6º ano - gênero carta

Carta Pessoal x Carta Aberta

Enquanto a carta pessoal trata de assuntos particulares, pessoais, a carta aberta faz referência a assuntos de interesse coletivo.

 Estrutura

◉ Título (muitas vezes identifica a quem se dirige a carta);
◉ Apresentação do fato que motivou a publicação da carta aberta, argumentação bem fundamentada para defesa de determinado ponto de vista;
◉ Reivindicação com fundamentação da opinião por meio do uso de dados e informações apresentados no texto ao qual se refere;
◉ A linguagem deve ser padrão, com clareza e simplicidade;
◉ Representa um posicionamento coletivo;
◉ Assinado por todos os participantes;
◉ Tem discurso persuasivo para impactar a opinião pública;
◉ Tom reclamatório, reivindicatório e de convocação;

Estratégia argumentativa

◉ Argumento de autoridade - apresenta informação ou opinião de especialista no campo de conhecimento em questão.

◉ Argumento de raciocínio lógico - consiste em apontar os motivos e lançar as consequências de determinado fato.

◉ Argumento de dados estatísticos - apresentação de dados confiáveis de pesquisas que ajuda a mostrar que o argumento tem fundamento.

◉ Exemplificação - consiste em apresentar exemplos e comparações que ajudam a convencer o destinatário da carta.

Exemplo:





Perseu e a cabeça de Medusa - resumo

Poucos homens podem se vangloriar de terem nascido de uma chuva de ouro. Somente Perseu pode se vangloriar. O rei de Argos, Acrísio, tinha uma bela filha chamada Danai. Um dia, este poderoso Rei foi consultar se com o oráculo e recebeu de um aviso que a filha jamais deveria ser mãe, pois dela nasceria um homem que provocaria a morte do próprio soberano. Temendo que essa profecia Viesse a se realizar,  o rei mandou encerrar a sua própria filha numa inacessível  torre de bronze. Ele acreditava que naquele local a moça estava livre de qualquer pretendente.

O rei Acrísio, no entanto, se esqueceu volúvel Júpiter que enxergava tudo do Olímpio. Ele viu a pobre moça debruçada sobre a janela e se apaixonou perdidamente por ela. Para o pai dos Deuses não existem Torres inexpugnáveis, que não se pode vencer. Metamorfoseado de uma nuvem Dourada,  Júpiter penetrou nos aposentos de Danai e a fecundou de uma maneira original. Ele fez desse Sugar moça uma Abundante Chuva de ouro. Quando o rei descobriu o fato,  tomou se tira. Antes de tomar uma Providência,  decidiu aguardar que o neto nascesse. Tão logo o menino veio ao mundo, o rei deu esta ordem Cruel aos guardas:  tranquem Danai e seu filho dentro de uma arca e lancem ambos no mar. A ordem foi cumprida integralmente. O rei Acrísio suspirava aliviado. O sol e a lua brilharam alternadamente sobre a arca fatídica, enquanto ela flutuava ao sabor das ondas. Um dia ela foi cair na praia de Serifo, onde Um Pescador a encontrou. Quando ele abriu a tampa da arca, teve uma surpresa: encontrou uma mulher e uma criança. Danai segurava a criança em seu colo. Ela pediu ajuda ao pescador, antes de desmaiar. O velho recolheu a mulher e o filho e lhes deu abrigo e alimentação. Tão logo superaram a terrível viagem, o homem os levou até o rei do País, que se chamava Polidecto. O rei tratou a moça e seu filho com muita atenção, dando-lhe os lugar para morar.

Com o passar dos anos, Perseu foi crescendo até se tornar um rapaz forte e musculoso. Como o rei mostrar você cada vez mais interessado em possuir Danai,  decidiu afastar do reino o rapaz. Para tanto ordenou que ele fosse combater a terrível Medusa, uma criatura monstruosa que espalhava o terror por todo o reino. Perseu que saber quem era Medusa. O garoto tinha pendor natural para Aventura. O rei explicou que medusa era uma das três górgonas, as três filhas de Fórcis e Ceto. Ela se chamavam Euríala, Esteno e Medusa. Das três,  A última é a mais bela. Todas as mulheres tinham inveja da beleza de Medusa, em especial da sua bela cabeleira Negra. Seus cabelos eram tão escuros e sedosos que pareciam fios da noite a escorrer sobre os seus ombros.

O rei para o seguiu a sua história acrescentando que um dia a mais bela das górgonas apaixonada se por Netuno, o Deus dos Mares. Tendo marcado um encontro amoroso com ele num dos tempos de Minerva,  acabaram provocando A Ira da deusa.  Sedenta por vingança,  Minerva decidiu punir a jovem, transformando sua linda cabeleira no ninho das mais horrendas serpentes. Após a transformação,  Medusa foi se refugiar numa gruta fortificada. Dizia-se que ela possui agora o dom de converter em pedra todo aquele que a encarasse.

Perseu, tendo ouvido o relato do Rei, decidiu aceitar a missão. Ele estava ciente de todos os perigos. Partiu alguns dias depois, sob os protestos da mãe. Após uma longa jornada, o jovem chegou diante da Fortaleza de pedra onde a Medusa se escondia. Logo à entrada, ele deparou-se com algumas formas humanas, que fizeram ele crer que se tratavam de Guardiões. Erguendo a sua tocha, Perseu descobriu que eram homens mortos que tinham seus corpos transformados em Pedras. Todos pareciam ainda vivos. Seus gestos derradeiros refletiam o último espasmo do terro; Enquanto uns procuravam proteger seus olhos com as mãos, outros tinha uma perna posta em recuo, como quem começa a fugir. Outros tinham a espada erguida Acima das Cabeças, como quem prepara um golpe fatal. Seguindo um pouco mais para dentro da caverna,  Perseu escutou uma conversa. Ele aproximou de maneira cautelosa, até vislumbrar duas altas mulheres que pareciam guardar a entrada principal da Fortaleza. Eram as irmãs de Medusa que ali mantinham Perpétua vigília. A primeira delas sentiu a presença de alguém e estendeu a mão pedindo a outra mas aquele desse algo porque havia alguém no local. Tomando alguma coisa das mãos da outra a primeira instalou aquilo no rosto e por se olhar para os lados onde Perseu se escondia. Mesmo que na quase escuridão total de onde se encontrava, o jovem ou de perceber que objeto que a monstruosa criatura colocava no rosto era um único e Alerta olho esverdeado. As duas criaturas possuíam apenas um globo ocular que compartilhavam na medida que dele necessitassem. Perseu pegou uma pedra e lançou para  o lado daquela que temporariamente estava cega. Logo a mulher pediu que a irmã lhe emprestasse o olho verde. Enquanto uma vasculhava extremidade oposta da caverna, Perseu aproximou-se discretamente daquela estava mais próxima em defesa. Ele sacou da espada e cortou facilmente a cabeça da sinistra criatura, a qual implorava para que a irmã devolvesse o olho. A outra ficou apavorada e retirou da testa o olho, lançando em um vazio. Perseu pegou o olho com uma das mãos e agradeceu a mulher, enquanto desferia um golpe certeiro sobre o pescoço da vítima com sua espada afiada. A segunda das temíveis górgonas cai ao chão sem cabeça e sem olho. Uma poça de sangue formou-se aos pés de Perseu que seguiu adiante deixando no chão suas duas pegadas vermelhas e disposto a enfrentar agora mais perigosa as três irmãs.

O vento frio percorreu os corredores recobertos de estalactites, que pendiam nas paredes como afiadas Estacas de gelo. Uma respiração curta e forte misturava-se ao fluxo contínuo do vento. Perseu percebeu que era a Medusa que o seguia. Ele escutou uma voz que dizia que o maldito haveria de pagar caro pela morte das irmãs. Tocha de Perseu apagou-se e tudo mergulhou na extrema escuridão da caverna. Ele parecia um guerreiro cego quem tateava o caminho com a ponta da espada. Preso ao outro braço levava O Escudo que recebera de Minerva, Antes de Partir. Eles se recordava bem da última recomendação que jamais deveria enfrentar o olhar da Medusa, pois isto seria  o fim. Quando fosse enfrentá-la, deveria mirar apenas um reflexo produzido por esse escudo. Perseu começou a ir que o seu escudo quando de repente sentiu que uma mão poderosa agarrava seu braço, tentando retirar o escudo. O barulho metálico do instrumento batendo contra as rochas das paredes ressoou pelos corredores escuros. Ao mesmo tempo, um golpe forte abateu sobre suas costas fazendo com que caísse de bruços e quase sem sentidos ao solo. Perseu ainda estava atordoado quando viu duas mãos vigorosas virarem seu corpo para frente. Estas mãos agarraram sua cabeça e a sacudia. A voz pediu para que ele acordasse. Seus olhos começavam a se abrir quando se lembrou da advertência da deusa Minerva. Perseu apertou as pálpebras, enquanto tentava desvencilhar dos braços rígidos da monstruosa mulher. Ela insistia para que o guerreiro abrisse os seus olhos contemplasse os seus olhos. Perseu sentiu na boca a pressão dos lábios úmidos da Medusa. Sentiu um hálito frio e fétido que o fez imaginar o beijo da morte. O jovem percebeu que os seus joelhos estavam livres. Ele os encolheu até o peito e arremessou para longe a figura monstruosa. A força foi tamanha que Ela cruzou toda extensão da caverna indo chocar-se violentamente contra uma parede. Uma golfada de sangue foi expedida pela boca da Medusa. Perseu rapidamente colocou-se em pé. Ele divisou o brilho de seu escudo, que estava a alguns metros dali. Tão logo ou teve outra vez em mãos, procurou ver pelo reflexo prateado o que se passava atrás de si. Uma forma vagamente feminina vinha em sua direção. Perseu não teve tempo de ver o rosto da Medusa. Um salto lixeiro Os jovem desviou-se caindo ao chão e mantendo preso Seu Precioso escudo. Na outra mão, ele segurava a espada. A Medusa disse ao rapaz que ele haveria de morrer como todos haviam morrido. Ela disse que ia colocar a estátua de Perseu bem no centro da caverna. O rapaz Manteve o silêncio ele estava concentrado em seus movimentos e nos movimentos da criatura, que continuava a se mover dando saltos. Por um instante a criatura desapareceu; repentinamente seu rosto surgiu novamente no espelho do escudo. Seu rosto pálido era uma máscara de onde sobressaiam dois olhos de pupilas horizontais, como dos répteis. Acima deles, as serpentes agitavam espichando para fora das bocas suas línguas e arremessando seus corpos em botes rápidos. Perseu fechou os olhos e girou seu corpo com extrema velocidade, arrancando, com golpe certeiro da espada, a cabeça da Medusa. O corpo da mulher Tombou ao solo. Sem o auxílio do escudo, Perseu eu viu surgir do sangue que jorrava em algum dança do pescoço da criatura um belo e alvo cavalo alado, que se chamaria Pégaso e se tornaria famoso por auxiliar outro herói, Belerofonte, a derrotar a monstruosa quimera. Pêssego em sacou a cabeça da Medusa; montou no cavalo alado e retornou para casa, satisfeito com a sua vitória.

Por Geraldo Genetto Pereira
Professor, escritor, blogueiro, youtuber.
Formação: Licenciatura e Mestre em Letras pela UFMG.

 

1ªsérie - ensino médio - barroco, discurso, acentuação - exercícios com gabarito

 Questão 01

A literatura brasileira nasceu sob o signo do Barroco, caracterizado nas letras pelo virtuosismo de ideias e pelo rebuscamento formal. Essa arte exige raciocínio agudo, como se nota na retórica do padre Antônio Vieira, portanto um "cérebro sarado".

Diz Vieira no seu ‘‘Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as de Holanda’’:



Com respeito ao texto, todas as afirmativas estão corretas, EXCETO:

 

A) O orador parafraseia uma passagem das sagradas escrituras.

B) O perdão é objeto de uma negociação em que a moeda é o prestígio divino.

C) Fica desequilibrada a hierarquia entre Deus e o pecador, diante do trunfo (do argumento, da vantagem) de cada um.

D) Quanto maior for o pecado, maior deverá ser o perdão.

E) A função fática da linguagem impõe-se na argumentação.

 

Questão 02

O estilo cultista também exige exercício mental para a compreensão do texto, como neste soneto de Gregório de Matos dedicado a sua futura esposa, Maria dos Povos:

Esse estilo retorcido manifesta-se no uso abusivo de _________ em todas as estrofes; no desequilíbrio e na tensão das antíteses presentes nas estrofes ________ e no preciosismo das metáforas como ocorre em "esfera gentil, mina excelente", referindo-se ___________, e em "a mais fina pedraria", significando __________ .

Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas.

 

A) Hipérboles - 1 e 2 - ao sol ardente - a fala de Maria

B) Hipérbatos - 2 e 4 - ao rosto de Maria - o sorriso de Maria

C) Hipérboles - 1 e 3 - ao olhar de Maria - os diamantes da região

D) Hipérbatos - 1 e 4 - ao astro solar - os dentes de Maria

E) Hipérboles - 3 e 4 - às minas da região - as joias de Maria

 

Questão 03

Leia o excerto a seguir, de Alfredo Bosi.

“Têm-se acentuado os contrastes da [sua] produção literária [...]: a sátira mais irreverente alterna com a contrição do poeta devoto; a obscenidade do ‘capadócio’ mal se casa com a pose idealista de alguns sonetos petrarquizantes. Mas essas contradições não devem intrigar quem conhece a ambiguidade da vida moral que servia de fundo à educação ibérico-jesuítica. O desejo de gozo e de riqueza são mascarados formalmente por uma retórica nobre e moralizante, mas afloram com toda brutalidade nas relações com as classes servis que delas saem aviltadas. Daí, o ‘populismo’ chulo que irrompe às vezes e, longe de significar uma atitude antiaristocrática, nada mais é que válvula de escape para velhas obsessões sexuais ou arma para ferir os invejosos. Conhecem-se as diatribes [dele] contra algumas autoridades da colônia, mas também palavras de desprezo pelos mestiços e de cobiça pelas mulatas. A situação de ‘intelectual’ branco não bastante prestigiada pelos maiores da terra ainda mais lhe pungia o amor-próprio e o levava a estiletar às cegas todas as classes da nova sociedade.”

(BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. 3ª ed. São Paulo: Cultrix, 1997.)


No excerto acima, Alfredo Bosi apresenta os contrastes e as características da obra de quem?

 

A) Botelho de Oliveira.

B) ÁLvares de Azevedo.

C) Castro Alves.

D) Gonçalves Dias.

E) Gregório de Matos.

 

Questão 04

O cartunista Nani recria um episódio bíblico na construção de sua charge. O mesmo procedimento de reelaboração do texto bíblico foi comum aos poetas seiscentistas como Gregório de Matos, que recorre aos textos sagrados na construção de sua poética, como atestam os versos:


A) “Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,

Depois da Luz se segue a noite escura,

Em tristes sombras morre a formosura,

Em contínuas tristezas a alegria.”

B) “Acabe o mundo, porque é já preciso,

Erga-se o morto, deixe a sepultura,

Porque é chegado o dia do juízo.”

C) “O amor é finalmente

um embaraço de pernas,

uma união de barrigas,

um breve tremor de artérias

Uma confusão de bocas,

uma batalha de veias,

um reboliço de ancas,

quem diz outra coisa é besta.”

D) “Deixa o mundo os enganos,

Não queiras em tanta lida,

Por breve gostos da vida

Penar por eternos anos.”

 

Questão 05

Leia este trecho de uma entrevista sobre a presença da mulher na presidência de um órgão esportivo no Brasil. Atente-se à estrutura das palavras negritadas no texto.

Jornal: Como se vê sendo a única mulher a presidir uma confederação de modalidade esportiva do país?

Entrevistada: Eu me sinto vitoriosa e honrada, mas devo dizer que não é uma jornada fácil, é preciso lutar muito. Torço para que outras mulheres possam estar à frente, não só de outras confederações esportivas, como também em todos os setores da sociedade. Temos muito a contribuir para as mudanças de que o mundo tanto precisa.

OTTONI, Daniel. Entrevista: Ginástica conta com única presidente de confederação esportiva. Disponível em: otempo.com.br. Acesso em: 5 mar. 2021.

Sobre as palavras negritadas no texto, nota-se que

 

A) a palavra “sociedade” foi formada pelo acréscimo de um prefixo.

B) a utilização de prefixo é recorrente na formação dessas palavras.

C) o adjetivo “honrada” foi formado por acréscimo do prefixo “-ada”.

D) o processo de derivação sufixal foi usado para formar todas elas.

E) o sufixo “-osa”, usado em “vitoriosa”, significa “ser um vencedor”.

 

Questão 06

Português no topo das línguas mais importantes 

(1) A língua portuguesa é a segunda língua mais importante no mundo dos negócios, pelo menos para quem tem o inglês como língua materna. Quem o diz é Ofer Shoshan, um colaborador da revista norte-americana Entrepeneur, num artigo divulgado esta semana.

(2) Espanhol, português e chinês são, na opinião do autor do artigo, as línguas que “todos os diretores executivos de empresas globais devem aprender”. A lista refere um total de 6 línguas, incluindo o russo, o árabe e o alemão.

(3) “A língua portuguesa já é a quarta língua mais traduzida, na nossa empresa, o que reflete o seu crescimento nos últimos anos”, diz Ofer, que é o diretor executivo da empresa de traduções One Hour Translations.

(4) O autor admite, contudo, que este aumento da ‘procura’ da língua portuguesa está ligado ao Brasil e não a Portugal, já que “a economia brasileira está a deixar de ser emergente para passar a ser uma das mais ricas do mundo, com uma população gigantesca, vastos recursos naturais e uma forte comunidade tecnológica”.

(5) Ofer Shoshan recorda que o próprio Bill Gates assumiu, recentemente, um dos seus maiores arrependimentos: não falar uma segunda língua para além do inglês.

(6) Por outro lado, o autor refere o momento em que o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, “mostrou um impressionante domínio da língua chinesa, durante uma visita, em outubro passado, a uma universidade de Pequim”.

(7) “Ao aprender chinês, Zuckerberg demonstrou que dominar a língua local é fundamental para aprofundar relações de negócio e conquistar a alma e o coração dos mercados”, diz Ofer Shoshan.

Disponível em: wordpress.com. Acesso em:23/05/2015. Adaptado.


Para alcançar seus propósitos comunicativos, o autor do Texto 1 utiliza alguns recursos linguísticos. Acerca desses recursos, analise as afirmações abaixo.

I. Em atendimento às exigências do gênero do Texto 1, o autor seguiu as normas ortográficas vigentes em nosso país. Atente-se, por exemplo, para o termo “português”, que se grafa como “gravidês” e “embriaguês”.

II. No trecho: “as línguas que ‘todos os diretores executivos de empresas globais devem aprender’” (2º parágrafo), a forma verbal destacada está no plural em concordância com seu sujeito plural “as línguas”.

III. No trecho: “Ofor Shoshan recorda que o próprio Bill Gates assumiu, recentemente, um dos seus maiores arrependimentos: não falar uma segunda língua para além do inglês” (5º parágrafo), os dois pontos introduzem um segmento explicativo.

IV. No parágrafo final, o autor empregou as aspas para indicar que estava utilizando ‘outra voz’ no texto, em discurso direto.

Estão CORRETAS:

 

A) I e III, apenas.

B) I e IV, apenas.

C) II, III e IV, apenas.

D) III e IV, apenas.

E) I, II, III e IV.

 

Questão 07

Assinale a opção em que todas as palavras obedecem à mesma regra de acentuação gráfica da palavra “violência”.

 

A) série ? vácuo ? princípio

B) poderá ? índio ? útil

C) vítimas ? história ? sírio

D) públicos ? cárie ? Clóvis

E) número ? gênio ? avó

 

Questão 08

Saiba como evitar a dengue, a zika e a chikungunya


Disponível em: brasil.gov.br. Acesso em: 29 de set. de 2016. (Adaptado)


Assinale a alternativa em que todas as palavras obedecem à mesma regra de acentuação gráfica.

 

A) a já - três - possíveis

B) Sábado - importância - água

C) além - dê - único

D) três - têm - água

E) gástricos - sintomática - plásticos

 

Questão 09

Quanto ao gênero discursivo lista, marque a informação FALSA.

 

A) O título deve ser conciso e direto, resumindo o que contém no texto.

B) O corpo do texto, a exposição propriamente dita das informações.

C) Sobre a pontuação, você não pode separar os itens com o ponto e vírgula, ou usar ponto final somente no último item.

D) A apresentação visual é uma das características mais divertidas, afinal o uso de recursos como canetas coloridas, etiquetas e desenhos são livres

E) A linguagem é geralmente formal, mas você pode usar de abreviações, gírias e expressões informais, dependendo de quem irá ler a lista, pois nada pode ficar confuso.

 

Questão 10

TEXTO – COM O CORAÇÃO NA MÃO 

Embora em nada se pareça a um coração humano, a peça de metal com mangueira que a cardiologista Juliana Giorgi segura na mão direita é o mais moderno “coração artificial” que existe – o HeartMate3 Left Ventricular Assist System (HM3), da empresa americana de cuidados com a saúde Abbott.


O primeiro implante desse dispositivo no Brasil ocorreu em março, no hospital Sírio Libanês, em São Paulo, pelas mãos do cirurgião Fábio Jatene e sob a supervisão do holandês Jaap Lahpor, consultor da Abbott. Juliana fez todo o acompanhamento clínico do paciente de 72 anos que recebeu o novo modelo. Ele está se recuperando muito bem.


Apesar de serem mais conhecidos como “corações artificiais”, equipamentos como esses não substituem o órgão por completo. Mas podem ser a solução temporária ou definitiva para pacientes com insuficiência cardíaca avançada, quando tratamentos com remédios já não dão mais resultado. Esses “corações de aço” dão assistência ao ventrículo esquerdo que garante o bombeamento adequado do sangue oxigenado para todo o corpo. Eles têm grande potencial para tirar muitos pacientes da lista de espera por um transplante de coração ou, pelo menos, para lhes dar condições de aguardar a chamada.


Isso porque, mesmo com o transplante de órgãos bem estruturado no país, os doadores ainda são escassos e as filas, longas. A espera por um coração leva de 45 dias a 3 anos. Mas a insuficiência cardíaca avançada compromete muito a qualidade de vida do doente. “Chegam a sobreviver um ano, em péssimas condições, passando meses internados, dependentes de balão de oxigênio e muita medicação”, diz Juliana.

Os corações artificiais são, ainda, a única saída para quem nem na fila pode entrar devido a contraindicações, como diabetes grave, HIV positivo, imunodepressão, câncer ou idade superior a 65 anos. Além de ser opção para quem, por crenças pessoais ou religiosas, não aceita receber um órgão de outra pessoa.


“Mas esse recurso ainda é bem pouco utilizado no Brasil. Há, atualmente, apenas cerca de 50 brasileiros implantados”, lamenta Juliana. O maior entrave está no alto custo de cada aparelho (cerca de 700 mil). Mas ela também aponta uma falta de conhecimento de parte dos colegas. Embora já sejam reconhecidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pela Associação Nacional de Saúde (ANS), esses aparelhos ainda são vistos como experimentais por muitos profissionais da área.


“No Brasil, a falta de financiamento do sistema público de saúde e de muitos convênios causa uma limitação enorme a esses dispositivos mais sofisticados”, afirma Noedir Stolf, cirurgião cardíaco, responsável por transplantes cardíacos do Instituto do Coração (InCor) e membro Fundador da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).

Devido aos custos e à cobertura do Sistema Único de Saúde (SUS), apenas dispositivos mais simples são usados. Mas eles só podem ajudar por alguns dias ou semanas, no caso dos balões intra-aórticos, ou até um mês, no caso das bombas centrífugas comuns.

Para Stolf, quando os dispositivos de última geração são usados como “ponte” para os transplantes – algo muito comum nos Estados Unidos da Europa –, o paciente chega à cirurgia em melhor estado no transplante. Alguns abandonam a fila, adaptando-se tão bem ao aparelho que os escolhem como tratamento definitivo.


Juliana lembra ainda que a vida do transplantado não é um mar de rosas. “É preciso tomar o imunossupressor e remédios para controle de infecção. Além disso, existem a possibilidade de rejeição aguda e os casos de incompatibilidade”, diz.


O implante do aparelho, por sua vez, elimina essas questões. A única restrição do paciente é mergulhar, já que o controle e as baterias do produto ficam para o lado de fora do corpo e não podem ser imersos em água – somente banho de chuveiro é permitido.

(MESQUITA, Renata Valério. Planeta. Ano 46. Edição 540. Maio de 2018, PP. 41-43)


Para responder à questão, considere o fragmento a seguir.

“Apesar de serem mais conhecidos como “corações artificiais”, equipamentos como esses não substituem o órgão completo. Mas podem ser a solução temporária ou definitiva para pacientes com insuficiência cardíaca avançada, quando tratamentos com remédios já não dão mais resultado.”

Seguem a mesma regra de acentuação gráfica os vocábulos:

 

A) insuficiência – remédios – temporária.

B) órgão – temporária – cardíaca.

C) remédios – temporária – cardíaca.

D) órgão – remédios – cardíaca.

E) insuficiência – órgão – cardíaca.


GABARITO



Belerofonte e Pégaso - resumo

Ninguém cavalgou em Pégaso com mais destreza do que Belerofonte, um jovem e valente guerreiro que ousou enfrentar com ele uma terrível criatura chamada quimera. Por algum tempo Ele viveu sobre a proteção do Rei Proeto e acabou se envolvendo involuntariamente com a rainha, a bela e sedutora Anteia. A mulher pediu a um jovem para  amá-lo. Belerofonte  temia um atrito com o rei e fugia o tempo todo da Rainha. Ela percebeu que suas investidas não davam e nada e decidiu punir o seu objeto de desejo. Ela disse que ele deveria pagar caro pela rejeição e tratou de entregar o só vem com seu Deus avisado esforço dizendo ao rei que o rapaz era muito abusado; que o insolente não tinha feito outra coisa diz que chegou ao reino senão se acercar dela com propostas indecentes. O rei ficou indignado com a afronta e decidiu enviar o ex-protegido A Corte do seu sogro na Lídia. Mandou junto com o rapaz uma carta ao sogro, na qual pedia que ele se encarregasse de dar sim em Belerofonte. O rei Lobates, A princípio ficou aborrecido ao receber a incumbência. Dizia que o genro só trazia problemas. Ele foi receber o jovem visitante com pouca simpatia.

O rei Lobates passou muito tempo imaginando um meio de acabar com Belerofonte, sem que isso acarretasse problemas para si. Um dia chegou a notícia de que a Quimera havia feito mais uma vítima. Ela era um monstro terrível que assolava o reino da Lídia. O monarca viu no monstro a solução para o seu problema. Ele deu uma palmada na testa e mandou chamar imediatamente o rapaz. O rei disse ao Jovem que somente ele montado em seu cavalo alado poderia fazer frente a horrível criatura que vinha a tanto tempo aterrorizando o seu rei. O rapaz que saber de qual monstro se tratava. O rei disse que era a quimera, uma besta que expele chamas pela boca e pelo nariz; que seu corpo é uma mistura grotesca de vários seres; ela tem cabeça de leão, corpo de cabra e sua parte posterior é Idêntica a de um dragão. Belerofonte  ficou intrigado com a descrição da estranha criatura. Imediatamente dispôs-se a partir com seu cavalo alado para por fim o monstro e retribuir a acolhida que tivera do Rei. Estrebaria do Palácio o cavalo alado estava acomodado. Ele havia se tomado graças ao freio dourado que Minerva lhe havia dado durante um sonho. Ao enxergar o dono por entre as frestas da madeira, o cavalo começou a relinchar. 

Tão logo Pégaso viu se livre da prisão temporária, ele começou a voar em círculos em torno do seu dono, que tentava inutilmente lhe alcançar as rédeas douradas. Belerofonte pediu que o cavalo deixasse de brincadeira. Logo, Pégaso desceu das nuvens e foi pousar aos pés do seu herói. O jovem montou em seu dorso e pediu que o animal partisse pois eles tinham uma missão a cumprir. Belerofonte afrouxou as redes do maravilhoso cavalo e se lançou ao espaço no galope veloz. Eles cruzaram ou céus. Ele se lembrou de Ícaro. O herói estava entregue aos seus pensamentos quando o divisor a temível Fera, que ou observava expelindo fogo pela boca. Cercada por montanhas,  a quimera esse calor rapidamente na encosta de uma delas. Pégaso abriu as asas e voejava em torno da presa. Ele tentava facilitar a vida do seu amigo Belerofonte. No entanto,  a fera se escondeu numa das inúmeros grutas. O jovem ficou a pensar sobre a quantidade de grutas que haviam no local. Ele dizia assim mesmo que se tivesse que procurar a Quimera de caverna em Caverna, o trabalho iria demorar muito. O cavalo alado poucos ou sobre o solo acidentado. Belerofonte pediu que o animal ficasse ali. O rapaz entrou numa das grutas, pois dela escapava um calor suspeito. O herói avançou cada vez mais para dentro da caverna e escutou um relincho agudo do seu cavalo. Ele pediu que pégaso fizesse silêncio, pois estava tirando a sua concentração. O cavalo prosseguiu a relinchar em forma de alerta, pois da porta de outra caverna o monstro acompanhava os passos do guerreiro. Erguendo o voo, o cavalo alado veio pelas costas da Quimera e acertou com golpe do seus cascos, lançando a Fera ao chão e despertando a atenção do seu dono. Belerofonte agradeceu ajuda do amigo e apontou uma seta em direção ao coração do monstro abatido  que rojava, arrastava no pó. Pouco depois de haver disparado mortífero dardo,  Belerofonte teve o prazer dever a temida quimera estirar as pernas no último espasmo, contração muscular involuntário, que precedeu sua morte.

Após derrotar o flagelo do reino o rapaz e Pégaso retornaram para corte. O rei Lobates, vendo que nada conseguirá ao expor o visitante a mais terrível das feras, resolveu envolvê-lo numa guerra com as amazonas,  na vã esperança de ver sua ruína. Apesar de toda a fúria e combatividade das cavaleiras, não foram páreo para o herói grego. Vendo que seus artifícios jamais poderiam por fim a vida do guerreiro, decidiu fazer dele o marido de sua filha. Disse a sua esposa que Belerofonte se danasse com o casamento. A verdade é que até a rainha estava encantada com as qualidades do guerreiro. Ela respondeu ao marido dizendo que o rapaz era Fantástico. A princesa Filonoé pediu logo ao seu pai que marcasse para o mais breve possível a data do seu casamento. O rapaz e a princesa viveram felizes durante algum tempo, até que o herói sentindo-se envaidecido com tamanhos triunfos acabou por cair no erro fatal da soberba. Um dia, ele tomou as rédeas de seu cavalo alado e convidou o animal para ir em conhecer a Morada dos Deuses. Pégaso, diante da Ordem,  pela primeira vez na vida refugou. Suas asas permaneceu comprimidos enquanto seus dentes mastigavam relutantemente o freio. Mesmo a contragosto, ou animal distendeu as asas e se lançou ao espaço,  com Belerofonte montado em seu dorso. O herói grego não via a hora de estar entre os Deuses. Ele já se considerava um Deus; apenas não tinha a imortalidade e queria esse direito.

Passando muito além do sol, Belerofonte e Pégaso começaram a divisar uma luz muito brilhante  e poderosa. O jovem falou ao cavalo alado que eles estavam chegando ao Olimpo. Júpiter já sabia da Audácia do Herói de invadir os seus domínios e havia tomado providências. Ele se metamorfoseou numa mosca e começou a atormentar Pegaso; o senhor dos céus Picava os flancos do cavalo alado sem descanso,  até que ele começou a se encurva e derrubou o jovem guerreiro. O herói escapou milagrosamente da morte, Mas acabou tornando-se coxo e miserável, vivendo como um mendigo o resto da sua vida.

Por Geraldo Genetto Pereira
Professor, escritor, blogueiro, youtuber.
Formação: Licenciatura e Mestre em Letras pela UFMG.

6º ano - gênero lenda - exercícios com gabarito

Leia o texto a seguir.
A lenda do diamante
Antes, muito antes do ano de 1500, o Brasil chamava-se Pindorama e vivia à sombra de mil palmeiras. Foi nessa época que o índio Oiti, valente entre os mais valentes, se despediu de Potira, sua esposa, e desceu o rio para dar combate a uma tribo inimiga. 

Doze luas passaram-se sem que o moço guerreiro voltasse. E quando lhe veio a certeza de que não o veria mais, Potira, chorou de saudades. Suas lágrimas misturaram-se com a areia da praia, e Tupã transformou-as em diamantes. 

E aí está a origem dessa pedra preciosa. Proveio de lágrimas de amor.
STARLING, Nair. Nossas Lendas. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1968.
Questão 1.
A lenda narra sobre a origem:

A) da guerra.
B) da lágrima.
C) do amor.
D) do diamante.

Questão 2.
 No primeiro parágrafo, o tema principal é sobre:
A) um casal de índios
B) uma tribo indígena.

Questão 3.
No começo da narrativa, os personagens são descritos. Copie a descrição de cada um deles:
índia: vivia tranquilamente e feliz, jovem e bela moça, serena e confiante
índio: guerreiro poderoso e valente, vivia tranquilamente e feliz.

Questão 4.
De acordo com a lenda, qual fato ou acontecimento provocou a separação do casal da tribo indígena? A guerra.

Questão 5.
Quais fatos da lenda são possivelmente reais e quais são possivelmente imaginários? Marque com a letra R o que pode ter sido Real e marque com I o que é Imaginário.

( I ) “Daí a razão pela qual os diamantes são encontrados entre os cascalhos e areias do rio.” 
( R ) “Em um tempo atrás, na região Centro-Oeste, vivia à beira de um rio uma tribo indígena (...) ”
( R) “Itagibá teve que acompanhar os outros guerreiros à luta contra o inimigo.”
( R ) “Todos os dias, Potira ia para a margem do rio esperar o esposo. ”
( I ) “Tupã, o deus dos índios, ficou com dó e transformou as lágrimas de Potira em diamantes (...)”

Resenha da Livro o Guarani, de Jose de Alencar

A formação do povo brasileiro
"O Guarani" foi publicado originalmente como folhetim de janeiro a abril de 1957, sendo lançado na forma de livro no final desse mesmo ano. A obra é um dos maiores representantes da primeira fase do modernismo brasileiro, conhecida como fase indianista. Como o próprio nome diz, essa fase procurava valorizar o índio de forma a transformá-lo em um verdadeiro herói nacional. José de Alencar tinha a intenção de criar obras que mostrassem a realidade brasileira de sua época, exibindo as belezas do Brasil e o índio. Assim, Alencar contou através da história de amor de Peri e Ceci em "O Guarani" o tema da miscigenação entre o índio e o branco.

Na época de seu lançamento, "O Guarani" obteve muito sucesso de público e crítica. Os leitores de então já estavam acostumados com a leitura de folhetins, mas o formato “romance” ainda não estava bem desenvolvido no Brasil. Com o lançamento de "O Guarani", esse novo gênero literário ganhou força e passou a ser produzido com maior frequência e qualidade pelos escritores brasileiros. Por conta disso, essa obra é considerada o primeiro grande romance brasileiro. Uma característica interessante de "O Guarani" é que José de Alencar foi escrevendo a história de acordo com a opinião que recebia de seus leitores. Diversas vezes ele mudou o destino de alguma personagem por ter recebido reclamação ou sugestões.

"O Guarani" também pode ser considerado um romance histórico, uma vez que diversas personagens são inspiradas em pessoas reais. Além disso, têm-se também uma caracterização do Brasil da época como sendo um espelho da Europa medieval. Um exemplo significante é o de D. Antônio de Mariz, cuja fortaleza é descrita como sendo uma mistura da arquitetura colonial brasileira com a de um castelo medieval. Além disso, a relação dele com a de seus empregados é igual a que um senhor feudal tem com seus vassalos.

A estrutura do romance
O romance segue o clássico modelo da história romântica: há uma moça bonita, o herói e o vilão. Ceci é a bela “princesa” loira e pura, filha do nobre D. Antônio de Mariz. Por ela se apaixonam três homens: Loredano, Álvaro e Peri. Loredano, que na verdade é o frei Ângelo di Luca, é o grande vilão do romance e sua paixão por Ceci não passa de um desejo sexual. Em contraste a Loredano está Peri, o índio e grande herói da história. Seu amor por Ceci tem tons de sagrado e ele a vê como uma imagem de Nossa senhora. No meio desses dois opostos encontra-se o nobre cavalheiro Álvaro, que ama Ceci de forma respeitosa e a vê como futura esposa. Porém, em certo momento ele acaba se envolvendo com Isabel, uma moça mestiça filha de D. Antônio com uma índia. Isabel é uma personagem com bastante força dentro da história, uma vez que ela encarna o complexo de inferioridade e o preconceito que sofre por ser mestiça.

O amor de Peri e Ceci é representado bem ao gosto do romantismo: Peri é o herói que se dedica inteiramente a sua amada, idolatrando-a como sua senhora. Ao final do romance, Peri realiza um ato heroico de sacrifício tomando veneno para que a tribo antropófaga dos aimorés morresse envenenada após comer sua carne. Porém, Álvaro acaba convencendo-o a tomar o antídoto e é salvo. Após a derrota dos portugueses, D. Antônio pede a Peri que ele se converta ao cristianismo e fuja com sua filha Ceci.

Dessa forma, o índio abandona sua tribo, língua e religião em nome de sua amada. Esta gradual transformação de Peri mostra a imposição da cultura branca e do cristianismo, e uma posterior assimilação do “selvagem” idealizado. Por fim, cabe ressaltar que a cena final de Peri e Ceci sumindo no horizonte seria uma representação das origens do povo brasileiro. Assim, sendo um casal formado por uma portuguesa e por um índio, eles seriam os fundadores da nação brasileira.

Narrador
"O Guarani" apresenta foco narrativo em terceira pessoa, sendo o narrador onisciente intruso. Ou seja, o narrador não só possui acesso aos pensamentos e sentimentos das personagens, como também expõe ao longo da narrativa comentários sobre as atitudes das personagens. Essa parcialidade e falta de distanciamento do narrador serve para induzir o leitor a acreditar na tese indianista de exaltação à natureza e eleição do índio como herói nacional.

Comentário complementar
O livro "O Guarani" é preciso pensá-lo dentro de um projeto pedagógico concebido por José de Alencar, cuja intenção era compreender e mostrar a realidade brasileira de então. O prof. Marcílio explica que estava-se em um momento histórico diretamente posterior ao da Independência do Brasil e havia-se a necessidade de criar uma cultura propriamente brasileira, diferenciando-a da cultura de Portugal. Se a língua e outros traços culturais eram iguais, o que encontraram como símbolo do Brasil foi justamente a própria terra, com suas belezas e encantos, e o índio, elegido como verdadeiro herói nacional.

Na figura do índio foram encerrados todos os valores que gostariam de ser associados ao homem brasileiro, tais como honra, lealdade, devoção à amada e sobretudo o amor pela terra. O prof. Marcílio lembra que a figura do índio dentro do Romantismo brasileiro é claramente idealizada, sendo que os próprios autores tinham consciência disso, mas pensando-se dentro do momento histórico em que a obra foi concebida a figura do índio surge como símbolo máximo da terra brasileira. Portanto, o índio Peri, protagonista de "O Guarani", deve ser entendido como um símbolo da terra brasileira.

Além da relação de Peri com a terra, outro ponto importante do livro é a relação amorosa de Peri e Ceci, que aproxima-se do endeusamento, da devoção religiosa. Ceci é uma “moça especial”, pois apesar de sua origem europeia e de sua condição aristocrática, ela é uma moça que se mostra muito apegada à natureza selvagem e entende a terra brasileira. Assim, a relação de Ceci com a terra também é um ponto que merece atenção, diz o prof. Marcílio. Ainda sobre o amor entre Ceci e Peri, deve-se ter em mente que a união entre os dois é uma alegoria da criação da raça brasileira. A união do casal não fica explícita, como acontece por exemplo em Iracema, mas é sugerida ao final do livro quando eles resolvem ficar juntos na natureza selvagem e partem.

Vale  lembrar que ainda que existem outras tramas paralelas na obra, tais como a relação de Isabel e Álvaro. Isabel é filha bastarda do pai de Ceci e representa um novo padrão de beleza, que seria a beleza brasileira, e há sempre um contraste entre essas duas moças.

Na trama, há também o amor da mestiça Isabel por Álvaro, e amor de Álvaro por Cecília. A morte acidental da índia que pertence a tribo aimoré, causada por D. Diogo, gera revolta dos índios aimorés, e daí se inicia uma batalha. A família da índia quer matar Ceci, então começa uma rebelião dos lutadores que estão ao lado de D. Antônio de Mariz, liderados pelo ex-frei Loredano, um personagem ambicioso e de mau caráter, que pretende saquear a casa e sequestrar Cecília. Álvaro, que já tinha conhecimento sobre o amor de Isabel, e também a amava, se fere nesta guerra contra os aimorés. Ela vê o corpo de Álvaro e tenta se matar asfixiada próxima ao corpo, mas ao notar que ele está vivo, tenta salvá-lo, mas ele impede que ela se mate.

Durante a batalha, D. Antônio, ao notar que não resistiria à vida, passa o dever de cuidado a Peri a salvar Cecília e cuidar da filha. Os dois vão embora, Ceci vai inconsciente e Peri vê a casa explodindo, de longe. A única pessoa que resta na vida de Ceci agora é Peri. Rumam para um destino desconhecido durante dias, e eis que surge uma forte tempestade, que os pega de surpresa e acaba transformando-se em dilúvio. Ambos ficam no topo de uma palmeira, Ceci esperando a sua morte e do seu companheiro chegar. Peri resolve contar uma lenda indígena para Ceci, que conta a história de Tamandaré e sua esposa, que conseguiram se salvar de um dilúvio, refugiando-se no topo da palmeira sem conexão com a terra, e alimentando-se somente de frutos. Ao término da enchente, Tamandaré e a esposa descem e ocupam a Terra.
É importante ressaltar que os personagens possuem papéis e linhas pré determinadas, ou seja, com traços marcantes e simbólicos, como o herói, a heroína, os vilões, numa história de pessoas planas e previsíveis. Os heróis são Peri e Cecília, D. Antônio de Mariz é pai de Ceci e também fidalgo português; D. Lauriana é uma dama paulista, mãe de Ceci; Isabel é a filha ilegítima de D. Antônio, que assume papel na trama como sua sobrinha; D. Álvaro de Sá é o líder dos aventureiros a serviço de D. Antônio. Os vilões são Loredano, um indivíduo aventureiro e também um fraude renegado, Rui Soeiro e Martim Vaz, comparsas de Loredano.

Com relação ao contexto de O Guarani, o autor José de Alencar estabeleceu um projeto cultural ao longo de toda a sua carreira literária. O tema fundamental de todos é o Brasil. Ele escreveu obras regionalistas, históricas, urbanas e indianistas. O escritor submetia as peculiaridades nacionais, ou seja, os costumes, a uma forma inspirada no modelo romântico, considerado por ele necessário em um esforço para colocar a cultura brasileira no patamar da europeia.

O livro O Guarani é importante pois é uma expressão do nacionalismo romântico, consolidando personagens típicos do país, e reforçando a figura do herói, com qualidades de um cavalheiro medieval. Vale ressaltar nesta análise e resumo do livro O Guarani, que esta obra indianista faz parte do romantismo literário brasileiro.

A trama possui duas linhas visíveis na construção do livro, a dimensão épica das aventuras na construção da nacionalidade, e a dimensão lírica das relações amorosas, no jogo sentimental entre Peri e Ceci, Álvaro e Isabel. A característica mais marcante é a previsibilidade de o leitor saber que neste jogo, no final, o amor vencerá, e que esta vitória representa o êxito do bem na disputa contra o mal.

Outra característica rica e clara dentro da obra é o Maniqueísmo, principalmente marcante nos personagens Peri, típico cavalheiro, sempre muito elogiado por D Antônio, que o coloca em um patamar superior à do índio amigo), e Loredano, um típico vilão, que não demonstra nenhum apego a terra, e nem pelos valores da fidalguia, é exatamente o extremo do bonzinho Peri, com características que reforçam o dualismo e esta relação muito bem estabelecida e dividida entre o bem e mal.

Sobre estilo narrativo, José de Alencar utiliza recursos românticos – o famoso folhetim, marcante na época do Romantismo, descrições e definições exuberantes, diálogos dramáticos, narração que resgata fatos da vida passada dos personagens, entre muitos outros. A exploração da comparação e metáfora, também discorre durante todo o livro, e construção de uma alegoria da raça brasileira, o maior propósito da obra. Surge a formação da raça brasileira, então, a partir da união de duas raças distintas: a raça branca com a indígena, no contexto do livro, o amor entre os personagens Ceci e Peri.

Por Geraldo Genetto Pereira
Professor, escritor, blogueiro, youtuber.
Formação: Licenciatura e Mestre em Letras pela UFMG.

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