do romance: o povo; o sertão; o sistema jagunço; Deus e o Diabo; e Diadorim. Nesse primeiro momento, Riobaldo introduz também a figura do interlocutor, que, como foi dito, não aparece diretamente na obra.
  • 2ª parte: inicia-se in medias res, ou seja, no meio da narrativa. Durante a segunda guerra, Riobaldo e Diadorim, chefiados por Medeiro Vaz, tentam vingar a morte de Joça Ramiro.
  • 3ª parte: a narrativa retorna à juventude de Riobaldo, quando ele conheceu o “menino Reinaldo”, e, para o desespero de Riobaldo, que não sabe nadar, ambos atravessam o rio São Francisco numa pequena embarcação.
  • 4ª parte: conflito entre Riobaldo e Zé Bebelo, no qual esse último perde a chefia, e Riobaldo-Tatarana é rebatizado como “Urutu Branco”.
  • 5ª parte: epílogo. Riobaldo retoma o fio da narração do início, contando ao interlocutor seu casamento com Otacília e como herdou as fazendas do padrinho. Ele termina sua narrativa com a palavra “travessia”, que é seguida pelo símbolo do infinito.
Espaço
O espaço geral da obra é o sertão. Os nomes citados podem causar estranheza e confundir os leitores que desconhecem a região. É preciso entender, no entanto, que essa confusão criada pelos diversos nomes e regiões é proposital. Ela torna o enredo uma espécie de labirinto, como se fosse uma metáfora da vida. A travessia desse labirinto, por analogia, pode ser interpretada como a travessia da existência.

Podem ser listados alguns espaços da narrativa em que importantes ações do enredo se desenvolvem:
  • Chapadão do Urucúia: local da travessia do rio São Francisco, onde Riobaldo e Reinaldo/Diadorim se conhecem.
  • Fazenda dos Tucanos: espaço onde o bando liderado por Zé Bebelo fica preso, cercado pelo bando de Hermógenes, depois de cair em uma tocaia. Esse episódio da Fazenda dos Tucanos é marcante, por causa da sensação de claustrofobia descrita no texto. Preso na casa da fazenda por vários dias, o grupo liderado por Zé Bebelo é alvejado pelos inimigos.
  • Liso do Sussuarão: local da tentativa frustrada de travessia do bando de Medeiro Vaz (segunda parte) e conseqüente retirada.
  • Local da narração: fazenda de Riobaldo, localizada na beira do rio São Francisco, “a um dia e meio a cavalo”, no norte de Andrequicé.
  • Paredão: espaço da batalha final, onde Diadorim morre e termina a guerra.
  • Veredas Mortas: local do possível pacto de Riobaldo.
Por Geraldo Genetto Pereira
Professor, escritor, blogueiro, youtuber.
Formação: Licenciatura e Mestre em Letras pela UFMG.

Vidas Secas - resumo

Vidas Secas é um romance de Graciliano Ramos publicado em 1938. Seus principais temas são a pobreza e as dificuldades na vida dos retirantes no sertão nordestino, narrando a busca de Fabiano e da sua família por mais dignidade. Vidas Secas é um romance de Graciliano Ramos publicado em 1938. Seus principais temas são a pobreza e as dificuldades na vida dos retirantes no sertão nordestino, narrando a busca de Fabiano e da sua família por mais dignidade.

Romance publicado em 1938, retrata a vida miserável de uma família de retirantes sertanejos obrigada a se deslocar de tempos em tempos para áreas menos castigadas pela seca. A obra pertence à segunda fase modernista, conhecida como regionalista, e é qualificada como uma das mais bem-sucedidas criações da época.

Estilo
O estilo seco de Graciliano Ramos, que se expressa principalmente por meio do uso econômico dos adjetivos, parece transmitir a aridez do ambiente e seus efeitos sobre as pessoas que ali estão. No cenário, apresenta a saga da cachorra Baleia, da mãe Sinha Vitória, do pai Fabiano e de seus dois filhos, que, no decorrer da história, são chamados de “mais novo” e “mais velho”. Sem nome e sobrenome, eles carregam a “identidade” das famílias que ainda hoje vivem o descaso social e a exploração humana no País.

“Vidas Secas” é mais do que uma simples descrição da vida no sertão; é uma crítica social poderosa que destaca a injustiça e a desigualdade, fazendo um retrato implacável e comovente da condição humana sob circunstâncias extremas.

Estrutura

“Vidas Secas” está estruturado em 13 capítulos, cada um funcionando quase como um conto independente, mas interligados pela trajetória dos personagens principais. Porém, o primeiro, "Mudança", e o último, "Fuga", devem ser lidos nessa sequência, pois apresentam uma ligação que fecha um ciclo. "Mudança" narra as agruras da família sertaneja na caminhada impiedosa pela aridez da caatinga, enquanto que em "Fuga" os retirantes partem da fazenda para uma nova busca por condições mais favoráveis de vida. Os capítulos são organizados de forma não linear, o que permite uma maior exploração dos aspectos psicológicos dos personagens e das situações que enfrentam. Essa estrutura fragmentada reflete a própria desordem e incerteza da vida dos retirantes.

A narrativa é conduzida em terceira pessoa, com um narrador onisciente que oferece uma visão completa dos eventos e pensamentos dos personagens.

Lista de Personagens
Baleia: cadela que é tratada como membro da família. Pensa, sonha e age como se fosse gente.
Sinhá Vitória: mulher de Fabiano. Mãe de 2 filhos, é batalhadora e inconformada com a miséria em que vivem. É esperta e sabe fazer conta, sempre prevenindo o marido sobre trapaceiros.
Fabiano: vaqueiro rude e sem instrução, não tem a capacidade de se comunicar bem e lamenta viver como um bicho, sem ter frequentado a escola. Ora reconhece-se como um homem e sente orgulho de viver perante às adversidades do nordeste, ora se reconhece como um animal. Sempre a procura de emprego, bebe muito e perde dinheiro no jogo.
Filhos: o mais novo admira a figura do pai vaqueiro, integrado à terra em que vivem. Já o mais velho não tem interesse nessa vida sofrida do sertão e quer descobrir o sentido das palavras, recorrendo mais à mãe.
Patrão: fazendeiro desonesto que explorava seus empregados, contrata Fabiano para trabalhar.

Fabiano
É um homem rude, típico vaqueiro do sertão nordestino. Sem ter frequentado a escola, não é um homem com o dom das palavras, e chega a ver a si próprio como um animal às vezes. Empregado em uma fazenda, pensa na brutalidade com que seu patrão o trata. Fabiano admira o dom que algumas pessoas possuem com a palavra, mas assim como as palavras e as ideias o seduziam, também cansavam-no. Sem conseguir se comunicar direito com as pessoas, entra em apuros em um bar com um soldado, que o desafiaram para um jogo de apostas. Irritado por perder o jogo, o soldado provoca Fabiano o insultando de todas as formas. O pobre vaqueiro aguenta tudo calado, pois não conseguia se defender. Até que por fim acaba insultando a mãe do soldado e indo preso. Na cadeia pensa na família, em como acabou naquela situação e acaba perdendo a cabeça, gritando com todos e pensando na família como um peso a carregar.

Sinha Vitória 
É a esposa de Fabiano. Mulher cheia de fé e muito trabalhadora. Além de cuidar dos filhos e da casa, ajudava o marido em seu trabalho também. Esperta, sabia fazer contas e sempre avisava ao marido sobre os trapaceiros que tentavam tirar vantagem da falta de conhecimento de Fabiano. Sonhava com um futuro melhor para seus filhos e não se conformava com a miséria em que viviam. Seu sonho era ter uma cama de fita de couro para dormir.

Os dois meninos
O mais novo via na figura do pai um exemplo. Já o mais velho queria aprender sobre as palavras. Um dia ouviu a palavra "inferno" de alguém e ficou intrigado com seu significado. Perguntou a Sinhá Vitória o que significava, mas recebeu uma resposta vaga. Vai então perguntar a Fabiano, mas esse o ignora. Volta a questionar sua mãe, mas ela fica brava com a insistência e lhe dá um cascudo. Sem ter ninguém que o entenda e sacie sua dúvida, só consegue buscar consolo na cadela Baleia.

Um dia a chuva chega (o "inverno") e ficam todos em casa ouvindo as histórias de Fabiano. Histórias essas que ele nunca tinha vivido, feitos que ele nunca havia realizado. Em meio a suas histórias inventadas, Fabiano pensava se as coisas iriam melhorar dali então. Para o filho mais novo, as sombras projetadas pela fogueira no escuro deixava o pai com um ar grotesco. Já o mais velho ouvia as histórias de Fabiano com muita desconfiança.

A vida na cidade
O Natal chegou e a família inteira foi à festa da cidade. Fabiano ficou embriagado e se sentia muito valente, só pensando em se vingar do soldado que lhe colocou atrás das grades. Uma hora, cansado de seu próprio teatro, faz de suas roupas um travesseiro e dorme no chão. Sinha Vitória estava cansada de cuidar do marido embriagado e ter que olhar as crianças também. Em um dado momento, ela toma coragem para fazer o que mais estava com vontade: encontra um cantinho e se abaixa para urinar. Satisfeita, acende uma piteira de barro e fica a sonhar com a cama de fitas de couro e um futuro melhor.

Baleia
É a cachorra da família. Fabiano vê o estado em que ela se encontrava, com pelos caídos e feridas na boca, e achou que ela pudesse estar doente. O vaqueiro resolve, então, sacrificar a cadela. Sinhá Vitória recolhe os filhos, que protestavam contra o sacrifício do pobre animal, mas não havia outra escolha. O primeiro tiro acerta o traseiro de Baleia e a deixa com as patas inutilizadas. A cadela sentia o fim próximo e chega a querer morder Fabiano. Apesar da raiva que sentia de Fabiano, o via como um companheiro de muito tempo. Em meio ao nevoeiro e da visão de uma espécie de paraíso dos cachorros, onde ela poderia caçar preás à vontade, Baleia morre sentindo dor e arrepios.

O nomadismo
E assim a vida vai passando para essa família sofredora do sertão nordestino. Até que um dia, com o céu extremamente azul e nenhuma nuvem à vista, vendo os animais em estado de miséria, Fabiano decide que a hora de partir novamente havia chegado. Partiram de madrugada largando tudo como haviam encontrado. A cadela Baleia era uma imagem constante nos pensamentos confusos de Fabiano. Sinhá Vitória tentava puxar conversa com o marido durante a caminhada e os dois seguiam fazendo planos para o futuro e pensando se existiria um destino melhor para seus filhos.

Por Geraldo Genetto Pereira
Professor, escritor, blogueiro, youtuber.
Formação: Licenciatura e Mestre em Letras pela UFMG.

Artigo científico ep. 4: A paixão segundo G.H.

Este trabalho foi apresentado na Universidade Federal de Minas Gerais/faculdade de Letras, na disciplina Literatura Brasileira - Clarice Lispector.

Por Geraldo Genetto Pereira
Professor, escritor, blogueiro, youtuber.
Formação: Licenciatura e Mestre em Letras pela UFMG.
O romance
É um relato de uma aventura interior que por sê-la, não possui um momento exato para início. “ [...] estou procurando, estou procurando ....” Segundo Gotlib, a obra é a grafia do imaginário. o fim do livro contém o fim do ciclo da paixão temporária que pode dar outros capítulos. “Ao comer a massa branca da barata e atingir o estágio máximo desse caminho de paixão, ao preço de atravessar uma sensação de morte; aí não há palavras: apenas o branco ou vazio da pagina”. (Gotlib, 1993). – atingi-se a terceira margem da paixão, o indizível. 

Opostos na obra:
  • Relação do amor versus o ódio.
  • Uma mulher rica versus uma empregada pobre
  • Uma mulher versus sua própria identidade.
Espaço da narrativa
 G.H. vive sozinha em um apartamento de cobertura, independente, participando de um padrão “masculino” para a época: para uma mulher, essa reputação é socialmente muito (...) fica socialmente entre a mulher e o homem.

O tema
Segundo Nádia Gotlib[1], o conto “amor” talvez tenha inspirado o romance A paixão segundo G.H., pois naquele há experiência de mergulho da mulher na sua intimidade criativa. Em uma crônica escreveu Clarice: “eu antes tinha querido ser os outros para conhecer o que não era eu. Entendi então que eu já tinha sido os outros e isso era fácil. Minha experiência maior seria ser o outro dos outros: e o outro dos outros era eu”. (apud Gotlib, 1993:276). A busca por si mesma: “se eu tivesse que dar titulo à minha vida seria: á procura da própria coisa.” (Clarice Lispector, apud Gotlib, 1993: 277). Sobre o romance: “eu ... é curioso, porque eu estava na pior das situações, tanto sentimental como de família, tudo complicado, e escrevi A paixão ..., que não tem nada a ver com isso”. (Clarice Lispector – entrevista em 20/10/1976, lembrando-se das circunstancias em que escreveu o livro, no ano de 1963, - apud Gotlib, 1993:277). “eu nunca desabafei num livro. Aí servem os amigo! Eu quero a coisa em si” (idem) Admite a experiência pessoal: “É, fugiu do controle quando .... eu de repente percebi que a mulher G.H. ia ter que comer o interior da barata, eu estremeci. De susto”. (apud Gotlib, 1993:278).
Clarice comenta: “Benedito (NUNES) disse que A paixão segundo G.H. tinha náusea Sartirana, especialmente devido à cena da barata. Não é bem isso. É uma náusea que a gente sente diante de uma coisa viva demais”. (apud Gotlib, 1993:278).

Temática é o existencial: há a luta contra as palavras, através do fluxo de consciência. A bíblia funciona como um hipotexto – Retomar de textos anteriores - (um texto como pano de fundo do texto principal).

PSGH narra ao leitor o caminho árduo e conflituoso percorrido – caminho que compreende a saída de seu bem-estar , conforto e organização, para o ingresso no caótico desconhecido. “Sua individualidade - de GH - é aniquilada ao fazer a experiência extrema, viver sua paixão”. (JORDÃO, 2006:77).  “A obra e a vida de Clarice Lispector são estreitamente ligadas, conforme  Dany Kanaam que produziu a obra  A escrita de CL: do biográfico ao literário. 2003:19)[2], como: G.H. pede ao leitor que lhe dê a mão para que possa suportar o relato. Segundo BORELLI (1988:23), Clarice lhe pediu a mão na hora da morte, para suportar a travessia.

De acordo com Borelli, nas conversas de Clarice “sempre surgia [3]o questionamento do sentido da vida, Deus, morte, matéria, espírito.” Devido à familiaridade de Clarice com a bíblia, há na PSGH uma pratica transtextual, que a transposição da literatura bíblica, a recriação, transcriação, em que Clarice explora a Epifania como procedimento típico da escritura judaico-cristã. Há a forma discursiva de inflexão teológica, com o tom confessional de uma penitente.

O que é Epifania na literatura?
Para Affonso Romano, não é uma súbita revelação da verdade, como defini os dicionários. Significa um relato de uma experiência que a princípio se mostra simples e rotineira, mas acaba por mostrar a força de uma inusitada revelação. É a percepção da realidade atordoante quando aos objetos mais simples, os gestos mais banais. O extraordinário surge sucede do intimo. Epifania, em literatura, pode ser ainda não apenas o relato de experiências, mas pode ser uma obra ou parte de uma obra onde a consciência se abre para o mundo em momentos luminosos.

Segundo Afonso Romano é “dessa tensão é que surge a epifania, uma revelação de uma certa verdade”. (SANT'ANNA, 1977: 7)[4].  A “obra é a epifania da linguagem sobre o silêncio, a percepção do poético dentro do prosaico e da consciência ordenadora do indivíduo dentro do caos aparente que é o mundo”. (idem). 

O título do romance
Segundo Sant'anna, “(...) a melhor maneira de ler Clarice não é racionalmente. Os leitores leigos e matemáticos sempre deram mal com ela.” (SANT’ANNA, 1977:4). Por isso,  “não se admite no contexto dessa obra que se entenda o termo paixão enquanto amor ardente, conjugal. Clarice tinha consciência dessa confusão do titulo para os leitores incautos, por isso a obra foi direcionada a leitores de alma formada; capazes de percorrer essa via-crúcis profana para descobrir, sofrida e lentamente, através do oposto do que se vai atingir, esta alegria difícil que chama Paixão – como adverte logo no início.[...] o grego sempre viu na experiência de uma paixão algo de misterioso e assustador, a experiência de uma força que está dentro dele, que o possui em lugar de ser por ele possuída. A palavra pathos o testemunha; do mesmo modo que seu equivalente latino passio, que significa aquilo que acontece a um homem, aquilo de que ele é vítima passiva.” (NUNES, 2002:270).[5]

Segundo Gotlib, o título A paixão segundo G.H. se dá “porque, entre tantas paixões, esta também pode ser a paixão místico-religiosa do Cristo que pela, pela via-crúcis, passa pela dor e pelo prazer de redimir a humanidade. Isso justificaria apresentar o romance tal como um evangelho, agora segundo G.H.” (GOTLIB, 1990)[6]. Isso mostra que “a paixão não é só a experiência nauseante de ter ingerido a massa branca e insossa da barata (...): paixão é a travessia; sem se dá conta do processo que se inicia, GH atravessa a cozinha, a área de serviço, o corredor escuro; em meio a travessia, vê o interior do próprio prédio, que é o avesso de si mesma ao viver o revesso do humano.” (JORDÃO, 2006: 89).

A paixão de Jesus, narrada segundo Mateus, Marcos, Lucas e João, é o máximo do sofrimento experimentado pelo filho de Deus para a redenção da humanidade, que será recompensada com a ressurreição. A paixão segundo GH se dá numa via-sacra profana que a leva a entender ao não entender. Assim, a paixão é aceitar a nossa condição como única possível, já que ela é o que existe, e não outra. É já que vivê-la é a nossa paixão.

O título pode ser também paráfrase de o evangelho segundo Lucas, segundo Mateus, segundo o Espiritismo - de Alan Kardec.

Por que G.H.?
Clarice responde que é “porque GH era ela falando sobre ela mesma, quer dizer, não se chamava a si mesma, mas tem um pedaço que diz assim: que conseguia um nome que até na valise tinha, na mala, GH, com as iniciais. Então ficou Paixão segundo G.H.”. (entrevista – MIS – 20/10/1976). GH é uma mulher escultora, de classe alta, que mora numa cobertura de um prédio no Rio de Janeiro. “Detalhadamente não sendo, eu me provava que eu era”. (PSGH). “Perdendo o próprio nome, G.H. se identifica com todos os seres. As iniciais G.H. encobrem-lhe o verdadeiro nome. Falta-lhe a identidade, já que é a partir do nome que se tem a identidade.” (JORDÃO, 2006: 68).

“Ter uma personagem de nome desconhecido, iniciado pelas primeiras letras [...] representa a questão do nomear e do percurso que se experimenta nessa procura pelo nome ou da própria identidade. Esse percurso doloroso e prazeroso, espécie de via sacra que se chama Paixão, estende-se até o ponto máximo, na união temporária do eu e o outro.” (Gotlib, 1993:278).  Portar o nome, segundo a bíblia, é estar apto a exercer a missão que o nome carrega: abrão > abraão, pai de uma multidão; simão > Cefas (Pedro), pedra sustentáculo da igreja cristã nascente; jesus = Yeshoshú’a: Deus salva; o próprio nome original da Clarice: Haia (vida) – quando nasceu foi chamada assim. (NOLASCO, 2001: 309).[7]

GH no Divã:
“como personagem, apenas uma, ela que conta a alguém o que lhe aconteceu no dia anterior. Cria um interlocutor imaginário como recurso necessário de empreender esse relato. Ele é o que se ouve. E quem é ele? O amado que se foi? O analista? O leitor?” (Gotlib1993:279).
  • As perdas de GH. Há três perdas: o amado, o filho abortado e a empregada, mas é essa que desencadeia toda a introspecção.
A barata versus a Mulher
“A barata - ser impuro, (..) um bicho de cisterna seca, vive no deserto em que G.H. entrou”. (PSGH). Nesse caso, há um paradoxo: Janair é identificada com a barata, por isso, é o outro por suas características de negra e pobre, ante a narradora branca e rica. O quarto da empregada é o lugar onde abriga a classe mais baixa, deveria ser o cômodo mais sujo do apartamento. Entre tantas experiências que GH passa nesse quarto, a crucial é o abrir do guarda-roupa, quando a narradora se vê diante de uma barata, que, com muito custo, mata e come, deixando a mensagem para o leitor que algumas coisas na vida são indigestas, mas é preciso engoli-las, porque a vida deve prosseguir. Essa é a leitura que se faz metaforicamente do quarto da empregada, raramente visitado pela patroa, sendo o lado oculto do outro e do apartamento; soma-se a isso, a perda da empregada, a qual precisa ficar no passado.

Intertextualidade
Tânia Jordão encontrou 567 temas relacionados aos bíblicos nas obras de Clarice. Percebe-se que na obra A paixão segundo G.H. há temas relacionados com o discurso bíblico, como:
  • Tocar o imundo (levítico 11), 
  • Maná no deserto (êxodo 16), 
  • Éden (gênesis 2)
  • Etc.
A escritora usa o discurso bíblico transtextualmente, com liberdade e criatividade. Segundo Jordão, “em um momento, um metatexto evoca explicitamente seu hipotexto, quando a personagem infringe a interdição hebraica de tocar no imundo, no impuro”. (JORDÃO, 2006:12). Isso pode-se ser observado em:
  • “Eu estava num deserto, como te explicar?” (PSGH). Num deserto é tentada como Jesus.
  • “A barata pudesse dar um bote.” (PSGH). Isso faz referência à serpente no Jardim do Éden; 
  • “ a barata é pura sedução” (PSGH) – é como a serpente do paraíso fizera com Eva. O inseto seduz G.H. que provara do fruto proibido: o de dentro da mesma barata. “Quando GH prova a massa branca da barata, também passa a ter consciência de si mesmo.” (JORDÃO, 2006: 73).
  • “Por que teria eu medo de comer do bem e do mal?
  • "Se eles existem é porque é isto que existe” (PSGH);
  •  “Eu me salvaria se não tivesse comido da vida ... ouve.” (PSGH).  GH deseja dois frutos: o conhecimento do bem e do mal e a vida. Ela busca o indizível através das experiências místicas do judaísmo e do cristianismo. 
  • “O erro básico de viver era ter nojo de uma barata. Ter nojo de beijar o leproso era eu errando a primeira vida em mim, mas beijar o leproso não é bondade sequer” (PSGH). Segundo Jordão, GH veste as experiências de Francisco de Assis, o santo que beijara o leproso e acrescento que é por meio da ironia, por que o narrador afirma que “(...) mesmo que isso signifique a salvação do leproso. Mas é antes a própria salvação. O beneficio maior do santo é para ele com ele mesmo!” (PSGH).
  • “Eu sentia imunda como a Bíblia fala dos imundos. Porque foi que a Bíblia se ocupou tanto dos imundos, e fez uma lista dos animais imundos e proibidos?” (PSGH). 
  • “Ai de mim, eu não estava à altura senão de minha própria vida. (...) mas eu bem sabia que não só mulher tem medo de ver, qualquer um tem medo de ver o que é Deus. Eu também tinha medo da face de Deus.” (PSGH). Assim como Moisés, GH deseja ver a face de Deus, mas teme.
  • “Desde a pré-história eu havia começado a minha marcha pelo deserto, sem estrela para mim guiar”. (PSGH). “O pensamento da narradora vai e vem, se repete e se corrige, tal qual nos livros de Jô e Eclesiástico.” (JORDÃO, 2006).
  • “A mim me fora dada demais. Que faria eu com o que me fora dado? Que não se dê aos cães a coisa santa”. (PSGH). – Ref. MT. 7:6
O uso consciente da numerologia - cabala
O número sete é particularmente incisivo em Água Viva, já em A hora da estrela, seu sétimo romance, o narrador nos diz que “a historia – determino com falso livre arbítrio – vai ter uns sete personagens e eu sou um dosa mais importante deles, é claro!” (HE).

A presença de baratas nas obras de Clarice não passam de historietas que não passam de um parágrafo. Mas em PSGH há o contraponto por ser um pouco mais desenvolvida. Nessa obra, há até intimidade entre a narradora e o inseto, pois, GH comunga a barata, associando-a à hóstia. O cristão crê que, ao comungar, participa do corpo de cristo, é assimilado por Ele e nEle se transforma. Na experiência de GH dá-se também a transformação, só que invertidamente: há a despersonalização.

Referências
[1] GOTLIB, Nádia Batella. Clarice Lispector: a vida que se conta. São Paulo. USP, 1993. tese.
[2] JORDÃO, Tânia Dias. A Paixão segundo G.H., de Clarice Lispector. Dissertação de Mestrado. Pós-list. Fale/UFMG, 2006.
[3] Borelli, 1988.
[4] SANT'ANNA, Afonso Romano. A legião estrangeira de Clarice Lispector. Prefácio do livro. Ed. Ática, 1977.
[5] NUNES, Benedito. In.: A paixão de Clarice in.: Cardoso, Sérgio (et al). Os sentidos da paixão. São Paulo. Companhias das letras.
[6] GOTLIB, Nádia Batella. No território da paixão. 1990.
[7] In.: JORDÃO, 2006.

Poema ep.6: Valor da infância no Brasil

Tu ti prostas
Pelas estradas do meu Brasil;
Estas a venda
Por um preço infantil.

Ignora o governo vossa situação,
Para esconder a negra
História da pueril exploração.

Menina à venda,
Preço, não ouço dizer;
É uma vergonha
Quem faz isso com você.

Tu estás a sofrer.
No prazer que traz pão
Palavras que misturam sonoridade,
Mas não é a solução 
Para essa dura realidade.

E não adianta seus pais
Estarem a lamentar,
Pois precisam desse mísero centavo
Que entra no lar.

Faz-se pouco para a situação mudar.
Pois, o centavo que é a garantia
De que a família vai se alimentar.

Uma noite inteira da vida infantil
É doada em troca de um pão.
Eis o retrato de um Brasil
Que muitos acreditam
Já não ter mais solução.

O Pão e a exploração
Um não conviver com o outro!
Quem valoriza os dois juntos
É verdadeiramente louco.

A sua idade, poderia escancarar
Para que meu Brasil
Possa envergonhar.

Não farei: vergonha minha,
minha irmã, 
sua vida vida definha.

Aqui,
A miséria encontrar seu lugar;
E nas estradas brasileiras,
Nas vidas pueris, 
Ela está a se manifestar.

Qual é o futuro
O governo prepara para ti?
A Europa há  de te ver
A continuar a  prostituir.

Solução para isso, Brasil?
No momento não há.
Será?

Por Geraldo Genetto Pereira
Professor, escritor, blogueiro, youtuber.
Formação: Licenciatura e Mestre em Letras pela UFMG.

Noviço contista ep. 2: Um sono assustador

Em uma noite de lua cheia, Flavio estava jantando e logo veio em sua mente: que tal ir em uma casa Assombrada da fazenda. Mandou uma mensagem em um grupo de amigos e perguntou quem iria com ele. Aceitaram a empreitada: Rodrigo e Carlos. Então, Flavio pegou seu carro e foi buscá-los.

Quando chegou à casa de Rodrigo, já sentiu um clima pesado. Ele e Rodrigo entraram ao carro e foram buscar o Carlos.

Quando chegaram à casa de Carlos, todos já estavam com muito medo, mas mesmo assim foram até a casa assombrada.

Quando desceram do carro, viram alguns vultos dentro da casa, mas como já estavam lá, entraram. Logo começaram a escutar barulhos de animais. Flavio falou:
    - Pessoal, fiquem juntos; pode ter algo aqui dentro que não sabemos.
A cada passo que davam, mais barulho fazia; viram um corpo com uma cabeça de cavalo andando, e aconteceu algo que Flavio reparou.
     - RODRIGOO, cadê o Carlos; ele desapareceu; o que vamos fazer agora?
     - Vamos procurar ele; não podemos deixar ele aqui; talvez encontraremos. Vamos, vamos!

Eles retornam ao carro e pegam duas tochas, pois, almejavam acharem a pessoa e não se depararem com a cabeça de cavalo; adentraram à casa novamente e foram a procura de Carlos. Olhavam em todos os cômodos da casa.

Quando já estavam cansados de tanto rodar a casa, eles viram um casaco, o mesmo utilizado por Carlos; pensavam que Carlos poderia estar naquele lugar; acenderam as tochas e foram a procura. Flavio estava a frente; ouve um grito em suas costas e, quando vê, Rodrigo tinha desaparecido. Flavio começou a gritar.
- Carlos, Rodrigo, cadê vocês? Voltem! Se for uma brincadeira, parem agora!
Flavio não escutou mais nada; olhou para trás e para os lados, procurando os amigos. Em sua frente, estava o cabeça de cavalo, que lhe dá um tapa na cara - Acorda!

Flávio observa que nada lhe aconteceu; foi apenas um sono depois do almoço.

Vinicius de Souza Maximiano - Ensino Médio

Miniconto ep. 10: O grande mistério

Num dia chuvoso e escuro, decidi viajar. Estava no meio do nada quando meu carro parou de repente. Fiquei com medo do que podia me acontecer. Avistei uma casa um pouco longe do local onde eu estava e empurrei meu carro até aquela casa grande, velha e toda cercada de mato. 

Bati à porta, e uma velha senhora, de olhar simpático, me atendeu; contei a ela o que havia acontecido, e que não tinha onde dormir; então ela me ofereceu um quarto e um prato de comida.

Fui para o quarto dormir; estava tudo muito quieto. De repente, uma porta bateu com muita força; eu me levantei para ver o que tinha acontecido. Andei pela casa toda e não vi ninguém. Quando voltei para o meu quarto, vi que minha janela estava aberta; fiquei com tanto medo que logo fui dormir.

Pela manhã, acordei e a velhinha estava sentada me olhando. Fiquei assustado com o jeito que ela me olhava. Não consegui entender o que queria comigo, então ela me chamou e falou que já haviam arrumado o meu carro e que eu podia ir embora, mas fiquei pensando: por que ela queria que eu fosse embora com tanta pressa? Imaginei que havia algo que não queria que eu visse. 

Ela me deixou tomando café sozinho e foi para o celeiro. Eu a segui, sem deixá-la me ver. Entrei no celeiro; mas a senhora me pegou de surpresa. Eu vi muitas pessoas mortas naquele lugar. Ela, provavelmente, achou que eu quisesse me meter e, por isso, havia me mandado ir embora. Falou com uma voz muito triste e vingativa que eu tinha que morrer. Então comecei a correr, mas não deu tempo, pois, havia três homens a ajudando. Eles me pegaram.

Por Geraldo Genetto Pereira
Professor, escritor, blogueiro, youtuber.
Formação: Licenciatura e Mestre em Letras pela UFMG.

Novidade!

6º ano - gênero carta

Carta Pessoal x Carta Aberta Enquanto a carta pessoal trata de assuntos particulares, pessoais, a carta  aberta faz referência a assuntos de...