Crônica política ep. 5: Corrupção política: a culpa é dos baixos salários

Leio em jornais, na internet, ouço no rádio, assisto a televisão que a corrupção, no meio político, é como um câncer. Para justificar a corrupção política, cheguei à conclusão de que os políticos ganham muito pouco. Para pautar meu raciocínio, levei em consideração a fala de um ex-presidente da Câmara dos Deputados de que a vida política torna o cidadão muito pobre. O político disse ser vítima do baixo salário que recebe, por isso acabou se enveredando para a corrupção.

Para situarmos, informo que o pepista citado foi eleito com 300 votos para a presidência da Câmara dos Deputados no dia 15 de fevereiro de 2005, aproveitando-se de uma fratura no Partido dos Trabalhadores (PT) – então a maior bancada da Câmara, que pela tradição histórica teria o privilégio de eleger o presidente da Casa – e da articulação feita pelos principais partidos de oposição (PSDB e o PFL). Sua permanência no posto mais alto da Câmara durou 218 dias. Sua queda está ligada ao período em ocupou a primeira-secretaria da Casa, entre 2001 e 2002, quando era presidente da instituição A. N. (PSDB). O empresário S. B., dono do restaurante Fiorella, que fica dentro de um dos anexos da Câmara dos Deputados, denunciou que Severino teria começado a cobrar propinas mensais de R$ 10 mil em troca da renovação do contrato do empresário com a Casa. O episódio ficou conhecido como "mensalinho".

Após ser acusado de cobrar propina, o ex-presidente da Câmara abdicou-se do cargo para não ser cassado. Eu me lembro muito bem da despedida dele. Ela foi melancólica. Durante o discurso, diante de colegas presentes no plenário, S. foi taxativo sobre ganhar dinheiro com a política: "Deixo a Câmara como entrei. Não apenas deputado pobre, mas político endividado”. Severino sofreu um empobrecimento ilícito.

O ex-presidente da casa se foi. Mas vieram outros deputados, outros prefeitos, outros governadores, outros vereadores que sofreram e sofrem do empobrecimento ilícito na vida pública eletiva. Por isso, a maioria dos políticos está corroída pela corrupção. Para falar um pouco destes pobres coitados, começarei pelo meu estado, Minas Gerais. A lista de políticos pobres de Minas Gerais, que precisam recorrer ao crime, tem dezenas e centenas de nomes. Citarei apenas os fatos mais propalados pela mídia. Que tal começarmos por aqueles que já ocuparam cargo de governador em Minas? Então vamos lá. Começo com E. A. Esse é acusado de peculato e lavagem de dinheiro por ter supostamente desviado recursos públicos, por meio de empresas de publicidade, para sua campanha à reeleição ao cargo de governador em 1998. Sabe por que? A Culpa é dos baixos salários que recebem os políticos no Brasil.

Outro que precisou de ajuda foi o ex-governador de Minas, A. N. Segundo o Jornal Gazeta do Povo, consta nas prestações de contas apresentadas à Justiça Eleitoral que A. recebeu três doações, em 2006, da empresa que construiu um aeroporto em Cláudio, Minas Gerais, totalizando R$ 67 mil. Já na disputa seguinte pelo governo mineiro, a campanha de Anastásia, recebeu doação oficial de R$ 20 mil da construtora. Creio que isso aconteceu porque os políticos sofrem empobrecimento ilícito.

Vamos à Brasília. A Capital Federal é palco dos maiores assaltos ao dinheiro público. Ficar-me-ei com os crimes mais famosos como “O Mensalão do PT. Segundo o Ministério Público, o Mensalão era o esquema de pagamento de propina a parlamentares para que votassem a favor de projetos do governo. É o principal escândalo no primeiro mandato de L. I. L. da Silva (PT). No dia 6 de junho de 2005, o jornal ''Folha de São Paulo'' publicou uma entrevista com o deputado federal R. J. (PTB-RJ), na qual ele revelava a existência do pagamento de propina para parlamentares. Segundo o presidente do PTB, congressistas aliados recebiam o que chamou de um "mensalão" de R$ 30 mil do então tesoureiro do PT, D. S. O esquema teria sido realizado entre 2003 e 2004, segundo relatório final da CPI dos Correios, e durado até o início de 2005. J. afirmou ainda que falou do esquema para o presidente. O STF decidiu pela condenação de 25 dos 38 réus do processo. Mas por que estes políticos precisaram furtar os cofres públicos? A Culpa é dos baixos salários que eles recebem

Vamos a São Paulo. Segundo o Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, “há “fortes indícios de existência do esquema de pagamento de propina pela multinacional alemã Siemens a agentes públicos vinculados ao Metrô de São Paulo”. O documento está com o ministro Marco Aurélio Mello, relator do inquérito 3815, que apura os prejuízos com contratos superfaturados, aditivos, pagamento de propinas que podem chegar até a R$ 1 bi causados ao Estado pelo cartel do trensalão no setor de transportes públicos em São (metrô e companhia Paulista de Trens Metropolitanos – CPTM) entre 1998 e 2008, nos governos tucanos de M. C., G. A. e J. S., todos do PSDB. Por que esses políticos precisam de uma mixaria dessa? A culpa é dos baixos salários que eles recebem

Volto a Minas Gerais. Um helicóptero de um deputado foi retido pela polícia carregado com entorpecentes. O helicóptero do deputado G. P. (SDD), foi apreendido com 445 kg de cocaína em uma fazenda no Espírito Santo. O piloto preso na operação, R. A., era funcionário de confiança de P. e foi indicado por ele para ocupar uma vaga na Assembleia Legislativa. Por que um político precisa se envolver com o tráfico de drogas? A Culpa é do baixo salário que ele recebe.

O baixo salário dos políticos os leva à corrupção. Leva-os ao crime. Não é por acaso que o deputado mineiro usou a sua aeronave para transportar centenas de quilos de cocaína. Tudo culpa do baixo salário que os políticos recebem. Não é à toa que há deputados, vereadores, prefeitos pagam os seus assessores valores inferiores ao que estes recebem em folha. Se você duvida que isso acontece nas câmaras e assembleias, basta você ir até ao pátio de uma casa legislativa e conversar com motoristas/funcionários dos legisladores. Eu já tive o desprezar de conversar sobre isso até mesmo com um vereador. Ele me disse que isso é praxe da casa e ele não poderia fugir das propinas que eram recolhidas de formas diversas. Foi taxativo ao dizer que se agisse contrário, corria o risco de perder o mandato por meio de calúnias. Não tenho dúvida de que essa corrupção ocorre por culpa dos baixos salários que os políticos recebem.

Você poderá percorrer o Brasil inteiro e verá que a corrupção continua nos gabinetes políticos. Isso é culpa do baixo salário que eles recebem?

Por que será que esse povo precisa tanto de se corromper? O salário que eles ganham não é suficiente? Parece que não. Mas quanto ganha um deputado. Quanto eles recebem de verbas de gabinete para manter seus assessores. São milhares e milhares de reais por mês, mas insuficiente para custear a vida social de um político. De acordo com o Portal da Câmara dos Deputados, a remuneração mensal do deputado federal é de R$ 26.723,13 (Decreto Legislativo 805/10). Segundo o Portal R7, eles ainda recebem verba para custear salários de assessores que chega a R$ 78 mil por mês. Conforme O Globo, o salário de parlamentares no Brasil supera o de países de primeiro mundo. Ainda assim tivemos que ouvir Severino Cavalcante dizer em sua despedida da Câmara que “para pagar as dívidas de campanha, saquei o saldo de minha contribuição para a aposentadoria na Câmara dos Deputados"

Repito. O baixo salário dos políticos os leva à corrupção. Leva-os ao crime. Não é por acaso que um deputado mineiro usou a sua aeronave para transportar centenas de quilos de cocaína. Tudo culpa do baixo salário que eles recebem. Não é à toa que deputados, vereadores, prefeitos pagam os seus assessores valores inferiores àqueles recebidos em folha de pagamento. A culpa será sempre do baixo salário que recebem. E o senador mineiro A. N.? Foi necessário uma empresa fazer uma obra no aeroporto em fazenda de seus parentes em Cláudio, Minas Gerais e doar para sua campanha 60 mil reais. Por que ele precisou dessa mixaria? Culpa do baixo salário que os políticos recebem.

Mas quanto é necessário de remuneração para uma pessoa ser honesta? Bem isso não posso responder. Conheço pessoas de boa índole que recebem um salário mínimo, apenas 700 e poucos reais, mas não se envolvem com a corrupção, com o crime. Dizem que têm um nome a zelar. Afirmam que não querem ser desonra para a família. Não querem andar pela rua e serem qualificadas de ladronas, criminosas. Isso me faz pensar que a honestidade não tem preço. O baixo salário que uma pessoa recebe não a torna apta a corrupção.

Por que os políticos são quase todos corruptos? A culpa é do baixo salário? Certamente não há nada que ver com a remuneração. Chego à conclusão de que a honestidade é parte de um caráter humano. Para ser honesto não é necessário a uma pessoa ganhar muito dinheiro. A honestidade é uma questão de educação. Valores são aprendidos e apreendidos em casa. Ser desonesto não é somente roubar, mas também levantar falso testemunho, conseguir as coisas passando por cima de outras pessoas, fraudar, não ser digno, não ter caráter e enganar. Honestidade e caráter não se compram, vem de berço, mas infelizmente até mesmo pessoas que foram rigorosamente educadas podem vir a desenvolver a desonestidade. 

Vivemos em uma sociedade onde as pessoas utilizam da famosa Lei de Gerson para levar vantagem em tudo. Não se pode negar que os políticos que estão no poder fazem parte do grupo de pessoas que pensam que “achado não é roubado”, “pegar um produto de menor valor de uma empresa não tem importância, pois a firma é rica”, “saquear produtos de veículos acidentados pode, pois os produtos iam estragar mesmo”. São essas pessoas que se tornam políticos. São essas pessoas que elegemos para nos governar e gerenciarem o dinheiro público. São essas pessoas que aprenderam a não considerar desonesto a apropriação de um produto encontrado na rua. São essas pessoas que se acostumaram com pequenos furtos como uma caneta de uma empresa. São essas pessoas que quando se tornam agentes políticos creditam à corrupção a culpa do “baixo salário” que os políticos recebem.

Por Geraldo Genetto Pereira
Professor, escritor, blogueiro, youtuber.
Formação: Licenciatura e Mestre em Letras pela UFMG.




Compressor Intech Machine é bom?

Comprei um Compressor de Ar Intech Machine CE 324 2 HP 24 litros em novembro de 2014 no Walmart. Ao ser usado em janeiro de 2015, percebemos que ele esquenta muito e se desliga após menos de cinco minutos e só volta a funcionar após esfriar. Fui solicitar manutenção do produto e vi que a empresa não tem assistência para o produto em Belo Horizonte.  Observação: Vi que o portal da INTECH MACHINE não funciona para envio de reclamação. 

A empresa conseguiu um técnico para realizar a manutenção do produto na cidade de Sabará, Minas Gerais. O produto ficou mais de cinquenta dias no oficina. No entanto, não foi resolvido o problema. o motor está fraco, demorando encher o tanque e continua os mesmos defeitos: após cinco minutos de estar ligado continuamente, o produto desarma e é preciso esperar meia hora para voltar a funcionar.

Registro aqui o meu agradecimento ao profissional Elias, da empresa MG5 Compressores, e à senhoria Mislene, pela atenção e empenho em solucionar o problema. Sei que o problema do produto foge do alcance dessa funcionária de Intech, mas da empresa, não. DIGO AOS CONSUMIDORES QUE NÃO COMPRE ESTE PRODUTO COMPRESSOR INTECH MACHINE, PORQUE É JOGAR DINHEIRO FORA. COMO NÃO TENHO TEMPO DE ACIONAR A JUSTIÇA E EXIGIR A DEVOLUÇÃO DO DINHEIRO, CUJO TEMPO ME CUSTARIA MAIS CARO DO O VALOR DO PRODUTO, FICAREI COM O PREJUIZO.

Gênero crônica esportiva

Exemplo:

Sada Cruzeiro: O melhor time de voleibol que o mundo

Cara, o Sada Cruzeiro está para uma piada dentro de campo. Quando disputa torneios, o time joga mal o primeiro e o segundo set; outrora, o terceiro e quarto set. Isso empolga torcedores adversários, narradores e comentaristas de voleibol, os quais torcem para que a hegemonia do Cruzeiro acabe o quanto breve possível. Durante uma transmissão de voleibol pela televisão, é possível ouvir os seguintes comentários: “Oh, é possível jogar de igual para igual com Sada Cruzeiro”, “Se jogar um pouquinho mais, é possível vencer o Sada Cruzeiro”, “O Sada Cruzeiro não é esse bicho-papão que todo mundo fala”.

Com os jogadores cruzeirenses “sem concentração” no jogo, logo vêm os 20 pontos do time adversário. O time do Sada Cruzeiro passa a perder de 20 a 12, 20 a 15, no primeiro, segundo, terceiro ou quarto set. De forma mágica, o time reage, parecendo que se conectou em 360 volts e vence os sets por 25 a 23, 28 a 26, 30 a 28. Neste momento, torcedores adversários, comentaristas e narradores ficam assustados quanto ao elevado nível de voleibol jogado pelo Sada Cruzeiro.

Em suma, o time do Sada Cruzeiro é uma máquina de jogar voleibol; ainda que isso seja apenas uma metamorfose do substantivo. Quanto joga sério, não importa se o time está a jogar no Riachão ou no campo dos adversários. Quando os jogadores deixam de lado a firula, que eles chamam de “desconcentração”, o time vence facilmente as partidas. Logo, é possível ouvir narradores, torcedores e jogadores adversários dizerem e pensarem: “Este time do Cruzeiro é uma maquina de jogar voleibol”, “Sada Cruzeiro joga demais, porque o time está há muitos anos junto”. Isso é verdade. No entanto, há outras assertivas. Verdadeiramente, não é à-toa que o Sada Cruzeiro é tricampeão sul-americano, bicampeão mundial e da copa do Brasil e tetracampeão brasileiro de voleibol.

Por Geraldo Genetto Pereira
Professor, escritor, blogueiro, youtuber.
Formação: Licenciatura e Mestre em Letras pela UFMG.

Crônica política ep. 4: Receita para transformar um babaca político

Época de eleição é sempre a mesma ladainha: propagandas, promessas, ruas sujas. Isso me irrita, mas a capacidade de escolha dos eleitores  é o que me revolta. Os políticos sabem que a receita para se eleger é simples, pois, os votantes são incompetentes. Veja uma receita que foi usada em Belo Horizonte para vencer uma eleição em apenas uma semana.

Ingredientes
1,2 milhões de eleitores ignorantes;
100 milhões de reais;
1 cheirador de pó;
1 D. Mendonça;
15 minutos de programa político na televisão por uma semana.

Como fazer
Junte todos os ingredientes; engane os analfabetos políticos; combine as ações com a mídia mineira; seja perverso com os adversários, criando falsas notícias de corrupção e escândalos; acrescente bastante pó, muito pó mesmo, até no leito do luxuoso hospital da zona sul de Belo Horizonte; use bem os 15 minutos televisão para enganar os eleitores incompetentes; use sempre o D. Mendonça na produção do material que será entregues aos votantes; coloque panfletadores em cada esquina das ruas da capital; pague a esses, por semana, o que os professores ganham em um mês.

Resultado ação pós-eleição
Alto preço do transporte coletivo;
Falta de médico nos postos de saúde;
Superfaturamento de obras e queda de viadutos;
Baixo salário de médicos, professores, garis, e demais funcionários do baixo escalão;
Falta de equipamentos e materiais básicos nos postos de saúde;
Redução de verbas para creches e escolas municipais, inclusive a merenda;
Propaganda em todas as rádios da cidade para encher os cofres dos radialistas e enganar os analfabetos políticos; arrogância e prepotência do político eleito.

Por Geraldo Genetto Pereira
Professor, escritor, blogueiro, youtuber.
Formação: Licenciatura e Mestre em Letras pela UFMG.

Crônica política ep. 6: não vai ter golpe

Exemplo:
Não vai ter  golpe: estamos de vermelho por isso

Hoje, dia 23 de março de 2016, conversando com petistas "roxos", digo vermelhos, ouvi as seguintes frases: 
- "NÃO VAI TER GOLPE. ESTAMOS DE VERMELHO REPRESENTANDO O POVO BRASILEIRO." 
Após ouvi-las, falei. 
- "vocês estão de vermelho representando a cara da maioria do povo brasileiro, que está vermelha de vergonha". 
No entanto, um continuou: 
- "NÃO VAI TER GOLPE". 
Concluí:
- "Não vai ter golpe até que se esgotem os recursos econômicos do Brasil". 
Não houve mais discurso correligionário. Apenas risos entre os que assistiam ao embate.


Por Geraldo Genetto Pereira
Professor, escritor, blogueiro, youtuber.
Formação: Licenciatura e Mestre em Letras pela UFMG.


8 ano - prova de português - gênero mito

O mito de Pandora
Em tempos muito, muito longínquos, não existiam mulheres no mundo, apenas homens, que viviam sem envelhecer, sem sofrimento, sem cansaço. Quando chegava a hora de morrerem, faziam-no em paz, como se simplesmente adormecessem.

Mas um dia, Prometeu (cujo nome significa ‘o que pensa antecipadamente’, isto é, Previdente) roubou o fogo a que só os deuses tinham acesso e deu-o aos homens, para que também eles pudessem usufruir desse bem, na defesa contra os animais ferozes, na confecção dos alimentos, na garantia de aquecimento nas noites frias.

Ora, o rei dos deuses não podia deixar passar em branco a afronta de Prometeu e concebeu um castigo terrível para a humanidade.

Mandou então que, com a ajuda de Atena, Hefesto, o deus ferreiro, criasse a primeira mulher, Pandora, que significa (‘todos os dons’), e cada um dos deuses dotou-a com uma das suas características: Afrodite deu-lhe beleza e poder da sedução; Atena fê-la arguta e concedeu-lhe a habilidade dos lavores femininos; mas Hermes deu-lhe a capacidade de mentir e de enganar os outros.

Zeus ofereceu-a então de presente a Epimeteu, que era irmão de Prometeu. O seu nome significava exatamente o contrário do do irmão, pois Epimeteu quer dizer ‘o que pensa depois’, isto é, Irrefletido. E, de facto, sem pensar duas vezes e contrariando a advertência do irmão, que lhe dissera que nunca aceitasse nenhum presente vindo de Zeus, ele deixou-se seduzir pela bela Pandora e casou-se com ela.

Pandora trazia consigo um presente dado pelo pai dos deuses: uma jarra (a’ caixa de Pandora’), bem fechada, que estava proibida de abrir. Mas, roída pela curiosidade, um dia decidiu levantar só um bocadinho da tampa, para ver o que lá se escondia. De imediato dela se escaparam todos os males que até aí os homens não conheciam: a doença, a guerra, a velhice, a mentira, os roubos, o ódio, o ciúme… Assustada com o que fizera, Pandora fechou a jarra tão depressa quanto pôde, colocando-lhe de novo a tampa. Mas era demasiado tarde: todos os males haviam invadido o mundo para castigar os homens. Lá muito no fundo da jarra, restara apenas uma pequena e tímida coisa, que ocupava muito pouco espaço, a esperança. Por isso se diz que ‘a esperança é a última a morrer’. De facto, com todos os males soltos no mundo, lutando e quantas vezes vencendo os bens de que os homens gozavam, só a esperança, bem guardada no mais fundo dos nossos corações, nos dá ânimo para nunca desistirmos de expulsar as coisas más das nossas vidas.

Questão 1.
O que será que os homens fizeram para Zeus castigá-los assim? 
Questão 2.
Há alguma história parecida com essa? 
Questão 3.
O texto mostra uma imagem positiva ou negativa da figura feminina? 
Questão 4.
Que expressões do texto podem justificar a sua resposta? 
Questão 5.
Como você imagina a aparência de cada um desses males libertados por Pandora?
Questão 5.
E se fosse Pandora quem contasse essa história? 
Questão 6.
Como ela contaria sua versão?
Questão 7.
O que levou Pandora a abrir a caixa?
Questão 8.
Quais foram as consequências da abertura da caixa por Pandora?
Questão 9.
Os mitos percorreram tempos e espaços chegando até nós por diversos meios, como séries, filmes, livros, teatro entre outros. 
a)Cite um personagem atual baseado nos deuses mitológicos. Justifique sua resposta.

Questão 10.
Se Pandora não tivesse aberto a caixa, como você acha que seria o mundo atual?
Questão 11.
Quando Pandora abriu a caixa, vários males saíram e o mundo mudou. Dentre estes males, qual você devolveria para dentro da caixa? Justifique sua resposta.


Artigo científico ep.2. O medo abordado na literatura: morte

Este artigo foi apresenta na Universidade Federal de Minas Gerais/Faculdade de Letras na disciplina Literatura Brasileira.
Por Geraldo Genetto Pereira
Professor, escritor, blogueiro, youtuber.
Formação: Licenciatura e Mestre em Letras pela UFMG.

Um tema recorrente na linguagem literária é o medo. Nos livros, há medo de doença, de desemprego, de tristeza, de solidão e, na atualidade, devido à agitação da vida moderna, a fobia denominada síndrome do pânico. Na literatura, o medo  mais propalado é da morte. 

A partir do momento em que o indivíduo passa compreender o mundo em que vive, ele se depara com esta mística palavra. “De todos os temas melancólicos, qual, segundo a compreensão universal da humanidade, é o mais melancólico? A morte – foi à resposta evidente. E quando – insistir esse mais melancólico dos temas se torna o mais poético? (POE, p.410). É uma boa pergunta, afinal, este tema é o mais usual na literatura, seja qual for o estilo. Uma ação passiva ao fenômeno poderia qualificá-lo como belo, pois morrer ou relacionar-se intimamente com a morte não possui nada de belo. A citação diz respeito à poética e isso vem de encontro da análise que se fará neste texto. O foco poético será as poesias de Gonçalves Dias, as quais possuem uma relação íntima com o tema, porém tal análise não significará dizer que as obras poéticas do século XIX foram as mais recorrentes à palavra morte, pois ela está circunscrita na antiguidade literária. É possível que tema morte esteja tão íntimo à literatura devido ao ciclo vital: nascer, crescer, reproduzir e morrer.

A morte possui tanto sentido concreto e abstrato; apesar de se ligar mais à melancolia, haverá situações que se aproximará da alegria. Quando ela relaciona a algo que aterroriza a alguém, tal como uma pessoa que não é aceitável a uma comunidade, devido aos atos indecorosos, a morte desta é recebida com alegria. 

É difícil afirmar que o poeta possui relação passiva ou ativa com o tema morte. Se se diz que a relação dele está ligado à beleza; é coerente citar o escritor Poe que diz que “quando ele se alia, mais de perto à beleza, a morte, pois [...] é, inquestionavelmente, o tema mais poético do mundo”.(Poe, A.E. p.410). Somente uma ação passiva ao fenômeno pode qualificá-lo como belo, pois morrer ou se relacionar intimamente com a morte não possui tal característica para a maioria dos seres humanos. Sabendo disso, o poeta, por meio de paradoxo, promove a interatividade entre leitor e texto, pois se utiliza um tema arrepiante como produto poético.

A afirmativa de que a morte é um tema mais poético do mundo é consequência das inúmeras aparições do tema na poesia. Gonçalves Dias faz várias referências à morte em suas poesias. Por exemplo, o poema morte é constituído por uma narrativa que traz um diálogo eu-lírico com a morte. “Vi formada uma beleza, cheia de encanto, de amor” (Dias, s.d.; p.74). Nesse trecho, percebe-se que o terror à morte é substituído por admiração. Cabe a pergunta: como poderia a morte, que ceifa as vidas, ser repleta de amor, de inocência e responsabilidade? Algumas versos, que estão na poesia citada, contêm a resposta para esta pergunta. Veja o que diz a personagem.
[...]
Assim dizia - tu julgas
Que não tenho coração
Que executo meus deveres
Sem pesar, sem aflição?
- Que ainda flor da vida arranco
ao jovem sem compaixão
à donzela pudibunda
Ou ao longevo ancião?
- Oh! Não, que eu sofro martírio.
Do que faço ao mais sofrer
Sofro dor de outros morrem
De que não posso morrer
- Mas em parte a dor me cura
Um pensamento que é meu
Lembro aos humanos que a terra
É só passagem para o céu.

Esse versos podem contêm uma resposta ao questionamento do interlocutor da morte. Por meio deles, podemos perceber uma ruptura poética com o medo, uma vez que o eu-lírico é capaz de entrevistar aquilo que mais assusta aos humanos, a morte. Essa diz ao interlocutor que as inferências que ele faz  faz não são verdadeiras, porque ela não tem prazer na morte dos humanos e desejaria passar pela morte, porém isso não é possível, por isso, se apraz em permitir a passagem dos homens ao céu. Vê-se que nos versos acima, o poeta usa adjetivos que são incomuns à morte, tal como compaixão, tristeza e ações como trabalho, matar sem prazer.

Pode-se verificar que nos verso do poema acima, morte tem a preocupação de mudar o pensamento do homem com relação as ações dela. Através da narrativa, pode-se dizer que o objetivo do poeta é mostrar ao leitor que não há necessidade de temer a morte, pois, ela apenas executa um ofício que lhe é outorgado, uma vez que a vida é transitória. Sua missão é permitir que aos humanos passem da terra para o céu, sendo um favor que ela faz aos terrestres. Nesse sentido, a acusação se inverte: a morte, que era culpada de tirar a vida dos seres terenos, torna-se vítima dessa ação, pois é forçada a realizar tal trabalho, todavia é acusada de cruel.

A morte, para o poeta, é um ser concreto, com qual o homem precisa se relacionar, ou seja, ser capaz de compreende e respeitar a profissão que exerce: matar. Assim, a morte não causará medo ao homem, pois esse sabe que um dia ela virá cumprir oficio designado, que é de enviá-lo ao céu. A narrativa dessa poética é diferente de outras que tratam do mesmo, como as obras de Edgar Alan Poe, pois há um contraste da realidade incutida na mente humana, levando o leitor a um relacionamento diferenciado com a morte, mudando  assim até mesmo a visão que o próprio poeta tem dela:  “Não permita Deus que eu morra, sem que eu volte para lá”. (Dias, s.d: p.22). Nesses versos vê-se que ser retirado da terra antes do momento desejável pelo poeta cause-lhe angústia e repúdio à morte. Nesse caso, o sentimento de perda o impede de aceitar a ação da morte. Para um ser humanos, aceitar o trabalho da morte  não faz sentido, pois, sabe que ela causa tristeza a quem perde um ente querido. Ciente disto, o eu-lírico faz um alerta às mulheres espanholas que permitiram os maridos lutarem contra os nativos das Américas: “seu marido já é morto, noticia dele não soa, pois esta gente guerreira, bastos ceifa a morte à toa”.(-----. p.38). Ele sabe que a morte, para os humanos, é cruel e, por isso, tenta alertar quem ousar enfrentar os nativos americanos, pois a morte lhes é aliada, ceifando à toa - sem motivo, os oponentes dos índios. Se se não teme àqueles, porém a esta jamais deve enfrentar.

Através dos poemas analisados neste texto, pode-se ter uma noção de como o medo da morte foi trabalhado nas poesias do poeta indianista. Pôde-se perceber que o leitor não possui uma relação íntima com ela, uma vez que lhe causa terror. A realidade do imaginário humano é exposta: “não faça isso, senão você morrerá", "não coma isso que pode te matar”. Diferente a esse posicionamento sobre a ação da morte, o texto de Dias contém uma narrativa em que o eu-lírico é "íntimo" à morte. Logo, o poeta, conseguiu inovar em relação à temática, pois, a morte sempre foi repudiada pelos humanos, mas acaba obtendo louvor por meio de um poema, no o qual lhe é permito fazer um desabafo. Numa linguagem adaptada à modernidade tecnológica, diz-se que lhe fora aberto o “microfone” da poesia e que agora pode-se defender das acusações que a foram imputadas a séculos. Pode-se comparar o ato como uma ação de direito de resposta, o qual é a concessão a réplica no jornalismo, ou seja, a morte que sempre foi acusada, na literatura e outros, de praticar ato de crueldade contra humanos, agora, o poeta lhe concede o direito de responder a essa acusação. Essa defesa ocorre de forma ininterrupta, pois, a morte se calara a dezenas de séculos e momento poético se torna único, por isso, ela não deveria ser interrompida pelo interlocutor. Percebe-se que o cenário é construído semelhante à um tribunal, onde cada agente respeita o tempo de fala determinado.

A construção da narrativa do poema é maravilhosa, pois, ao final do discurso da vitima, o eu-lírico a inocenta e transfere a culpa ao homem, uma vez que ela sempre sofreu a dor de praticar a ação de matar, ceifa as vidas, mas isso é necessário, porque permite a passagem dos humanos ao céu. A pergunta final do eu-lírico ao leitor poderia ser: por que ter medo da morte se ela está a serviço dos humanos? Se a morte possui sentimentos e realiza o dever que fora 'outorgado', de simplesmente concluir o ciclo vital do homem, não há necessidade de temê-la, tampouco de acusá-la de ‘sem coração’.

Outro ponto importante na narrativa do poema, é a concessão de beleza à ação da morte, um temática pouca explorada em livros literários. Apesar da morte assustar o mundo real, com esse, ela tem uma relação intimidade, estando presente  tanto linguagem escrita quanto na oral. Logo, o eu-lírico permite que ela se defenda das acusações que são imputadas pelos humanos, um ser que amedronta as pessoas. É coerente dizer que o poema de Gonçalves Dias é forma inovadora de falar da morte. O poeta foge do estereótipos tradicionais que contêm adjetivos pejorativos, assim como apresenta um maneira distinta de lidar com a morte, apresentando o ser humano como corresponsável pela ação da morte. Isso é uma maneira de fazê-lo refletir que, sem a morte, não é possível concretizar o ciclo vital terrestre e se transferir para o céu. Também leva o leitor a refletir sobre as reclamações contra a morte, porque, se aqui na terra, ele culpa a morte pela crueldade e ceifar a vida, no habitar celeste, o Arcanjo do Senhor, a morte, também reclama de tal oficio que lhe fora ofertado, transportar o homem da terra ao céu.

Bibliografia
DIAS, Gonçalves. Obras completas. São Paulo. Editora cultura, 19..
POE, Edgar Allan. Poesia e prosa. Rio de Janeiro. Editora Ediouro, s.d.

Artigo científico ep.3: Análise do discurso de horóscopos

Este artigo foi apresentado na Universidade Federal de Minas Gerais/Faculdade de Letras no curso de "Análise do Discurso" no ano de 2007.

Por Geraldo Genetto Pereira
Professor, escritor, blogueiro, youtuber.
Formação: Licenciatura e Mestre em Letras pela UFMG.
Introdução
O horóscopo é um gênero textual que está presente nos jornais, nas revistas e nas rádios. Ele possui grande aceitabilidade do publico leitor e dos ouvintes, em virtude de conter informações que o leitor/ouvinte quer-saber. Nesse ensaio analisaremos a construção discursiva desse gênero nos jornais e nas revistas e mostraremos como o sujeito comunicante e o sujeito interpretante são parceiros em uma relação contratual. Charaudeau disse que eles estão “implicados no jogo que lhes é proposto por uma relação contratual”.(CHARAUDEAU, 2001:30), pois o contrato de comunicação é o saber compartilhado sobre a finalidade de comunicação. É por intermédio dessa relação contratual que o sujeito comunicante se apresenta como um “parceiro que detém a iniciativa no processo de produção do discurso”.(idem, p.31), e tal produção discursiva tem como o objetivo levar o sujeito interpretante ao crer-ser verdadeiro o seu discurso, já que este “é o parceiro que tem a iniciativa do processo de interpretação”.(idem, p.32). O sujeito comunicante está em uma função de fazer-saber, na maioria dos discursos do gênero textual Horóscopo, como veremos na análise, por isso escolhemos como base teórica, para análise dos textos, as visadas discursivas, teorias de Patrick Charaudeau. Analisaremos duas revistas femininas, Cláudia e Todateen, e dois jornais, um de circulação nacional e outro de circulação regional.

As visadas discursivas
O texto é o produto de uma ação comunicativa, isto é, a pratica discursiva, e esta é um processo de comunicação que inclui a finalidade, a identidade (quem fala com quem), o dispositivo físico, o espacial e o temporal(aqui, ali, lá, agora). Veremos, através da análise do horóscopo nas revistas e nos jornais, que o narrador constrói o discurso tendo um público alvo e delimitado e, é para este que o sujeito comunicante tem a finalidade de fazer-saber, enquanto o interesse do sujeito interpretante é o querer-saber justamente aquilo que o locutor diz. Há um contrato de comunicação entre ambos e esse contrato está incluso um o saber compartilhado.

As visadas têm um papel importante para a comunicação, porque elas “determinam a orientação do ato de linguagem como ato de comunicação em função da relação que o sujeito falante quer instaurar frente ao seu destinatário”.(CHARAUDEAU, 2004:13). É nessa perspectiva mostremos como se dá a atuação do Eu Comunicante no horóscopo frente ao Sujeito Interpretante, que é variado. Veremos, através dos textos, que necessário ter um saber sobre o modo de falar, para que o diálogo se instaure e se torne regular. São as regras sócio-comunicativas. O sujeito Comunicante do horóscopo domina essas regras e sabe que seu discurso deve ser breve e objetivo, principalmente em função do pequeno espaço que lhe é destinado no jornal ou na revista para construir o discurso. Ele precisa organizar o discurso de forma objetiva e pratica, para um leitor que busca informações exatas e verídicas e em um curto espaço de tempo. As visadas discursivas têm a finalidade organizar o discurso. Normalmente, nos horóscopos, o Sujeito interpretante está situado na visada discursiva de solicitação, querer-saber; enquanto o Sujeito comunicante está situado na visada discursiva de informação, fazer-saber. Antes de entramos na análise dos textos do gênero textual horóscopo, faremos uma breve introdução sobre as visadas discursivas, principalmente sobre as seis visadas que foram propostas por Charaudeau.

As visadas discursivas dizem respeito ao modelo de discurso que é construído com o objetivo de informar, incitar, prescrever, solicitar, instruir e demonstrar. Elas “correspondem a uma intencionalidade psico-sociodiscursiva que determina a expectativa(enjeu) do ato de linguagem do sujeito falante e, por conseguinte, da própria troca linguística. As visadas devem ser consideradas do ponto de vista da instância de produção que tem em perspectiva um sujeito destinatário ideal, mas evidentemente elas devem ser reconhecidas como tais pela instância da recepção. É necessário que o locutor e o interlocutor possam recorrer a ela. As visadas correspondem, assim, a atitudes enunciativas de base que encontraríamos em um grande Corpus de atos comunicativos reagrupados em nome de sua orientação pragmática, mas além de sua ancoragem situacional”.
CHARAUDEAU, 2004:23.

Como se pode ler na citação acima, as visadas têm um destinatário ideal e é devido a essa característica que ela é útil ao horóscopo. Veremos, na analise do corpus, que o Sujeito Interpretante tem um perfil traçado pelo Sujeito Comunicante [1], ainda que várias classes sócias leiam os horóscopos nos jornais e revistas, ainda assim o EUc direciona seu discurso a um interlocutor especifico. Quanto à necessidade do locutor e do interlocutor recorrer às visadas, como diz Charaudeau, é que o EUc quer fazer-saber, enquanto que o Sujeito Interpretante[2] está na posição de querer-saber. Para esclarecermos um pouco sobre a citação acima, passaremos às seis visadas: a visada da informação ocorre quando o EUc quer-fazer-saber, isto é, quer informar ao Tu sobre algo que ele julga necessário que o Tu saiba. Enquanto que o “Eu se legitima como o detentor do saber, o Tu se encontra na posição de dever-saber [3]” alguma coisa sobre existências de fatos, ou o porquê eles surgiram. A visada da instrução diz respeito ao fazer-saber-fazer, em que o Eu quer orientar o Tu, pois aquele “se encontra ao mesmo tempo em posição de autoridade de fazer saber [4]” e o Tu na posição de dever-saber-fazer. Na visada da instrução podemos rememorar o professor que é responsável pelo fazer-saber-fazer e pelo fazer-saber, enquanto que o aluno recebe as informações e instruções e as põe em prática, passivamente, por meio do dever-saber e o dever-fazer. A terceira visada é a da demonstração, que tem que ver com as provas da verdade que o Eu apresenta ao Tu; este está na posição de ter que receber e “avalia uma verdade [5]”. A quarta visada tem que ver com a prescrição, em que Eu “mandar-fazer”, prescrevendo o que o Tu dever fazer, agindo como autoridade que sanciona e o Tu “se encontra, então, em posição de dever fazer[6]”. A quinta Visada proposta por Charaudeau é a da solicitação em que o Eu quer-saber. Ele se apresenta em posição de inferioridade ao Tu; este “está na posição de autoridade de dever responder a solicitação[7]”. A ultima visada é a de incitação, em que o Eu não se encontra na posição de autoridade, mas manda-fazer por meio do fazer acreditar – por persuasão ou sedução.

A nossa pressuposição sobre o discurso do horóscopo é de que há um engajamento do sujeito Comunicante. Ele se posiciona na escolha dos argumentos ou das palavras, numa modalização avaliativa do seu discurso. Há, também uma estratégia de captação que visa seduzir ou persuadir o parceiro das trocas comunicativas de tal modo que EUc vai entrar, através do pensamento, no ato de comunicação, compartilhando, pois, a intencionalidade, os valores e as emoções de que EUi, como observa Maingueneau[8]. Veremos isso na análise dos horóscopos da Revista Todateen, na qual tal ocorrência é mais explícita, uma vez que o EUc “assumi” a personalidade das adolescentes por meio de uma linguagem que é própria desse grupo social.

Os horóscopos serão analisados a partir das perspectivas das visadas discursivas. Mostraremos que os fundamentos teóricos das visadas se faz presente na construção do discurso dos horóscopos, principalmente pela visada da informação e pela visada da instrução. As visadas permitem que a enunciação seja legitimada e que o discurso seja validado “por aquilo que ele diz e por aquilo que ele silencia”, como diz Focault. Assim observamos que essa citação é pertinente ao discurso do horóscopo, uma vez que ele é validado por aquilo que fazer saber. Como se observará nos horóscopos abaixo, o discurso está fundamentado pelo efeito de verdade. O EUc tem a intenção de fazer-crer que seu discurso está pautado pela verdade. Citar p. 49 discurso das mídias de Charaudeau. Os leitores desse gênero textual horóscopo não questionam o que Pêcheux chama de imagem de A em B, isto é quem é ele para que me fale assim, devido ao efeito de verdade contido no discurso. Então o EUi “aceita” o discurso do EUc como uma verdade inquestionável. Aquele crer-ser verdadeiro as informações e instruções contidas no discurso deste. É pela modalização veridictória que se faz com que a relação entre o sujeito (leitor) e o objeto (horóscopo) esteja articulada no nível da verdade: crer-ser verdadeiro o discurso do sujeito comunicante. Outra afirmação que podemos fazer sobre a veridicção no discurso dos horóscopos diz respeito ao que Aristóteles enumera como três qualidades que inspiram a confiança no discurso, que são a “Arete, a Phónesis e a Eúnoia”(EGGS apud Amossy, 2005:32). Isso significa que o EUc tem um ar ponderado, se apresenta como um homem simples e sincero, formando uma imagem agradável de si, isto é, essa imagem é construída pelo sujeito interpretante, o Tu, como um Eu sábio, bom, solidário e sincero.

Analise do corpus
Começaremos a análise do corpus, horóscopo, a partir de duas revistas femininas. Elas começam o gênero, supracitado, com o signo Escorpião, uma vez que ele é o signo do mês de novembro, no qual foram publicadas. Percebemos que o contrato de comunicação entre o EUc e o EUi é igual nas duas revistas e o que difere uma da outra é a representação social, devido a faixa etária do público-alvo. Uma se dirige às adolescentes e a outra às mulheres maduras. Com relação ao contrato comunicacional nas revistas femininas, Melo diz que ele é estabelecido a partir do momento “em que o jornalista(no nosso caso, o astrólogo) – Eu comunicante -, assume a postura de um enunciador que não se “esconde” ou se apaga por trás da notícia , como costuma acontecer no contrato de comunicação jornalístico, mas que, pelo contrario, faz questão de se mostrar como amigo, confidente, alguém intimo da leitora, que conhece seus problemas, desejos e anseios a fundo e tem as respostas que ela procura. A consumidora da revista(do horóscopo), por sua vez, assume, no circuito interno, a imagem de uma mulher que está em busca de algo, que pode ser o sucesso profissional, a satisfação consigo mesma, ou a realização no relacionamento amoroso. E, em síntese, alguém cheia de expectativas, e que conta com a ajuda da revista(horóscopo) para concretizá-las”.
(MELO, 2006)

Quanto ao EUc se mostrar confidente, amigo e alguém íntimo da leitora é nítido, principalmente, na Revista Todatenn, como se observa pela leitura do signo Sagitários, por exemplo: “desanimada? Never! E hora de fazer justiça à fama de seu signo e levantar seu astral imediatamente(...) batalhe pelos seus sonhos sem encanações ou duvidas”. Já sobre a questão da busca do sucesso profissional é recorrente na revista Claudia, como no signo de leão: “use toda sua criatividade para se dar bem no trabalho e colherá os frutos já nesse mês”. A busca pela satisfação com si mesma é observável nas duas revistas, como em: “chegou sua vez de brilhar! Neste mês, a sorte vai soprar em sua direção e ninguém pode negar que o seu poder de sedução está no auge”.(câncer/Todateen) e “(....) abra espaço para cuidar da beleza, porque os tratamentos vão surtir efeito”.(Capricórnio/Claudia). A respeito da realização amorosa, verificamos as seguintes passagens, em que na revista Todateen lê-se: “quer acertar os ponteiros com aquela paquera ou está louca para encontrar um gato legal? Tenha paciência garota!”.(para Áries) e “as estrela vão dar a maior força para você que esta ficando ou namorando. Clima de puro romantismo com o gato”.(para Touro); e, já na Revista Claudia lê-se o seguinte: “mostre-se mais sedutora com seu amor”, (para gêmeos), e, “na vida amorosa, em vez de exigir de mais do parceiro, experimente soltar as rédeas e deixar as coisas fluírem um pouco”, (para Touro), e “amores do passado podem reaparecer”, (para Virgem).

Quanto à organização discursiva do horóscopo nas duas revistas femininas, percebemos que há predominância dos atos alocutivos que se caracterizam pela presença explicita do interlocutor no ato da enunciação, como o uso do pronome pessoal de tratamento você em: “(...) se você está afim de curtir aquela ferveção, não perca uma balada por nada”.(capricórnio /Todateen), “(...) você vai receber uma porção de convites para sair”.(Aquário/Todateen), “mesmo que você alcance o sucesso, precisará lidar com a crise interna...”.(Áries/Claudia) e “(...) sem clareza, você corre o risco de tomar atitudes prejudiciais”.(Touro/Claudia). O uso do ato alocutivo também se dá pelo uso do verbo no imperativo como em: “(...) batalhe pelos seus sonhos”.(Sagitários/Todateen), (...) aproveite as oportunidades de aproximação para falar com aquele carinha especial”.(Virgem/Todateen), “Tente aproveitar a presença benéfica de júpiter em seu signo”.(Escorpião/Claudia). O uso da modalidade alocutiva, que introduz uma interpelação direta ao interlocutor, sugere uma maior aproximação entre o sujeito comunicante o sujeito interpretante, criando uma intimidade entre ambos. O sujeito enunciador se caracteriza como uma espécie de um amigo ou confidente que se converte em um conhecedor dos segredos e desejos mais íntimos da leitora. Essa intimidade é reforçada, sobretudo na Revista Todateen, pelo uso de uma linguagem informal e jargões típicos da fala dos adolescentes, como nos exemplos: “Desanimada? Never! e, “os agitos com a turma vão revelar belas surpresas e muitas paqueras, por isso, se você está a fim de curtir aquela ferveção, não perca uma balada por nada. Um lance que você espera, inclusive um ideal de um amor, pode virar realidade nessa temporada. Fique antenada”.
Como em todo ato de linguagem, o discurso do horóscopo é ordenado em função de um objeto, isto é, apresenta finalidades tais como informar e instruir. Observamos que nos horóscopos, presentes nas revistas femininas em análise, há predominância da visada da informação e da instrução. Quanto à visada da informação citaremos alguns exemplos, como: “mais popular e encantadora, você vai receber uma porção de convites para sair”, “belas surpresas estão reservadas para seu coraçãozinho”, “as estrela vão dar a maior forca para você que está ficando ou namorando”. Já quanto à visada da instrução podemos perceber em tais passagens: “(...) tenha paciência, garota! Se seu sonho empacar no começo do mês, vai virar na segunda quinzena”, “(...) mas convém ir com calma para não se precipitar...”, “(...) mostre delicadeza, especialmente na primeira quinzena, quando ele estará muito sensível”.
Charaudeau disse que em uma mesma enunciação podemos ter diferentes visadas; isso pode ser verificado no gênero textual horóscopo, em que ora começa com a visada da informação e encerra o texto do signo com a visada da instrução, ou vice-versa. Observamos que no signo [9] câncer(Revista Claudia) há duas visadas. Ele começa com a visada da informação e finalizado com a visada da instrução. Já em Leão(idem) ocorre o contrário, inicia-se com a visada da instrução e finaliza com a visada da informação.

Como havíamos relatado anteriormente, percebemos a construção discursiva dos horóscopos, nas duas revistas femininas analisadas, apresenta as mesmas finalidades, que é informar e instruir. Então o que difere uma revista da outra é a representação social do seu público-alvo. O sujeito comunicante da revista Claudia se dirige ao sujeito interpretante que possui características de uma mulher madura, como podemos observar na seguinte passagem, “amores do passado podem reaparecer”; liberal, “soltar as rédeas e deixar as coisas fluírem um pouco”; moderna e com uma vida social intensa, “o amor e os estudos vão andar juntos” e “será fundamental organizar a rotina em casa e no trabalho”. Enquanto que na revista Todateen o discurso é direcionado a uma menina adolescente, que participa dos “agitos com a turma”; imatura, que precisa deixar “a timidez de lado” e que o “coraçãozinho está em busca de segurança afetiva”.

Assim como as revistas analisadas, nos jornais Folha de São Paulo e Super Notícias o discurso se dá por intermédio das visadas discursivas da informação e da instrução. Elas podem ser observadas em todo os discursos dos horóscopos e as duas podem ocorrer em um mesmo texto. O que difere o horóscopo da Folha de são Paulo do horóscopo do Jornal Super Notícias é que naquele há uma padronização do discurso, na qual os textos dos horóscopos começam com a visada da informação e terminam com a visada da instrução[10], enquanto que o outro jornal não há tal padronização, os textos ora começam com visada da informação, outrora com a visada da instrução.

Na análise discursiva dos horóscopos das revistas femininas vimos que o discurso, apesar de ter uma finalidade de informar e instruir, ele se diferenciava quanto à representação social do público-alvo, devido à faixa etária. Nos horóscopos dos jornais a representação social também é importante e por ter a objetividade de informar e instruir, neles, também há um público-alvo que se almeja atingir pelo discurso. Diferente das revistas femininas, a representação social dos leitores dos jornais diz respeito ao status social. O EUc da Folha de São Paulo se dirige ao EUi membro de uma elite sócio-cultural. Ele pode ser qualificado como um ser intelectual que faz “aventuras no mundo do pensamento, da filosofia”; ‘um homem de negócios’, em que “o sol estará iluminando suas relações com os sócios”; ‘um homem de viagens’, em que faz “viagens pelo mundo do pensamento, da filosofia e, porque não, das viagens geográficas”.(Áries/F.São Paulo). As previsões são direcionadas ao leitor que possui capital-financeiro, que viaja pelo mundo e que é sócio de alguma empresa. Entretanto no Jornal Super Notícias o discurso contido no horóscopo é de um sujeito enunciador se dirigi a um sujeito destinatário de classe popular. Este pode ser qualificado como empregado de baixo escalão que recebe ordens do chefe, como em: “seja mais profissional nestes próximos dias. Use de tato e inteligência para influenciar os superiores”.(Capricórnio/Super Noticias); desempregados, “fluxo benéfico para exames, concursos e testes vocacionais”.(Leão/idem); homens de negócios, que pode ser qualquer pessoa que deseja vencer na vida, como se lê em: “Sua vontade de vencer na vida estará exaltada neste dia. Os negócios deverão lhe trazer ótimos lucros, o trabalho será progressivo”.(touro/idem).
Quanto ao ato alocutivo, percebemos que a relação entre o enunciador e o destinatário no discurso dos horóscopos dos jornais é diferente das revistas, uma vez que a intimidade entre ambos é menor se comparado com o discurso das revistas femininas. Ressaltamos que nos jornais analisados não percebemos um direcionamento do discurso a um gênero sexual especifico, como ocorre nas revistas femininas supracitadas.

Conclusão
Vimos que o EUc tem a habilidade de exercer sua competência discursiva no horóscopo. Ele é capaz de adaptar a certas situações comunicativas para atingir um EUi ideal. Na análise do corpus, comprovamos que o gênero textual horóscopo tem um discurso pautado pelas visadas discursivas, principalmente a da informação e da instrução e que elas “determinam a orientação do ato de linguagem que o sujeito quer instaurar frente ao seu destinatário”, como diz Charaudeau. Essa relação que se constrói entre ambos é firmada por um contrato de comunicação. Mostramos, também que a modalização veridictória é importante no discurso desse gênero textual, pois é por meio dele que se leva o sujeito interpretante a crer-ser verdadeiro o conteúdo do discurso, o que Charaudeau chama de efeito de verdade. O Fazer-Crer e o Fazer-Saber estão contidos nos discursos dos textos analisados e para que aquele seja valido é necessário que o sujeito comunicante tenha um ar ponderado e que se apresente como homem sincero e sábio.

[1] Doravante, EUc.
[2] Doravante, EUi.
[3] CHARAUDEAU, 2004:23
[4] idem.
[5] idem, p.24.
[6] idem, p.23.
[7] idem.
[8] Maingueneau, Dominique,1989:127.
[9] Ver os signos em anexo.
[10] Foi o que constatamos no corpus em análise e em outros periódicos que datam posteriores ao incluso no corpus.

Crônica social ep. 6: Machado de Assis era branco?






Caixa Econômica troca ator branco por um mulato para representar Machado de Assis

O preconceito racial parece não ter fim no Brasil! A Caixa Econômica Federal usou um ator branco para representar uma personalidade negra. Após polêmica, a empresa trocou ator branco por um mulato para representar Machado de Assis em propaganda. Após grande polêmica, passou a ser veiculada em cadeia nacional uma nova propaganda em comemoração aos 150 anos da Caixa Econômica Federal. A versão anterior da peça publicitária havia desagradado muita gente porque representaram o escritor Machado de Assis, que era mulato, com um ator branco.

Agora quem encarna o escritor do século XIX é um ator negro. O vídeo antigo foi tirado do ar no fim de setembro. Em nota oficial divulgada à época, o banco se desculpou "a toda a população e, em especial, aos movimentos ligados às causas raciais, por não ter caracterizado o escritor, que era afro-brasileiro, com a sua origem racial".

Por Geraldo Genetto Pereira
Professor, escritor, blogueiro, youtuber.
Formação: Licenciatura e Mestre em Letras pela UFMG. 

 

Grande Sertão: Veredas - resumo


“Sentimento que não espairo; pois eu mesmo nem acerto com o mote disso ― o que queria e o que não queria, estória sem final. O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. O que Deus quer é ver a gente aprendendo a ser capaz de ficar alegre a mais, no meio da alegria, e inda mais alegre ainda no meio da tristeza! Só assim de repente, na horinha em que se quer, de propósito ― por coragem. Será? Era o que eu às vezes achava. Ao clarear do dia.”                     ROSA, João Guimarães. Grande Sertão: Veredas, página 293.
O autor
O médico e diplomata João Guimarães Rosa foi também contista, novelista e romancista. Nascido em 27 de junho de 1908, em Cordisburgo, pequena cidade do interior de Minas Gerais, Guimarães Rosa foi autodidata nos estudos de línguas desde a infância. Aos 9 anos já possuía conhecimentos em francês, holandês e inglês, e sua paixão não parou por aí.

Análise da obra de Guimarães Rosa
Grande Sertão: Veredas um dos maiores romances da literatura brasileira, não apenas em razão de sua extensão, mas também pela inovação linguística, sendo o único romance de João Guimarães Rosa. A escrita do texto oscila de forma autônoma entre dialeto regional e criações arbitrárias, afastando-se da norma culta. A obra, uma das mais importantes da literatura brasileira, é elogiada pela linguagem e pela originalidade de estilo presentes no relato de Riobaldo, ex-jagunço que relembra suas lutas, seus medos e o amor reprimido por Diadorim.

O romance "Grande Sertão: Veredas" é considerado uma das mais significativas obras da literatura brasileira. Publicada em 1956, inicialmente chama atenção por sua dimensão – mais de 600 páginas – e pela ausência de capítulos. Guimarães Rosa fundiu nesse romance elementos do experimentalismo linguístico da primeira fase do modernismo e a temática regionalista da segunda fase do movimento, para criar uma obra única e inovadora.

A história acontece no estado de Minas Gerais e caminha pelos estados próximos, como Bahia e Goiás. Narrada em primeira pessoa pelo herói da obra, o ex-jagunço Riobaldo, que dialoga sobre sua vida com um interlocutor que aparece de forma indireta na obra. Riobaldo, agora na condição de fazendeiro, relembra suas lutas, seus medos e o amor reprimido por seu amigo Diadorim.

A narrativa Conta sobre uma figura muito importante que ele conheceu ainda na infância, Reinaldo, um menino por quem Riobaldo nutria grande admiração e afeto. Ainda na juventude, sua mãe veio a falecer e ele foi morar com o padrinho, que o direciona a estudar e, em pouco tempo, começa a dar aulas para um fazendeiro da região, chamado Zé Bebelo. Zé estava interessado em colocar fim nos jagunços e convida Riobaldo para seu bando. Após sua primeira disputa, Riobaldo decide desertar e mudar de grupo, quando então reencontra o amigo Reinaldo. A história segue entre batalhas, casos amorosos e desentendimentos, fortalecendo a amizade entre Riobaldo e Reinaldo, a ponto do amigo lhe confidenciar um segredo: seu nome verdadeiro é Diadorim. Neste ponto a narrativa já está mais direcionada, embora não se desenvolva de forma linear. O leitor começa de fato a acompanhar a trajetória, narrada com um misto de autorreflexão do jagunço, descrevendo os personagens, a geografia física do sertão, as lutas entre bandos, a morte do chefe dos jagunços, Joca Ramiro, e as dificuldades do amor por Diadorim, até sua mudança de vida.

Narrador
O foco narrativo de "Grande Sertão: Veredas" está em primeira pessoa. Riobaldo, na condição de rico fazendeiro, revive suas pelejas, seus medos, seus amores e suas dúvidas. A narrativa, longa e labiríntica, por causa das digressões do narrador, simula o próprio sertão físico, espaço onde se desenrola toda a história.  A obra, na verdade, apresenta o diálogo entre Riobaldo e um interlocutor, que não se manifesta diretamente. Portanto, só é possível identificá-lo e caracterizá-lo por meio dos próprios comentários feitos por Riobaldo.

Tempo
Nessa narrativa, pode haver dificuldade de compreensão sobre a passagem do tempo. O motivo são a estrutura do romance, que não se divide em capítulos, e a narrativa em primeira pessoa, que permite digressões do narrador, alternando assim o tempo da narrativa a seu bel-prazer. No entanto, podemos dividir a obra, segundo alguns fatos marcantes do enredo, para facilitar a leitura:

  • 1ª parte: introdução dos principais temas do romance: o povo; o sertão; o sistema jagunço; Deus e o Diabo; e Diadorim. Nesse primeiro momento, Riobaldo introduz também a figura do interlocutor, que, como foi dito, não aparece diretamente na obra.
  • 2ª parte: inicia-se in medias res, ou seja, no meio da narrativa. Durante a segunda guerra, Riobaldo e Diadorim, chefiados por Medeiro Vaz, tentam vingar a morte de Joça Ramiro.
  • 3ª parte: a narrativa retorna à juventude de Riobaldo, quando ele conheceu o “menino Reinaldo”, e, para o desespero de Riobaldo, que não sabe nadar, ambos atravessam o rio São Francisco numa pequena embarcação.
  • 4ª parte: conflito entre Riobaldo e Zé Bebelo, no qual esse último perde a chefia, e Riobaldo-Tatarana é rebatizado como “Urutu Branco”.
  • 5ª parte: epílogo. Riobaldo retoma o fio da narração do início, contando ao interlocutor seu casamento com Otacília e como herdou as fazendas do padrinho. Ele termina sua narrativa com a palavra “travessia”, que é seguida pelo símbolo do infinito.
Espaço
O espaço geral da obra é o sertão. Os nomes citados podem causar estranheza e confundir os leitores que desconhecem a região. É preciso entender, no entanto, que essa confusão criada pelos diversos nomes e regiões é proposital. Ela torna o enredo uma espécie de labirinto, como se fosse uma metáfora da vida. A travessia desse labirinto, por analogia, pode ser interpretada como a travessia da existência.

Podem ser listados alguns espaços da narrativa em que importantes ações do enredo se desenvolvem:
  • Chapadão do Urucúia: local da travessia do rio São Francisco, onde Riobaldo e Reinaldo/Diadorim se conhecem.
  • Fazenda dos Tucanos: espaço onde o bando liderado por Zé Bebelo fica preso, cercado pelo bando de Hermógenes, depois de cair em uma tocaia. Esse episódio da Fazenda dos Tucanos é marcante, por causa da sensação de claustrofobia descrita no texto. Preso na casa da fazenda por vários dias, o grupo liderado por Zé Bebelo é alvejado pelos inimigos.
  • Liso do Sussuarão: local da tentativa frustrada de travessia do bando de Medeiro Vaz (segunda parte) e conseqüente retirada.
  • Local da narração: fazenda de Riobaldo, localizada na beira do rio São Francisco, “a um dia e meio a cavalo”, no norte de Andrequicé.
  • Paredão: espaço da batalha final, onde Diadorim morre e termina a guerra.
  • Veredas Mortas: local do possível pacto de Riobaldo.
Por Geraldo Genetto Pereira
Professor, escritor, blogueiro, youtuber.
Formação: Licenciatura e Mestre em Letras pela UFMG.

Projeto- gêneros discursivos em sala de aula

Este projeto foi apresentado na Universidade Federal de Minas Gerais/Faculdade de Educação, na disciplina: Didática de Ensino.

Por Geraldo Genetto Pereira
Professor, escritor, blogueiro, youtuber.
Formação: Licenciatura e Mestre em Letras pela UFMG.

Caracterização da escola
Há muitas escolas públicas em que os estudantes têm acesso a uma boa biblioteca como também à internet e a veículos de comunicação como rádio, jornais, revistas e televisão. Isso importante para o desenvolvimento do presente trabalho, pois, é necessário pesquisas por meio de vários mecanismos.

Público alvo
O presente projeto será aplicado aos finais do ensino fundamental. 

Problema
O presente projeto visa introduzir o estudante de Língua Portuguesa ao entendimento do que vem a ser Gêneros Textuais, como surgem e suas suas várias acepções e aplicabilidades no cotidiano.

Justificativa
A escolha deste tema teve como objetivo proporcionar ao educando a imersão ao mundo dos gêneros textuais, devido a sua riqueza  comunicativa deles. Além disso, com o desenvolvimento dos chamados meios de comunicação e tecnologia, percebemos que as possibilidades de gêneros textuais tornaram-se quase infinitas.

Objetivos
O objetivo do projeto é mostrar aos discentes a diferença entre os gêneros textuais e sua funcionalidade na prática discursiva e argumentativa do dia a dia, assim como levá-los a produzir textos com gênero de seus próprios interesses, diferenciando-os. Fazê-los familiazarem com os gêneros escolhidos para o projeto e também mostrá-los que é importante conhecer os gêneros textuais para que possam obter   uma proficiência  leitora,

Fundamentação teórica
Marcuschi diz que gêneros textuais “são entidades sociodiscursiva e formas de ação social incontornáveis em qualquer situação comunicativa”[1], assim como a sua empregabilidade na comunicação. Gêneros textuais são formas relativamente estáveis de manifestação de discurso. Respondem às necessidades sócio-interlocutivas dos sujeitos que nelas se inter-relacionam. Dada a diversidade de esferas da atividade e da comunicação humana, que refletem a diversidade das relações socioculturais dos grupos sociais, os gêneros são múltiplos, heterogêneos e se situam em um sistema continuum de situações discursivas. Gêneros textuais não são modelos estanques nem estruturas rígidas, mas formas culturais e cognitivas de ação social corporificadas na linguagem. Gêneros textuais são hoje observados pelo seu lado dinâmico, processual, social, interativo, cognitivo e não estrutural. As cartas, as capas de revistas e jornais, os correios eletrônicos, editoriais, videoconferências, artigos de fundo e telegrama são uns dos inúmeros gêneros textuais que existem e são úteis ao professor na pratica do ensino de língua portuguesa. Consonante Marcuschi, “os gêneros textuais são fenômenos históricos, profundamente vinculados à vida cultural e social. Sendo fruto de trabalho coletivo, os gêneros contribuem para ordenar e estabilizar as atividades comunicativas do dia a dia”.[2] Incluí-los no projeto é uma forma de levar os alunos a diferenciá-los, assim como perceber o quanto são úteis à comunicação.

Sabemos que o projeto tem a função de “favorecer a criação de estratégias de organização dos conhecimentos escolares em relação a: 1) o tratamento da informação, e 2) a relação entre os diferentes conteúdos em torno de problemas ou hipóteses que facilitem aos alunos a construção de seus conhecimentos, a transformação da informação procedente dos diferentes saberes disciplinares em conhecimento próprio”, como diz Hernandez (p.61), por isso é que resolvemos abordar o tema gêneros textuais, uma vez que ele possui uma dimensão discursiva ampla.

Metodologia
Para desenvolver este projeto propomos que as turmas sejam divididas em grupos, para habituar o educando a trabalhar em equipe. Sugerimos as seguintes atividades:
  • Os alunos deverão reunir em equipes e, por meio de pesquisa, obtenham exemplares dos seguintes textos: bula, circulares, memorandos, contratos, atas, receitas médicas, diagnósticos de exames médicos (ultrassom, raios X, exames de sangue, etc.), reportagens, poemas, crônicas. Os alunos podem obter alguns desses textos consultando, por exemplo, pessoas (da família ou não), jornais, revistas, internet ou instituições como sua escola, empresas, etc. Em seguida identifiquem gírias e figuras de linguagem que possam estar presente em alguns deles. Identifiquem também os prováveis tipos de jargão encontrados, classificando esses textos de acordo com a linguagem utilizada em cada um deles e registrando as identificações realizadas. Comparem suas classificações com as dos outros grupos para verificar as diferenças e semelhanças entre elas. Debatam com os grupos sobre as diferenças percebidas para que, ao final, a classe, coletivamente, possa definir classificações iguais para os mesmos tipos de texto. Ao final, montem um painel com as conclusões da classe para expor os textos segundo as classificações atribuídas.
Aplicabilidade
Jornais e revistas são veículos de comunicação cujo principal objetivo é trabalhar a informação em sua atualidade. É claro que, pode se perceber que as informações são filtradas pelo ponto de vista de quem as produziu, sendo assim, intencionalmente ou não, são modificadas de certa forma, às vezes, deixando transparecer nitidamente a opinião de quem as produziu. 

Produzindo textos
A proposta é que a turma passe a organizar mensalmente ou semanalmente um jornal ou uma revista. As tarefas podem ser distribuídas em equipe. Sugerimos que cada equipe fique responsável por um caderno ou uma seção da publicação.
  • Produzindo textos virtuais. Já que a escola escolhida tem acesso à internet, propomos a produção de um jornal virtual.
  • Confecção de um poema. Esta atividade é autônoma, isto é, feita por cada um dos alunos.
Cronograma
Para desenvolver este projeto propomos um período de um semestre, para que as atividades sejam elaboradas de maneira gradativa, propiciando assim uma maior compreensão dos diversos e, poderíamos dizer, quase infinitos tipos de gêneros textuais.

Referências bibliográficas
HERNÁNDEZ, Fernando. A organização do currículo por projetos de trabalho. Trad. Jussara Haubert Rodrigues. 5 ed.Porto Alegre: ArtMed, 1998, capítulo 5, pg. 61-84.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros textuais e ensino.Ed. Lucerna. Rio de Janeiro.2002.

Projeto máscara afro-brasileira

Este projeto foi apresentado na Universidade Federal de Minas Gerais/Faculdade de Educação, na disciplina: Didática de Ensino.

Por Geraldo Genetto Pereira
Professor, escritor, blogueiro, youtuber.
Formação: Licenciatura e Mestre em Letras pela UFMG.
Disciplinas
Língua Portuguesa, Língua Inglesa e Arte.

Público alvo
Anos finais do Ensino Fundamental

Conceitos teóricos
A principal fundamentação desta proposta de prática de ensino está nos Parâmetros Curriculares Nacionais que propõe que a escola trabalhe com a diversidade cultural e formação ética e estética através da arte. "Os Parâmetros Curriculares Nacionais indicam como objetivos do ensino fundamental que os alunos sejam capazes de:
  • Conhecer características fundamentais do Brasil nas dimensões sociais, materiais e culturais como meio para construir progressivamente a noção de identidade nacional e pessoal e o sentimento de pertinência ao país;
  • Conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro, bem como aspectos socioculturais de outros povos e nações, posicionando-se contra qualquer discriminação baseada em diferenças culturais, de classe social, de crenças, de sexo, de etnia ou outras características individuais e sociais;
  • Desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o sentimento de confiança em suas capacidades afetiva, física, cognitiva, ética, estética, de inter-relação pessoal e de inserção social, para agir com perseverança na busca de conhecimento e no exercício da cidadania."
  • Abordar ética no ensino e aprendizagem de Arte é, sobretudo, tratar da relação entre ética e estética.
  • Trabalhar ética e estética na produção de arte dos alunos e de artistas significa considerar suas possibilidades criadoras correlacionadas com as realidades socioculturais e comunicacionais em que vivem. Na elaboração artística, há questões e situações que são inerentes à arte e que podem ser problematizadas, como o respeito mútuo, a justiça, o diálogo, a solidariedade humana.
  • Os professores de Arte podem planejar experimentos e debates que ajudem os alunos a posicionar-se com sensibilidade e critérios éticos, diante de um conjunto de circunstâncias, por vezes contraditórias, que coexistem na vida das pessoas. São, entre outras, situações relacionadas a: manifestação de respeito ou desrespeito sobre as produções artísticas de diferentes grupos étnicos, religiosos, culturais. Aspectos de ética estão presentes em situações humanas de todos os temas transversais, ou seja, à pluralidade cultural, etc."
  • O estudo pluriculturalista considera como os diversos grupos culturais encontram um lugar para arte em suas vidas, entendendo que tais grupos podem ter necessidades e conceitos de arte distintos. O sentido pluriculturalista amplia a discussão sobre a função da arte e o papel do artista em diferentes culturas, assim como o papel de quem decide o que é arte e o que é arte de boa qualidade. Essas discussões podem contribuir para o desenvolvimento do respeito e reconhecimento de diferenças.
Objetivo geral:
Apresentar a cultura africana como formadora da identidade brasileira.

Objetivos específicos:
Fomentar os alunos a refletirem sobre a identidade cultural brasileira; propor o reconhecimento das influências dos hábitos africanos nos hábitos brasileiros; de forma subliminar, enfraquecer o racismo através da identificação dos alunos com a cultura negra; oferecer atividade artística a adolescentes que são tolhidos de tal na escola.

Textos base
  • "Povos e línguas africanas", Yeda Pessoa de Castro
  • "A rota dos tambores no Maranhão", Ilê Aiê 2003
  • "Africanismos no português do Brasil”, Margarida Maria Taddoni Petter
  • "O evento Kakilambê, uma dança e máscara de mesmo nome, originários do povo Baga, da Guiné", Pedro Mendes
  • "Os Yaka; suas origens e sua concepção de arte e religião; o duplo sentido do termo nkisi ou muquixe", Alberto Oliveira Pinto
  • "Deixei meu coração em baixo da carteira - Um início de conversa com os educadores infantis sobre o preconceito e as questões raciais", Yvone Costa de Souza
Metodologia
O trabalho será realizado em uma sala de aula extensa, com carteiras e com um aparelho de som.
Para conhecer as ideias e imagens que os alunos têm da África, pediremos que cada um desenhe em papel ofício, com giz de cera e lápis de cor, aquilo que primeiro lhe vem à cabeça quando eles houvem a palavra "África". 

Além disso, tem-se a intenção de comparar a cultura do Brasil e da África. Para isso faremos coletivamente a leitura do texto "Vocabulário afro-brasileiro", refletindo ou discutindo o que for proposto pelos alunos, e partiremos para o trabalho de fotos. 40 fotos, brasileiras e africanas, serão entregues aos alunos para distinguirem a qual região pertence a imagem e então colar a foto no mapa correto, do Brasil ou do continente africano. Estes mapas foram desenhados e recortados em EVA e ficarão na escola com as fotos anexadas. Esta atividade será realizada ao som de músicas africanas.

Concluída a fixação, discutiremos as semelhanças entre os dois lugares, faremos verbalmente as possíveis correções, mantendo no mapa do Brasil as fotos africanas que lá estiverem e no mapa da África as brasileiras. Lembraremos aos alunos a entrada dos africanos no Brasil, motivo de tantas semelhanças entre as imagens apresentadas.

A atividade criativa que usará elementos da cultura africana é a confecção de máscaras. Os alunos verão fotografias de máscaras africanas e lerão o texto "A arte das máscaras". Também com músicas ao fundo, a partir de um modelo pronto de máscara, os adolescentes construirão as suas com os seguintes materiais: taquara, papel cartão, papel crepom, sisal, fibra, lã colorida, saco de papel, tecido (chita), barbante, cola quente, tesoura.

Já mascarados os alunos receberão uma lista com palavras do português do Brasil que têm descendência africana e se dividirão em grupos de 6 ou 7 pessoas para compor uma música com tais palavras. Os instrumentos usados serão de percussão, incluindo xique-xique de lata com milho construído pelos alunos. Cada grupo deve escolher um ritmo e terão 30 minutos para experimentarem e chegarem a um formato musical com instrumento e letra. Realizadas as composições, os grupos se apresentarão, um de cada vez, para o coletivo.

A importância da criação musical e da máscara está em incorporar com autonomia elementos artísticos de outra e própria cultura. Atividades artísticas costumam aflorar e trabalhar áreas sensíveis, então apresentar a África como formadora do Brasil através da arte pode ter uma receptividade maior pelos alunos, e principalmente internalização do realizado já que a produção criativa também é do interno. Ao final, concluiremos refletindo coletivamente sobre as atividades, recuperando os desenhos caso alguém levante questões sobre imagens que temos da África.

Cronograma
  • A prática será realizada em uma data específica. O período programado é de 4hs de duração, incluindo intervalo para lanche.
  • A ordem das atividades será:
    •  Apresentação das pessoas e da proposta; 
    • Desenho livre; 
    • Leitura do 1º texto; 
    • Trabalho com fotos;
    •  Intervalo; 
    • Leitura do 2º texto; 
    • Construção da máscara; 
    • Composição musical;
    •  Fechamento.
Referências bibliográficas
CASTRO, Yeda Pessoa, Povos e línguas africanas In: Falares africanos na Bahia, Academia Brasileira de Letras.
PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) - MEC

Anexos:
 
Texto I

Vocabulário Afro-brasileiro
A África é um continente composto por 53 países, mas o número de línguas faladas nesta região é muito maior: cerca de 1900. Em 1955, um linguista chamado J.H. Greenberg classificou todas as línguas da África. Entre essas línguas havia algumas com grandes semelhanças que foram denominadas BANTO, que foi o primeiro grupo a despertar a curiosidade dos pesquisadores estrangeiros. O nome banto passou a ser utilizado para denominar 190 milhões de pessoas que habitam territórios localizados abaixo da linha do Equador, em uma área correspondente a 9 milhões de Km². Nesta área estão países como Camarões, Angola, Moçambique, Quênia, África do Sul, entre muitos outros.

E o Brasil, qual a ligação do nosso país com o banto? Simples, africanos da área banto foram trazidos à força para o Brasil, em especial para a Bahia, na época em que a escravidão era permitida. Junto a eles vieram também negros de outras regiões africanas, chegando ao Brasil cerca de 200 falares da África. Mas as principais marcas percebidas no português atualmente estão com os bantos e com os iorubás, sendo estas línguas também formadoras da língua portuguesa brasileira. Palavras como moleque, camundongo, cacunda, catinga, jaca, mandinga, barba, inhame, etc., vieram da África para o Brasil junto de vários costumes que fazem parte da nossa cultura.

Texto II

A arte das máscaras
A África é um continente de muitos ritos e religiões. Um dos elementos mais usados nestes eventos é a máscara. Em geral, as máscaras africanas têm um papel sagrado e possuem virtudes mágicas. O sagrado está na crença de que ela carrega uma divindade e é capaz de afetar tudo o que estiver em sua volta.
A África é um continente muito grande, por isso há muitas diferenças entre um país e outro. Mas no geral as máscaras simbolizam espíritos naturais e são utilizadas durante cerimônias associadas a novas colheitas, às iniciações masculinas e femininas, casamentos, nascimentos e também funerais, para acalmar o espírito que morreu. As máscaras também são usadas para espantar os maus espíritos, curar os doentes, agradecer à natureza pelos bens que ela oferece ao homem (o sol, a terra e a chuva), trazer saúde para os jovens.

O material mais usado para fazer a máscara é a madeira verde, embora existam também peças de marfim, bronze e terracota. Antes de começar a entalhar, o artesão realiza vários rituais no bosque, onde normalmente desenvolve o trabalho, longe da aldeia e usando ele próprio uma máscara no rosto. A máscara é criada com liberdade, sem precisar de esboço.

O Brasil não tem tradição tão forte de máscaras quanto os países da África. Mas como nosso país é formado por muitos africanos, por causa do tráfico de escravos, alguns lugares do Brasil tem o costume de usar máscaras em eventos como bumba-meu-boi, folia de reis e outras manifestações folclóricas. Outras culturas colaboraram com o uso de máscara no Brasil: muitos índios brasileiros, usando-a para rituais, e os portugueses que no século XIX passaram a fazer baile de Carnaval usando máscaras.

Novidade!

7ºano - período Composto por Coordenação

  Coordenadas A oração coordenada, dentro do período, vem relacionada ou ligada a outra de igual função, de hierarquia igual. Elas podem est...