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Modalização: aprenda de uma vez - exercícios - com gabarito

Os enunciados expressam sentimentos e pensamentos do locutor, mostrando suas intenções e determinando reações no interlocutor. Os modalizadores podem ser:

  • EPISTÊMICOS: revelam o grau de conhecimento do sujeito em relação ao enunciado (certeza, probabilidade etc.). Correspondem os eixos do SABER e do CRER.
  • DEÔNTICOS: Referem-se ao eixo da conduta, a linguagem das normas: obrigatório, proibido, ordenado, permitido, facultativo.
Fazem parte os modalizadores apreciativos: é agradável, é bom, é delicioso, é ruim, aprecio, censuro, detesto... Alguns recursos linguísticos para a expressão da modalização: advérbios: talvez, infelizmente...; predicados cristalizados: é certo, é preciso...; performativos explícitos: eu ordeno...; verbos auxiliares: poder, dever...; verbos de atitude proposicional: eu creio, eu sei...

Os modos e os tempos verbais também são recursos para a modalização. Eles exprimem a atitude do falante em relação ao enunciado:
  • INDICATIVO: representa algo real, de certeza. Situa o processo em uma época: passado, presente, futuro.
Por exemplo: O ônibus passará às 7h.
  • SUBJUNTIVO: representa algo possível, provável, de incerteza, sem marcação de tempo.
Por exemplo: Espero que ela entregue o trabalho.
  • IMPERATIVO: tem valor diretivo, sem marcação de tempo, restrito a pessoas.
Exemplo: Venha logo!

  • INFINITIVO: sem marcação de tempo, pessoa e número. Dar ao enunciado estatuto de verdade. Exemplo: Encontrar o livro é importante.
Alguns tempos verbais tem empregos modais:
  • Futuro do presente: efeito de dúvida, probabilidade.
        Exemplo: Joana não chegou. Terá esquecido a reunião?
  • Futuro do pretérito: efeito de hipóteses.
        Exemplo: Eu teria participado da reunião se fosse avisada.

Observação: O imperfeito do indicativo também pode ter valor de probabilidade.

Exercícios.
1. Leia as manchetes de jornais.
Brasil gastará mais R$21,3 bi para erradicar a pobreza
Brasil terá de gastar mais R$21,3 bi para erradicar a pobreza

"Segundo a gramática Houaiss da Língua Portuguesa: "A modalização diz respeito à expressão das intenções e pontos de vista do enunciador. É por intermédio da modalização que o enunciador inscreve no enunciado seus julgamentos e opiniões sobre o conteúdo do que diz/escreve, fornecendo ao interlocutor pistas ou instruções de reconhecimento do efeito de sentido que pretende produzir."

Nesse sentido, diga qual é modalização usadas em:
a) É possível que chova no Carnaval. (Suposição)
b) É necessário que chova no Carnaval. (Necessidade)
c) Vai chover no Carnaval. (Certeza)"

2. Identifiquem os trechos assertivos e aquele onde há modalização indicativa de atenuação.

"Chove em grande parte do Brasil
As chuvas se espalham pelo país, atingindo faixa que vai de SC até AM. As pancadas são isoladas no Nordeste. Já no Sudeste e no Centro-Oeste, há risco de temporais, sobretudo no sul de MG e RJ."

Resposta: os verbos chove e são, colocados no presente do indicativo, dão a ideia de certeza. Já a expressão há risco de temporais indica uma atenuação, mostrando que existe uma possibilidade que pode ou não se concretizar. Proponha que a turma reescreva o boletim de modo que o caráter assertivo seja substituído pela possibilidade ou probabilidade.

3. Reescreva o boletim de modo que o caráter assertivo seja substituído pela possibilidade ou probabilidade.

Uma opção de resposta é:
Pode chover em grande parte do Brasil
As chuvas podem se espalhar pelo país, atingindo faixa que vai de SC até AM. As pancadas podem ser isoladas no Nordeste. Já no Sudeste e no Centro-Oeste, há risco de temporais, sobretudo no sul de MG e RJ.


4. Faça o mesmo utilizando a previsão astrológica abaixo.

"Áries (21 de mar. a 20 de abr.).
Lua em Gêmeos favorece estudos, comunicação e contatos sociais em geral. Sol em Sagitário traz quatro semanas ótimas, para você desenvolver melhor sua espiritualidade, explorar com mais afinco novas maneiras de viver."
Folha de S. Paulo, 22 de nov de 2010, Caderno Ilustrada, E11
Uma opção de resposta é:
Áries (21 de mar. a 20 de abr.).
Lua em Gêmeos pode favorecer estudos, comunicação e contatos sociais em geral. Sol em Sagitário indica a possibilidade de quatro semanas ótimas para você desenvolver melhor sua espiritualidade, explorar com mais afinco novas maneiras de viver.


5. Leia.
Brutalidade não pode ser reação à cantada
Jairo Bouer
INFELIZMENTE, em menos de um mês tenho que voltar ao tema da violência gratuita, face aos incidentes que aconteceram em plena avenida Paulista, quando um grupo de quatro menores e um garoto de 19, todos de classe média e teoricamente "educados", agrediram outros jovens.
A coluna está sendo escrita um dia após os agressores terem sido liberados pelas autoridades responsáveis. Há indícios (segundo a própria polícia) de que a motivação para alguns dos ataques no dia 14 tenha sido a homofobia.

A defesa alega que não houve homofobia, mas uma simples briga de jovens, talvez motivada por um suposto flerte de um dos garotos que foi agredido. Os agredidos e outras testemunhas negam que houve qualquer tipo de contato anterior e dizem que os agressores já chegaram batendo.
Vamos supor que houve uma briga que nasceu de uma cantada. Desde quando a forma de se reagir a qualquer tipo de cantada, vindo ela de homens ou de mulheres, é uma agressão brutal? Cinco garotos atacando um jovem sozinho é uma simples briga? Na melhor das hipóteses, é pura covardia. Na pior, é um ato preconceituoso e bárbaro.
Não dá para admitir tal comportamento como sendo natural, um rito de passagem, agressividade normal de meninos, necessidade de afirmação frente ao grupo e falta de limites colocados pelos pais, entre outras alegações. É uma selvageria inadmissível e, para isso, existe lei, julgamento e eventuais responsabilizações.
Tendo a achar que a melhor maneira de aprender é trabalhar aquilo que é sensível. Assim, que tal colocar alguém que não sabe lidar com sua própria agressividade em um trabalho comunitário com vítimas de violência contra a mulher, de preconceito e de homofobia? Talvez, no contato com aquilo que incomoda, a gente cresça e aprenda a ser um adulto melhor.
Fonte: folha de São Paulo.

a) O que achou do texto e o que pensam sobre a violência juvenil?
b) Releia o texto observando assinalando as modalizações.
c) No primeiro parágrafo, marque as palavras infelizmente, gratuita e teoricamente. O que elas expressam?
d) No terceiro parágrafo, encontram-se simples, talvez e suposto. O que as palavras expressam?
Essas palavras são utilizadas pela defesa dos jovens agressores, visando diminuir a gravidade do fato. A suposição elaborada pelos advogados atrela-se a palavras indicativas de hipóteses - talvez e suposto. A ela se contrapõe as afirmações dos agredidos e das testemunhas que aparecem no mesmo parágrafo. Eles negam que houve qualquer tipo de contato anterior e dizem que os agressores já chegaram batendo.

e) No quarto parágrafo, o autor do texto parte da suposição lançada pela defesa dos agressores e a problematiza. Isso se dá por meio de duas questões em que o juízo do enunciador é reforçado por meio dos adjetivos. Quais são eles? agressão brutal, simples briga. pura covardia, ato preconceituoso e bárbaro.

f) No quinto parágrafo, palavra inadmissível poderia ser tirada do texto sem prejuízo à mensagem?
g) No último parágrafo, o enunciador mostra uma possível via de punição. Ele, entretanto, atenua o caráter de verdade de sua proposta ao usar as expressões como: Talvez, aprenda a ser um adulto melhor.

h) Redijam um parágrafo comentando o texto de Jairo Bouer. Utilizem expressões modalizadoras: é certo que, felizmente, infelizmente, inadmissível, provavelmente e talvez.

5. Leia.
Origens da Linguagem
A questão da origem da linguagem ou, em outros termos, da evolução do comportamento comunicativo do humano é altamente controvertida, dada a inexistência de provas e testemunhas factuais, diferentemente da evolução da espécie humana, para qual existem evidências concretas. Isso tornou o tema sujeito às mais inusitadas divagações e propostas fantasiosas. Uma das primeiras teorias sobre a origem da linguagem humana é que as palavras surgiram da tentativa de imitar os sons produzidos pelos animais, como quá-quá, bem-te-vi, cuco, e os sons da natureza circundante, como o farfalhar das folhas, o correr das águas, o barulho do vento e da chuva, por meio de sons sibilantes ou chiantes, como s, z, ch, de nasais murmurantes, como m e de líquidas como l e r. A imitação tornava-se a palavra que designava o objeto. Essa teoria, conhecida como teoria onomatopaica, evoca a seu favor a existência de onomatopeias em todas as línguas. Além disso, é comum a mãe, ao mostrar o filho pequeno um livro com animais, dizer-lhe: olha o au-au, olha o miau, olha o cocoricó, olha o muu, nomes que muitas vezes a criança usa para se referir ao cachorro, gato, galo e vaca. No entanto o elo perdido está em saber como de au-au passa a ser cachorro, de miau a gato, de muu a vaca.
Outra possibilidade proposta, muito semelhante à explicação onomatopaica, foi a de identificar o germe da linguagem nas interjeições. Os primeiros sons produzidos pelos homens teriam sido exclamações de dor, alegria, desespero, espanto, surpresa, o que também não explica como se passou do estágio dos gritos expressando emoções à linguagem articulada de frases como eu estou com dor, eu estou feliz, eu estou desesperado etc.
FRANCHETTO, B. e LEITE, Y. Origens da Linguagem. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004, pp11-12.

a) Identifique as expressões modalizadoras presentes nos dois primeiros períodos do texto.
b) Produza um texto resumindo e comentando o trecho lido. Use duas expressões modalizadoras diferentes das utilizadas pelas autoras.

Exercícios sobre modalizadores - com gabarito

Questão 1. Enumere as proposições relativas aos valores semânticos dos modalizadores.

Enunciado 1: É necessário que você dance durante a apresentação teatral.
Enunciado 2: Nós não podemos aplaudir o Hino Nacional.
Enunciado 3: Paulo, você pode assentar aqui.

[  2  ]. Expressa uma proibição para os interlocutores.
] O locutor expressa a obrigatoriedade, que recai sobre o seu interlocutor.
[ 3  ] O locutor responsável pelo enunciado não dá uma ordem, mas uma permissão para que o conteúdo da proposição ocorra.

Questão 2. Quanto ao tipo de modalização, marque alternativa correta.

Enunciado 1: É necessário que você dance durante a apresentação teatral.
Enunciado 2: Nós não podemos aplaudir o Hino Nacional.
Enunciado 3: Paulo, você pode assentar aqui.

[      ] Afetivo, delimitador, deôntica.
[ x  ] Deôntica, deôntica, delimitador.
[      ] deôntica, dubitável, afetivo.
[     ]. Deôntica, afetivo, asseverativo, 

Questão 3.
 Leia os enunciados e diga qual é o posicionamento do enunciador sobre o que é dito.

Enunciado 4: Você deverá realizar as provas na faculdade. obrigatoriedade
Enunciado 5: Você não vai abrir a porta. proibição

Enunciado 6: Você pode abrir a porta do carro. Permissão facultativo

Questão 5. Leia as informações abaixo e diga qual
 é o posicionamento do enunciador sobre o que é dito.

Enunciado 7: Certamente foi será proibido de entrar na escola depois das 7:15. afirmação
Enunciado 8: Com certeza você precisa levar o livro para a escola. predicador assertivo
Enunciado 9: É possível que leia o livro de Machado de Assis. possibilidade
Enunciado 14: Não é certo que você deverá partir. quase asseverativo

Questão 6. Informe quais os subtipos de modalizadores estão presentes nos enunciados abaixo: delimitador, proibitivo, quase-asseverativa, avaliativo, asseverativa, obrigatoriedade, permissão, dubitáveis, possibilidade, asseverativo.

I. Infelizmente é proibido sair da sala de aula nesse momento. Afetivo subjetivo
b) O lançamento do livro precisará, se possível, ser feito até dezembro.  quase asseverativo
c) Lucas, você precisar devolver esse livro. asseverativo
d) É necessário realizar  a limpeza da casa. deôntico 
e) Apenas uma mulher reclamou do assédio. delimitador
 

Ensino Médio - Língua Portuguesa -modalizadores com gabarito

 Questão 1.

Assinale as frases em que a ideia expressa pelo modalizador está corretamente indicada entre parênteses.
 
a) Calmamente, os funcionários do prédio realizaram a simulação de incêndio. (modo)
b) É possível que eles venham mais cedo. (certeza)
c) A população gostaria que a violência diminuísse. (desejo)
d) Viaje sempre que puder. (conselho)

Questão 2.
Leia as frases a seguir e identifique a ideia que elas expressam, considerando os modalizadores destacados.

a) Pode ser que a professora viste os exercícios complementares, mas ela certamente visitará as atividades de revisão. possibilidade; certeza
b) O governo deve oferecer atendimento médico de qualidade a todos os cidadãos. obrigação
c) Os testes de medicamentos em animais devem acabar. obrigação/certeza
d) Não há dúvidas de que a violência nas grandes cidades brasileiras aumentou. certeza
e) Ele tem que se esforçar muito; as provas finais serão difíceis. obrigação
f) Com certeza, os senadores não aprovarão aquela lei. certeza
g) Talvez a economia brasileira melhore com a aprovação daquela lei. dúvida

Questão 3. 
Reescreva as sentenças acrescentando modalizadores para expressar a ideia indicada entre parênteses. Se necessário, faça alterações nas frases.

a) Aquele cantor famoso fará uma apresentação em nossa cidade. (certeza)
Com certeza/Certamente, aquele cantor famoso fará uma apresentação em nossa cidade.

b) O dólar vai subir esta semana. (possibilidade)
Talvez/Pode ser que o dólar suba esta semana.

c) Ninguém se feriu no acidente. (julgamento)
Felizmente, ninguém se feriu no acidente.

d) Os convidados vão à festa com trajes sociais. (obrigação)
Os convidados devem ir à festa com trajes sociais.

e) A mortalidade infantil diminui no Brasil. (desejo)
Eu gostaria que a mortalidade infantil diminuísse no Brasil. / Espero que a mortalidade infantil diminua no Brasil.

Questão 4.
Leia os trechos a seguir.

Texto 1 – Neymar

Em descrédito desde os tombos voluntários na Copa do Mundo da Rússia, o jogador do PSG resgatou alguma credibilidade ao marcar o gol que impediu seu time de ser eliminado na fase de grupos da Liga dos Campeões – o que seria considerado uma vergonha para uma das equipes mais ricas da Europa.

Texto 2 – Exército japonês

O Japão comprará seu primeiro porta-aviões desde o final da II Guerra, quando o país assinou um acordo de renúncia armamentista. A aquisição, segundo o governo, visa à autodefesa.

Texto 3 – Reggae

O ritmo jamaicano foi classificado como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, a mesma honraria já concedida ao samba, ao tango e ao flamenco.
Disponível em: veja.abril.com.br. Acesso em: 27 mar. 2019.

a) O texto 1 faz referência a episódios bastante discutidos na mídia que envolvem o jogador Neymar. Que episódios são esses?
Neymar teve várias quedas durante a Copa do Mundo da Rússia realizada em 2018.

b) Que fato contribuiu para o resgate da imagem de Neymar?
O gol que ele marcou no PSG, impedindo que seu time fosse eliminado do campeonato europeu.

c) Reescreva o trecho a seguir acrescentando um modalizador.

O jogador do PSG resgatou alguma credibilidade ao marcar o gol que impediu seu time de ser eliminado na fase de grupos da Liga dos Campeões

Sugestões: Felizmente,/Acho que/De acordo com os comentaristas,/Tenho certeza de que “o jogador do PSG resgatou [...]”.

d) No texto 2, o enunciador usou a expressão modalizadora “segundo o governo”. Essa escolha garante objetividade ao texto? Justifique sua resposta.
Sim, pois, ao expressar um argumento de autoridade, ressalta-se a ideia de que a informação sobre a compra do porta-aviões foi justificada pelo governo japonês, e não pelo enunciador.

Questão 5.
Complete as frases empregando os verbos entre parênteses no tempo e no modo adequados.

a) Estou certa de que o povo não ___________________ fizeram durante as eleições. (acreditar)

b) É possível que ele não ______________ nas promessas que os políticos. (acreditar)

c) Certamente, ele _____ à festa (ir)

d) Espero que ele ___________ feliz (ser)

e) Sinceramente, ____________suco natural a refrigerante. (preferir)

Questão 6.
Leia mais uma carta de leitor.

Genética
A reportagem “A genética define o idioma” é surpreendente. Traz informações que eu não sabia e acredito que muito pouca gente soubesse, ao dar aula de português Brasil afora. É impressionante que muita coisa que a gente acredita ser fruto da cultura tenha um pé genético. Saber que até com o idioma é assim faz a gente rever os conceitos em vários outros campos da vida.
L. S. S.
Fortaleza (CE)
LÍNGUA PORTUGUESA, ano 9, n. 110, dez. 2014. Espaço do leitor, p. 6.

a) Duas expressões modalizadoras presentes no texto são

( ) “A reportagem” ( X ) É impressionante que ( x ) “Acredito que

b) O uso da primeira pessoa verbal – “eu não sabia” e “acredito” – evidencia objetividade ou subjetividade por parte do produtor do texto?
Subjetividade, pois esse uso expressa um ponto de vista particular do produtor do texto.

3 série - ensino Médio - modalização de texto - exercícios com gabarito

 A seguir, você vai ler um texto que descreve certos aspectos da cidade de São Paulo.

O sol se põe em São Paulo

Bernardo Carvalho

A Liberdade é um desses bairros de São Paulo que, embora em menor escala do que nas regiões mais ricas, e por isso mesmo de um modo às vezes até simpático, ressalta no mau gosto da sua rala fantasia arquitetônica o que a cidade tem de mais pobre e de paradoxalmente mais autêntico: a vontade de passar pelo que não é. O pôr do sol em São Paulo é reputado como um dos mais espetaculares, por causa da poluição, eu disse ao homem com lábio leporino. Só fui entender que São Paulo era uma cidade de monumentos - mas onde os monumentos não existiam; eram por assim dizer invisíveis - no dia em que sonhei que dirigia um carro, de monumento em monumento, pelas ruas vazias de uma tarde de domingo, no inverno, uma estação que aqui também não existe. Eram monumentos que eu nunca tinha visto antes, e que só existiam no meu sonho, em lugares onde na realidade se erguem os prédios mais decrépitos ou as fantasias arquitetônicas mais tolas e não menos pavorosas. São Paulo não se enxerga - ou não chamaria periferia de periferia. Não é só eufemismo. Chamam-se excluídos aos oitenta por cento da população. Não é à toa que é uma cidade de publicitários. Em São Paulo, publicidade é literatura, expliquei ao homem com lábio leporino, em inglês, sem deixar claro se fazia uma crítica ou me justificava.

É uma cidade que quer estar em outro lugar e em outro tempo. E essa vontade só a faz ser cada vez mais o que é e o que não quer ser. As mansões mouriscas e ecléticas do começo do século XX (a maioria derrubada) e os prédios mediterrâneos, neoclássicos, florentinos e normandos construídos há poucas décadas revelam o atraso do presente. Cada imigrante, achando que transplantava o estilo da sua terra e dos antepassados, acabou contribuindo para a caricatura local. Em Nova York, também houve um momento de exaltação capitalista, antes da quebra da bolsa, em 1929, quando o poder do novo dinheiro ergueu prédios renascentistas, na tentativa de transformar a cidade numa nova Florença. Quase cem anos depois, o poder do novo dinheiro ergueu em São Paulo - uma cidade sitiada pela miséria e pelo crime, dos quais esse mesmo poder se alimenta embora tente em vão excluí-los - prédios de estuque, que foram batizados de “estilo florentino”, na tentativa de imitar a antiga Nova York. Não é só que esteja tudo fora do lugar. Está tudo fora do tempo também. Na Liberdade, nem mesmo um bêbado, ao sair trôpego de um restaurante, acreditando que é escritor, pode achar que está numa viela tranquila dos subúrbios de Tóquio e não numa megalópole violenta do Terceiro Mundo. E, no entanto, é disso que as ruas de São

Paulo tentam convencer quem passa por elas: que está em outro lugar, num esforço inútil de aliviar a tensão e o incômodo de estar aqui, o mal-estar de viver no presente e de ser o que é.

CARVALHO, Bernardo. O sol se põe em São Paulo. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. p. 13-15.

Questão 1. No texto em análise, ao empregar um conjunto de adjetivos e outras expressões de caracterização, o enunciador vai mostrando aos leitores sua atitude em relação à forma como ele percebe a cidade de São Paulo. Essa descrição constrói uma imagem positiva ou negativa da cidade? Justifique sua resposta.

O texto texto uma imagem  totalmente negativa da capital paulista, isso pode ser observado na crítica ao Bairro da Liberdade, á arquitetura dos prédios e casas construídos em São Paulo.

Questão2.  Ao descrever o pôr do sol em São Paulo, o enunciador emprega uma expressão (é reputado), que é uma marca de modalização. O que isso mostra sobre sua atitude em relação ao que diz no texto?

Reputado é algo famoso, que tem boa reputação. No entanto, o enunciador usa-se da ironia para tratar do pôr-do-sol, uma vez que a poluição impede que o sol se ponha de forma nítida; por extensão, ele amplia a construção da imagem negativa da cidade.

Questão 3. Por que o autor afirma que o bairro Liberdade “ressalta no mau gosto da sua rala fantasia arquitetônica [...] a vontade de passar pelo que não é?

A rua principal do bairro Liberdade é inspirada no design das ruas de Tóquio. Isso é negativo para o enunciador, uma vez que tira a identidade do Bairro. No entanto, para os moradores orientais que vivem ali, isso é uma forma de rememorar suas origens, como ocorrem em outras colônias de estrangeiros pelo Brasil afora: Santa Maria de Jetibá- Espírito Santo, Blumenau -  Santa Catarina, Holambra - São Paulo.

Questão 4. Ao se projetar nos textos, o enunciador deixa suas marcas. Assim, além do uso dos adjetivos para caracterizar, utiliza os pronomes, as formas verbais, os advérbios ou locuções adverbiais para revelar sua atitude.

a) Localize pelo menos dois advérbios ou locuções adverbiais que, em sua opinião, são empregadas na modalização do texto em análise. Identifique seu sentido.

Paradoxalmente: com sentido de aparente falta de nexo ou de lógica; 

mais tolas: arquitetura que não fazem sentido na contemporaneidade.

Não menos pavorosas: arquiteturas que causam pavor ao olhá-las, pois, são construídos em design que remetem ao estilo gótico, por exemplo.

b) Localize formas verbais que, além de exprimir o tempo, podem ter outros significados, combinando a expressão temporal com diferentes tipos de modalizações.

Não chamaria (negação), 

Não se enxerga (negação)

sair trôpego - ironia

Não é à toa - ironia

Questão 5. A respeito da modalização, é incorreto afirmar que:

a) Alguns gêneros, como o relato de viagem, as cartas pessoais, a poesia lírica, os depoimentos e os testemunhos, os relatos de memória, os textos memorialistas, entre muitos outros, têm como características a objetividade e a projeção neutra do enunciador.

b) Os textos em que não se podem detectar claramente as marcas do enunciador são considerados objetivos, isto é, apresentam maior grau de objetividade.

c) A modalização pode ser compreendida como uma forma de o enunciador expressar sua atitude em relação ao que ele mesmo enuncia.

d) O enunciador pode ter uma atitude muito variada: ele pode tentar se distanciar ou se aproximar do que diz, intervir na validade de uma asserção, colocá-la em dúvida, exprimir seu contentamento ou descontentamento com o que diz e até mesmo avaliar a própria maneira de dizer.

e) Nos textos em geral, orais ou escritos, ao empregar palavras (ou outros recursos, como gestos, imagens etc.) o enunciador mobiliza um recurso de linguagem para expressar sua atitude em relação ao que diz ou ao que é expresso.

Por Geraldo Genetto Pereira
Professor, escritor, blogueiro, youtuber.
Formação: Licenciatura e Mestre em Letras pela UFMG.

3ª série - ensino médio - português - modalizadores na obra cortiço

Leia a resenha crítica escrita por Natália Menezes.

Resenha "O Cortiço" - Aluísio de Azevedo
Por Natália Menezes
    
O romance conta a história do caminho que João Romão percorreu para ficar rico. Para conseguir atingir esse objetivo, ele, que é o dono do cortiço, explora os seus empregados e até comete furtos. A sua amante, Bertoleza, trabalha continuamente, sem folgas ou descansos. Ao lado do cortiço mora Miranda, um comerciante bem-sucedido, que entra em disputa com João Romão por uma braça de terra que quer comprar para aumentar o seu quintal. Como eles não entram em acordo, rompem relações. Movido por uma extrema inveja de Miranda, João passa a trabalhar arduamente para conseguir ficar mais rico do que o seu rival. Quando Miranda recebe o título de barão, aos poucos João percebe que não basta apenas ganhar dinheiro, mas também tem que participar ativamente da vida burguesa, como ler livros e ir ao teatro, por exemplo. 
    O relacionamento entre Miranda e João Romão melhora quando João tenta imitar as conquistas do rival, tanto que o cortiço passa a ser um lugar mais organizado e agradável e passa a se chamar Vila João Romão. João começa uma amizade com Miranda e pede a mão de sua filha em casamento, mas tem Bertoleza atrapalhando os seus planos. Dessa forma, João a denúncia como escrava fugida. Assim, ele fica livre para se casar. Há outras personagens no cortiço, cujas histórias se entrelaçam e formam um grande enredo.
    O Cortiço é um livro que foi escrito no ano de 1890, por Aluísio de Azevedo, um grande autor da nossa literatura, que mostrou as relações humanas de uma forma muito crua e real. Na época do lançamento, o livro chegou a ser tratado como melhor do que muitos outros, até de autores como Machado de Assis, devido a pertencer à escola naturalista, de grande prestígio na Europa e que ganhava força cada vez maior aqui no Brasil. A história se passa no Brasil, durante o século XIX, sem data precisa. Há dois ambientes que são explorados: o cortiço e o sobrado do comerciante Miranda e sua família, que fica ao lado do cortiço. E nesse contexto que tudo será desenvolvido. Não demorou muito para que “O Cortiço” estivesse nas casas e arrancasse da sociedade da época críticas positivas e negativas.
    A obra é narrada em terceira pessoa, com o narrador onisciente, ou seja, ele tem conhecimento de todos os acontecimentos, sejam ações ou pensamentos. O narrador tem grande poder na estrutura da história e pode parecer imparcial, mas na realidade ele entra diretamente em diversos pontos da narrativa, tornando-a próxima o bastante da realidade daquele momento do país.
    O tempo é trabalhado de modo linear, com início, desenvolvimento e final. Uma narrativa comum, mas com seus detalhes próprios de verdade, alguns personagens muito ricos, com defeitos, qualidades, sentimentos, ambições, como é e deve ser um ser humano. E é exatamente essa questão de mostrar o homem, a sociedade, os preconceitos, as modas e a hierarquia de uma maneira tão sedutoramente verdadeira e fiel à realidade do cotidiano e das emoções, que faz este livro ser um dos maiores clássicos da nossa literatura e Aluísio de Azevedo um dos maiores nomes desse cenário.
    Recomendo. Aliás, acho extremamente necessário que as pessoas tenham contato com esta obra que demonstra como sempre foi cruel, desorganizada e sentimental as relações entre pessoas, meio, consciência e valores.

Questão 1.
Aponte as características do texto que podem nos fazer defini-lo como uma resenha crítica.

A. Objetividade: objetividade em sua linguagem,. O uso do sentido literal.
B. Concisão: Uma boa resenha deve procurar dizer o necessário, sem muitos exemplos ou repetições.
C. Utilização de um método: o autor estrutura o texto a partir de um método claro e objetivo: o resumo e a análise de dados.
D. Uso da norma padrão da língua: Para manter a clareza e a objetividade. Isso não significa, é bom lembrar, que se deve escrever de uma maneira rebuscada ou difícil nas resenhas.

Questão 2.
Retire do texto as seguintes informações.
  • Descrição da obra analisada;
  • Resumo das informações contidas no texto-base;
  • Inclusão de citações da obra resenhada para ilustrar um comentário;
  • Apresentação da opinião do leitor sobre o texto-base;
Questão 3.
Leia os trechos seguintes, reconhecendo os pronomes pessoais. Depois, você deve identificar qual termo o pronome reconhecido retoma no texto.

a) “O romance conta a história do caminho que João Romão percorreu para ficar rico. Para conseguir atingir esse objetivo, ele, que é o dono do cortiço, explora os seus empregados e até comete furtos.”
ELE: JOÃO ROMÃO.

b) “A obra é narrada em terceira pessoa, com o narrador onisciente, ou seja, ele tem conhecimento de todos os acontecimentos, sejam ações ou pensamentos.”
ele = NARRADOR ONISCIENTE;

c) O narrador tem grande poder na estrutura da história e pode parecer imparcial, mas na realidade ele entra diretamente em diversos pontos da narrativa, tornando-a próxima o bastante da realidade daquele momento do país.
ELE: O NARRADOR
tornando-A: NARRATIVA

Questão 4.
Leia o trecho seguinte:
“E é exatamente essa questão de mostrar o homem, a sociedade, os preconceitos, as modas e a hierarquia de uma maneira tão sedutoramente verdadeira e fiel à realidade do cotidiano e das emoções, que faz este livro ser um dos maiores clássicos da nossa literatura e, Aluísio de Azevedo, um dos maiores nomes desse cenário.”

O termo destacado é uma modalização feita pela autora. Responda qual é o tipo de modalização usada?

Asseveração para reforça a proposição, pois os advérbios tornam as sentenças mais enfáticas.  A modalização movimenta diferentes recursos linguísticos e já está presente nas sentenças. Asseverativo positivo: o falante considera verdadeiro o conteúdo da proposição e o apresenta como uma positiva. Portanto, assevera para demonstrar veracidade ao que é falado e conquistar a credibilidade do leitor.

Extras.
Asseverativos Afirmativos:
certamente, evidentemente, justamente, obviamente, normalmente, realmente, claro, mesmo, na verdade, sem dúvida, naturalmente, de fato, de qualquer modo, sem dúvida nenhuma e na realidade.

Asseverativos negativos:
de jeito nenhum, de forma alguma

Quase-asseverativo:
o falante considera o conteúdo da proposição como quase certo” (talvez, possivelmente, normalmente e geralmente, etc.)

Afetivos subjetivos: 
felizmente e infelizmente

Afetivos Intersubjetivos:
Sinceramente e francamente

Novidade!

6º ano - gênero carta

Carta Pessoal x Carta Aberta Enquanto a carta pessoal trata de assuntos particulares, pessoais, a carta  aberta faz referência a assuntos de...