Turismo ep.1: Passeio de charrete em Tiradentes - MG

Fizemos um passeio de charrete pelas ruas históricas da cidade de Tiradentes. Partimos da praça (Largo das Forras) até o famoso chafariz de São Jose das Botas. Um passeio turístico na cidade de Tiradentes - MG. Um cachorro "vira-lata" nos acompanhou pelas ruas da cidade. Tiradentes é uma das cidades mais famosas de Minas Gerais, hoje um dos destinos turísticos mais cobiçados do Brasil. Mas a cidade já passou por muitos momentos, desde seu surgimento, no auge da mineração. Chamada de São José, depois Tiradentes (em homenagem ao famoso inconfidente mineiro), tombada em 1938 e depois esquecida, ela finalmente alcançou seu auge turístico depois que o lugar virou cenário de algumas produções audiovisuais. O centro histórico muito bem preservado (que fica ainda mais rico pelas histórias de um guia turístico), a excelente gastronomia e os ateliês de arte que se espalham no caminho de Tiradentes até Bichinho, confira a seguir um roteiro nessa cidade história de Minas Gerais.

O chafariz de São José foi construído por iniciativa do Senado da Câmara da Vila de São José, no ano de 1749, como indica a data inscrita na sua frontaria. O chafariz de São José é do tipo parietal, estando solto no meio de um largo, apoiado em paredão perpendicular que funciona como arco botante. Possui a particularidade de estar dentro de um grande pátio cercado de muretas com bancas de cantaria além de ter três faces, com bebedouro de animais e bicas para lavadeira e tanque principal com três bicas. A fachada é desenvolvida em estilo D. João V, com duas pilastras guarnecidas por cimalha e frontão curvo com volutas, coruchéus e arremate em cruz. As três bicas com carrancas entalhadas dispõem-se dentro de molduras curvas sobre fundo azul. Ao meio abre-se um nicho com imagem, fechado por uma grade. No frontão, o brasão de Portugal encimado pela coroa. O tanque tem movimento sinuoso.
Fonte: Iphan.

Poema ep. 14: AMOR PERFEITO

 (PERFECT LOVE)

In the curves of your sensuality of your body
I found myself
In the sweetness of your lips
I fell in love.


AMOR PERFEITO

Nas curvas da sua sensualidade do seu corpo
Eu me encontrei
Na doçura dos seus lábios
Eu me apaixonei.

Por Geraldo Genetto Pereira
Professor, escritor, blogueiro, youtuber.
Formação: Licenciatura e Mestre em Letras pela UFMG.

7ºano - prova de português - conto

A orelha de Van Gogh”

Estávamos, como de costume, à beira da ruína. Meu pai, dono de um pequeno armazém, devia a um de seus fornecedores importante quantia. E não tinha como pagar. Mas, se lhe faltava dinheiro, sobrava-lhe imaginação… Era um homem culto, inteligente, além de alegre. Não concluíra os estudos; o destino o confinara no modesto estabelecimento de secos e molhados, onde ele, entre paios e linguiças, resistia bravamente aos embates da existência. 

Os fregueses gostavam deles, entre outras razões porque vendia fiado e não cobrava nunca. Com os fornecedores, porém, a situação era diferente. Esses enérgicos senhores queriam seu dinheiro. O homem a quem meu pai devia, no momento, era conhecido como um credor particularmente implacável. Outro se desesperaria. Outro pensaria em fugir, em se suicidar até. Não meu pai. Otimista como sempre, estava certo de que daria um jeito. Esse homem deve ter seu ponto fraco, dizia, e por aí o pegamos. Perguntando daqui e dali, descobriu algo promissor. O credor, que na aparência era um homem rude e insensível, tinha uma paixão secreta por van Gogh. Sua casa estava cheia de reproduções das obras do grande pintor. E tinha assistido pelo menos uma meia dúzia de vezes o filme de Kirk Douglas sobre  a trágica vida do artista.

Meu pai retirou na biblioteca um livro sobre van Gogh e passou o fim de semana mergulhado na leitura. Ao cair da tarde de domingo, a porta de seu quarto se abriu e ele surgiu, triunfante:
– Achei!
Levou-me para um canto – eu, aos doze anos, era seu confidente e cúmplice – e sussurrou, os olhos brilhando:
– A orelha de van Gogh. A orelha nos salvará.

O que é que vocês estão cochichando aí, perguntou minha mãe, que tinha escassa tolerância para com o que chamava de maluquices do marido. Nada, nada, respondeu meu pai, e para mim, baixinho, depois te explico. 

Depois me explicou. O caso era que o van Gogh, num acesso de loucura, cortara a orelha e a enviara à sua amada. A partir disso meu pai tinha elaborado um plano: procuraria o credor e diria que recebera como herança de seu bisavô, a orelha mumificada do pintor. Ofereceria tal relíquia em troca do perdão da dívida e de um crédito adicional.
– Que dizes?

Minha mãe tinha razão: ele vivia em um outro mundo, um mundo de ilusões. Contudo, o fato de a ideia ser absurda não me parecia o maior problema; afinal, a nossa situação era tão difícil que qualquer coisa deveria ser tentada. A questão, contudo, era outra:
– E a orelha?
– A orelha? – olhou-me espantado, como se aquilo não lhe tivesse ocorrido. Sim, eu disse, a orelha do van Gogh, onde é que se arranja essa coisa. Ah, ele disse, quanto a isso não há problema, a gente consegue uma no necrotério. O servente é meu amigo, faz tudo por mim.

No dia seguinte, saiu cedo. Voltou ao meio-dia, radiante, trazendo consigo um embrulho que desenrolou cuidadosamente. Era um frasco com formol, contendo uma coisa escura, de formato indefinido. A orelha de van Gogh, anunciou, triunfante.

E quem diria que não era? Mas, por via das dúvidas, ele colocou no vidro um rótulo: Van Gogh – orelha.

À tarde, fomos à casa do credor. Esperei fora, enquanto meu pai entrava. Cinco minutos depois voltou, desconcertado, furioso mesmo: o homem não apenas recusara a proposta, como arrebatara o frasco de meu pai e o jogara pela janela.
– Falta de respeito!
Tive de concordar, embora tal desfecho me parecesse até certo ponto inevitável. Fomos caminhando pela rua tranquila, meu pai resmungando sempre: falta de respeito falta de respeito. De repente parou, olhou-me fixo:
– Era a direita ou a esquerda?
– O quê? – perguntei, sem entender.
– A orelha que van Gogh cortou. Era a direita ou a esquerda?
– Não sei – eu disse, já irritado com aquela história. – Foi você quem leu o livro. Você é quem deve saber.
– Mas não sei – disse ele desconsolado. – Confesso que não sei.

Ficamos um instante em silêncio. Uma dúvida me assaltou naquele momento, uma dúvida que eu não ousava formular, porque sabia que a resposta poderia ser o fim da minha infância. Mas:
– E a do vidro? – perguntei. – Era a direita ou a esquerda? Mirou-me, aparvalhado.
– Sabe que não sei? – murmurou numa voz fraca, rouca. – Não sei.

E prosseguimos, rumo à nossa casa. Se a gente olhar bem uma orelha – qualquer orelha, seja ela de van Gogh ou não – verá que seu desenho se assemelha ao de um labirinto. Neste labirinto eu estava perdido. E nunca mais sairia dele.
Moacyr Scliar. In: Pipocas / Moacyr Scliar, Rubem Fonseca, Ana Miranda. 1ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2003, p. 13-16. Coleção Literatura em minha casa; v.2 Crônica e conto.
Questão 1.
Quem é o autor do conto “A orelha de Van Gogh?

Questão 2.
Quem são os personagens? 

Questão 3.
Como você imagina cada um deles? 

Questão 4.
Percebe-se que o narrador participa dos acontecimentos e os narra como alguém que acompanhou toda a ideia e execução do plano do pai. 
a) Como é evidenciada essa participação? 
b) Retire do texto um trecho que comprova essa afirmativa.  

Questão 4.
O enredo acontece de forma linear ou não linear? Justifique sua resposta. 

Questão 5.
A narrativa se desenvolve em torno de um conflito explícito desde o primeiro parágrafo.
a) Que conflito é esse?
b) O pai tem uma ideia para resolver o problema. Que solução é essa? 
c) O que levou o pai a ter essa ideia? 
d) O plano do pai foi bem-sucedido? Explique. 

Questão 6.
Você conhece o significado da palavra “labirinto”? 

Questão 7.
Releia o último parágrafo. Qual o sentido da palavra labirinto no texto? Explique.

Questão 8.
Examine as afirmações abaixo e assinale a alternativa correta.

I – No início do conto, prevalecem sentimentos positivos do filho em relação ao pai, mas no final o filho decepciona-se com o pai e mostra certa impaciência e inquietude.
II – O narrador conta a história em momento posterior aos acontecimentos. 
III – A história se passa na época de infância do narrador

7º ano - prova de português - tipos de discursos

 A orelha de Van Gogh”

Estávamos, como de costume, à beira da ruína. Meu pai, dono de um pequeno armazém, devia a um de seus fornecedores importante quantia. E não tinha como pagar. Mas, se lhe faltava dinheiro, sobrava-lhe imaginação… Era um homem culto, inteligente, além de alegre. Não concluíra os estudos; o destino o confinara no modesto estabelecimento de secos e molhados, onde ele, entre paios e linguiças, resistia bravamente aos embates da existência. 

Os fregueses gostavam deles, entre outras razões porque vendia fiado e não cobrava nunca. Com os fornecedores, porém, a situação era diferente. Esses enérgicos senhores queriam seu dinheiro. O homem a quem meu pai devia, no momento, era conhecido como um credor particularmente implacável. Outro se desesperaria. Outro pensaria em fugir, em se suicidar até. Não meu pai. Otimista como sempre, estava certo de que daria um jeito. Esse homem deve ter seu ponto fraco, dizia, e por aí o pegamos. Perguntando daqui e dali, descobriu algo promissor. O credor, que na aparência era um homem rude e insensível, tinha uma paixão secreta por van Gogh. Sua casa estava cheia de reproduções das obras do grande pintor. E tinha assistido pelo menos uma meia dúzia de vezes o filme de Kirk Douglas sobre  a trágica vida do artista.

Meu pai retirou na biblioteca um livro sobre van Gogh e passou o fim de semana mergulhado na leitura. Ao cair da tarde de domingo, a porta de seu quarto se abriu e ele surgiu, triunfante:
– Achei!
Levou-me para um canto – eu, aos doze anos, era seu confidente e cúmplice – e sussurrou, os olhos brilhando:
– A orelha de van Gogh. A orelha nos salvará.

O que é que vocês estão cochichando aí, perguntou minha mãe, que tinha escassa tolerância para com o que chamava de maluquices do marido. Nada, nada, respondeu meu pai, e para mim, baixinho, depois te explico. 

Depois me explicou. O caso era que o van Gogh, num acesso de loucura, cortara a orelha e a enviara à sua amada. A partir disso meu pai tinha elaborado um plano: procuraria o credor e diria que recebera como herança de seu bisavô, a orelha mumificada do pintor. Ofereceria tal relíquia em troca do perdão da dívida e de um crédito adicional.
– Que dizes?

Minha mãe tinha razão: ele vivia em um outro mundo, um mundo de ilusões. Contudo, o fato de a ideia ser absurda não me parecia o maior problema; afinal, a nossa situação era tão difícil que qualquer coisa deveria ser tentada. A questão, contudo, era outra:
– E a orelha?
– A orelha? – olhou-me espantado, como se aquilo não lhe tivesse ocorrido. Sim, eu disse, a orelha do van Gogh, onde é que se arranja essa coisa. Ah, ele disse, quanto a isso não há problema, a gente consegue uma no necrotério. O servente é meu amigo, faz tudo por mim.

No dia seguinte, saiu cedo. Voltou ao meio-dia, radiante, trazendo consigo um embrulho que desenrolou cuidadosamente. Era um frasco com formol, contendo uma coisa escura, de formato indefinido. A orelha de van Gogh, anunciou, triunfante.

E quem diria que não era? Mas, por via das dúvidas, ele colocou no vidro um rótulo: Van Gogh – orelha.

À tarde, fomos à casa do credor. Esperei fora, enquanto meu pai entrava. Cinco minutos depois voltou, desconcertado, furioso mesmo: o homem não apenas recusara a proposta, como arrebatara o frasco de meu pai e o jogara pela janela.
– Falta de respeito!
Tive de concordar, embora tal desfecho me parecesse até certo ponto inevitável. Fomos caminhando pela rua tranquila, meu pai resmungando sempre: falta de respeito falta de respeito. De repente parou, olhou-me fixo:
– Era a direita ou a esquerda?
– O quê? – perguntei, sem entender.
– A orelha que van Gogh cortou. Era a direita ou a esquerda?
– Não sei – eu disse, já irritado com aquela história. – Foi você quem leu o livro. Você é quem deve saber.
– Mas não sei – disse ele desconsolado. – Confesso que não sei.

Ficamos um instante em silêncio. Uma dúvida me assaltou naquele momento, uma dúvida que eu não ousava formular, porque sabia que a resposta poderia ser o fim da minha infância. Mas:
– E a do vidro? – perguntei. – Era a direita ou a esquerda? Mirou-me, aparvalhado.
– Sabe que não sei? – murmurou numa voz fraca, rouca. – Não sei.

E prosseguimos, rumo à nossa casa. Se a gente olhar bem uma orelha – qualquer orelha, seja ela de van Gogh ou não – verá que seu desenho se assemelha ao de um labirinto. Neste labirinto eu estava perdido. E nunca mais sairia dele.
Moacyr Scliar. In: Pipocas / Moacyr Scliar, Rubem Fonseca, Ana Miranda. 1ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2003, p. 13-16. Coleção Literatura em minha casa; v.2 Crônica e conto.
Questão 1.
No conto “ A orelha de Van Gogh” predomina o discurso direto, indireto ou indireto livre. Justifique sua resposta. 2. 
Questão 2.
Releia o trecho do conto “ A orelha de Van Gogh” e responda: 
a) Que recurso gráfico foi utilizado para indicar as falas? 
b) Reescreva o trecho usando o discurso indireto: 

Questão 3.
Sobre o discurso indireto é correto afirmar, EXCETO:
a) No discurso indireto, o narrador utiliza suas próprias palavras para reproduzir fielmente as falas das personagens. b) O narrador conta a história e reproduz fala e reações das personagens.
c) No discurso indireto as personagens são conhecidas através de seu próprio discurso, ou seja, através de suas próprias palavras.
d) Geralmente é escrito na terceira pessoa. As falas são iniciadas com o sujeito, mais o verbo de elocução seguido da fala da personagem. 

Madame Bovary - resumo

Existem livros que precisam ser lidos e relidos. Madame Bovary é uma dessas obras que você nunca vai esgotá-las por apenas uma lida. Resolvi reler esse livro. E foi tão avassalador como na primeira vez.

Madame Bovary foi escrito em 1857 e foi considerado um escândalo na época. Imaginem! Sem falar no adultério de Emma, um escândalo para a época, o livro critica muito a igreja e a burguesia. Flaubert foi a julgamento diversas vezes pelo romance e em uma de suas defesas, declarou “Emma Bovary c’est moi!” (Eu sou Emma Bovary!), falando assim da sua própria indignação com o clero, a sociedade e as coisas mundanas. Apesar das acusações, Flaubert nunca foi preso.

MO romance conta a história de Emma, uma moça criada no campo, mas com sonhos burgueses. Inspirada pelo que lê nos livros, Emma quer uma vida melhor, cheia de mimos e coisas que só os ricos podem comprar. Pensando que poderá alcançar o que tanto quer, Emma casa com Charles Bovary, um médico também do interior.

O romance começa apresentando Charles Bovary adolescente. Um garoto meigo, monótono e estudioso, que no seu percurso de vida acaba se tornando um médico. Não um grande médico, mas um médico no mínimo dedicado à profissão. Sua mãe lhe apresenta uma mulher chamada Madame Dubuc. Uma mulher de meia-idade e rica. O casal muda-se para uma pequena cidade chamada Tostes, onde Charles começa a praticar medicina.

A personagem Charles, se lido por Nelson Rodrigues provavelmente achará que nela um “corno manso”, um estúpido, ou um perdedor. Um insensível, pois não consegue captar os sentimentos de Emma.

Emma Bovary? Bem, na literatura há uma grande tradição de heroínas belas e virtuosas. Sabemos que Emma era linda, então presumimos que ela era boa. Mas não, ela não era. Ela se recusa a ser boa. E Flaubert nos desafia, ele zomba de seus protagonistas, ele não nos deixa admirar ninguém. Nos dias de hoje, com o politicamente correto dando as ordens nas redes sociais, Gustave Flaubert provavelmente seria considerado um misógino.

Charles ama Emma apaixonadamente, mas por ignorância, não dá valor as coisas que Emma dá, não vê a beleza como Emma vê e é, na visão própria, extremamente entediante. Tentando suprir essa falta que o sonho de uma vida melhor faz, Emma procura em outros homens o alicerce para os seus desejos.

Emma Bovary não era uma mulher valente e virtuosa que no final sai triunfante. Era uma mulher que foi educada em um convento e possuía uma vocação religiosa, mas foi perdendo o interesse pela Igreja quando começou a ler romances de uma biblioteca pública. Nesses romances, Emma Bovary aprendeu que ela poderia escapar do mundo real para a ficção. Como? Ela aprendeu sobre encontros à meia-noite, noivas roubadas, paixão e glamour. Ela aprendeu que o amor romântico era o equivalente a uma dose de adrenalina que valia a pena ser vivido. Esse era um sonho de adolescente, impossível de realizar, mas ninguém lhe disse isso. Afinal, sua mãe já estava morta. Esse sonho tornou-se uma espécie de um ideal. Muito parecido com o Cavaleiro da triste figura, Don Quixote, que desenvolveu o mesmo encantamento lendo romances de Cavalaria, até se transformar em algo que era impossível ser.

Gustave Flaubert escreveu Madame Bovary primorosamente e maravilhosamente bem. Já que o livro tem poucos diálogos, grande parte dos acontecimentos são totalmente narrados, mais isso não o torna um livro entediante. Flaubert não abusa das descrições (Não chega nem perto de um Eça de Queiroz) e a narrativa flui. Dá para imaginar tudo dentro da cabeça. Há livros que tem poucas descrições dos personagens e do cenário, daí fica difícil imaginar como o autor os imaginou quando os escreveu. Com Madame Bovary é possível imaginar cada expressão de Emma e cada atitude de Charles e todo o ambiente onde a história se desenrola.

No início do livro, logo depois que Emma casa com Charles, que é quando sabemos da sua urgência pela aventura e pelo que é diferente, requintado e belo, ficamos com pena de Emma. Acho que ela é o reflexo de muitas mulheres, inclusive modernas, que são presas ou pela família ou pelo marido ou pela sociedade e não podem vivenciar suas paixões. Acontece que, durante a leitura, à medida que Emma se torna mais difícil de ser agradada, apesar das tentativas constantes do marido e dos amantes, Emma se torna chata. Dá vontade de esganar Madame Bovary! E no final do livro, a gente quer mais é que o Senhor Bovary mande a Madame pastar! Ô, criatura difícil de agradar!

Flaubert não mostra nenhuma reação subjetiva em relação aos seus personagens. É isso que na história da literatura chamamos de realismo. Como já sabemos, algumas das características do realismo são os sentimentos, sobretudo o amor, subordinados aos interesses sociais e o herói problemático, cheio de fraquezas. Se levarmos em conta o título da obra acima, Emma Bovary seria a “heroína”. No entanto, a narrativa começa e termina com o estúpido Charles Bovary e, nela, desempenham um papel importante na trama, o estúpido dom-juanismo de Rodolphe, a estúpida paixão de Léon, a estupidez do padre farisaico Bournisien e todo esse pequeno ambiente de província, que não deixa saída para Emma nem para ninguém. Otto Maria Carpeaux, em seu ensaio sobre a obra, comenta com grande ênfase: “O verdadeiro personagem desse romance é a estupidez humana”.

Por Geraldo Genetto Pereira
Professor, escritor, blogueiro, youtuber.
Formação: Licenciatura e Mestre em Letras pela UFMG.

Turismo ep. 2: Conhecemos as principais ruas de Tiradentes a pé

Fala, pessoal turisteiro!

Fizemos tour de charrete pelas ruas do centro histórico de Tiradentes. Estávamos acompanhado de um guia turístico que nos traz informações importantes sobre a história da cidade.

Saímos do Largo das Forras, na praça central; fomos até a igreja de Santo Antônio, passando pela Rua direita, Casa do Padre Toledo e outros pontos turísticos.
Confira no vídeo clicando aqui.

            

Noviço contista ep. 2: Um sono assustador

Em uma noite de lua cheia, Flavio estava jantando e logo veio em sua mente: que tal ir em uma casa Assombrada da fazenda. Mandou uma mensagem em um grupo de amigos e perguntou quem iria com ele. Aceitaram a empreitada: Rodrigo e Carlos. Então, Flavio pegou seu carro e foi buscá-los.

Quando chegou à casa de Rodrigo, já sentiu um clima pesado. Ele e Rodrigo entraram ao carro e foram buscar o Carlos.

Quando chegaram à casa de Carlos, todos já estavam com muito medo, mas mesmo assim foram até a casa assombrada.

Quando desceram do carro, viram alguns vultos dentro da casa, mas como já estavam lá, entraram. Logo começaram a escutar barulhos de animais. Flavio falou:
    - Pessoal, fiquem juntos; pode ter algo aqui dentro que não sabemos.
A cada passo que davam, mais barulho fazia; viram um corpo com uma cabeça de cavalo andando, e aconteceu algo que Flavio reparou.
     - RODRIGOO, cadê o Carlos; ele desapareceu; o que vamos fazer agora?
     - Vamos procurar ele; não podemos deixar ele aqui; talvez encontraremos. Vamos, vamos!

Eles retornam ao carro e pegam duas tochas, pois, almejavam acharem a pessoa e não se depararem com a cabeça de cavalo; adentraram à casa novamente e foram a procura de Carlos. Olhavam em todos os cômodos da casa.

Quando já estavam cansados de tanto rodar a casa, eles viram um casaco, o mesmo utilizado por Carlos; pensavam que Carlos poderia estar naquele lugar; acenderam as tochas e foram a procura. Flavio estava a frente; ouve um grito em suas costas e, quando vê, Rodrigo tinha desaparecido. Flavio começou a gritar.
- Carlos, Rodrigo, cadê vocês? Voltem! Se for uma brincadeira, parem agora!
Flavio não escutou mais nada; olhou para trás e para os lados, procurando os amigos. Em sua frente, estava o cabeça de cavalo, que lhe dá um tapa na cara - Acorda!

Flávio observa que nada lhe aconteceu; foi apenas um sono depois do almoço.

Vinicius de Souza Maximiano - Ensino Médio

Germinal de Émile Zola - resumo

Confesso que Germinal foi uma leitura que comecei sem saber muito o que esperar… E para a minha felicidade. “Germinal” é um clássico da literatura mundial e foi uma das obras responsáveis por inaugurar o naturalismo. A obra conta a história dos mineiros que lutavam por uma vida mais digna e é de forma tão cruel que sentimos na pele o quanto a fome, o frio e a miséria humana podem desvirtuar até o mais correto dos homens. Uma grande preocupação do escritor é de escancarar os problemas sociais da época, retratando a realidade de maneira mais crua possível e o ser humano em sua condição animalesca.

Acompanhamos a trajetória de Etienne Lanthier, um rapaz que, desempregado, põe-se na estrada a peregrinar, até chegar a Montsou, lugar onde a imponente mina de carvão Voreux domina a paisagem. Com fome e frio, o rapaz aborda um velho que se apresenta como Boa Morte e pergunta a ele se há emprego naquele lugar. O velho não mente, diz que a crise chegou ao local e fechou todas as indústrias. A que resta é a Voreaux, mas que não sabe se ele conseguiria algo lá. Esperançoso, Etienne segue até a mina e então temos o encontro dele com a família Maheu. Maheu é um homem robusto e pai de sete filhos, que precisa sustentar a casa e por isso coloca todos os filhos para trabalharem nas minas, sob os perigos iminentes dos gases explosivos e a água que, às vezes, bate na cintura.

Encontramos em Germinal, as condições subumanas dos trabalhadores de uma mina de carvão, na França do século XIX. Quando Étienne chega à cidade de Montsou para trabalhar na mina, sua voz de insatisfação passa a servir como um gatilho para aquela massa de pessoas que se humilha diariamente para sobreviver. Até a mina de carvão é retratada pelo autor como um animal: durante todo o dia, a Voraz vai engolindo os trabalhadores, se alimentando do suor e da carne humana.

Por saber como é sentir fome e não ter o que comer, o homem se apieda de Etienne e coloca-o para trabalhar de operador de vagonete.

Em meio à miséria, Etienne sente-se dividido entre ir embora e procurar uma vida melhor, ou ficar e ajudar as pessoas que se encontram em estado de miséria. Com o incentivo de Pluchart, um velho amigo, Etienne passa a estudar sobre direitos e deveres e até mesmo as teorias de Darwin, pois ele quer se tornar um líder. Quando a situação beira o insuportável, Etienne instiga o povo a se rebelar contra a companhia e a reivindicar os seus direitos, gerando caos e devastação.

Encontramos em Germinal: as condições subumanas dos trabalhadores de uma mina de carvão, na França do século XIX. Quando Étienne chega à cidade de Montsou para trabalhar na mina, sua voz de insatisfação passa a servir como um gatilho para aquela massa de pessoas que se humilha diariamente para sobreviver. Até a mina de carvão é retratada pelo autor como um animal: durante todo o dia, a Voraz vai engolindo os trabalhadores, se alimentando do suor e da carne humana.

É uma obra intensa, onde os personagens são muito bem construídos e que aborda todas as características do Naturalismo: o detalhismo, o determinismo, o cientificismo, a crítica a burguesia e a Igreja e também o tratamento do ser humano como meros animais, entre outros aspectos que leva o leitor a sofrer junto com os personagens e a mergulhar no enredo de corpo e alma.

Por Geraldo Genetto Pereira
Professor, escritor, blogueiro, youtuber.
Formação: Licenciatura e Mestre em Letras pela UFMG.

Turismo ep. 2: Tiradentes MG


Fizemos uma viagem ao centro histórico de Tiradentes. Nesse vídeo, um cachorro "caramelo" nos acompanhou pelas ruas da cidade. Tiradentes é uma das cidades mais famosas de Minas Gerais, hoje um dos destinos turísticos mais cobiçados do Brasil. Mas a cidade já passou por muitos momentos, desde seu surgimento, no auge da mineração. Chamada de São José, depois Tiradentes (em homenagem ao famoso inconfidente mineiro), tombada em 1938 e depois esquecida, ela finalmente alcançou seu auge turístico depois que o lugar virou cenário de algumas produções audiovisuais. O centro histórico muito bem preservado (que fica ainda mais rico pelas histórias de um guia turístico), a excelente gastronomia e os ateliês de arte que se espalham no caminho de Tiradentes até Bichinho, confira a seguir um roteiro nessa cidade história de Minas Gerais.
Assista ao vídeo.


Miniconto ep. 10: O grande mistério

Num dia chuvoso e escuro, decidi viajar. Estava no meio do nada quando meu carro parou de repente. Fiquei com medo do que podia me acontecer. Avistei uma casa um pouco longe do local onde eu estava e empurrei meu carro até aquela casa grande, velha e toda cercada de mato. 

Bati à porta, e uma velha senhora, de olhar simpático, me atendeu; contei a ela o que havia acontecido, e que não tinha onde dormir; então ela me ofereceu um quarto e um prato de comida.

Fui para o quarto dormir; estava tudo muito quieto. De repente, uma porta bateu com muita força; eu me levantei para ver o que tinha acontecido. Andei pela casa toda e não vi ninguém. Quando voltei para o meu quarto, vi que minha janela estava aberta; fiquei com tanto medo que logo fui dormir.

Pela manhã, acordei e a velhinha estava sentada me olhando. Fiquei assustado com o jeito que ela me olhava. Não consegui entender o que queria comigo, então ela me chamou e falou que já haviam arrumado o meu carro e que eu podia ir embora, mas fiquei pensando: por que ela queria que eu fosse embora com tanta pressa? Imaginei que havia algo que não queria que eu visse. 

Ela me deixou tomando café sozinho e foi para o celeiro. Eu a segui, sem deixá-la me ver. Entrei no celeiro; mas a senhora me pegou de surpresa. Eu vi muitas pessoas mortas naquele lugar. Ela, provavelmente, achou que eu quisesse me meter e, por isso, havia me mandado ir embora. Falou com uma voz muito triste e vingativa que eu tinha que morrer. Então comecei a correr, mas não deu tempo, pois, havia três homens a ajudando. Eles me pegaram.

Por Geraldo Genetto Pereira
Professor, escritor, blogueiro, youtuber.
Formação: Licenciatura e Mestre em Letras pela UFMG.

7 ano - língua portuguesa - gênero teatro - redação

Caro (a) estudante, você estudou sobre o texto dramático (teatral), suas características e estrutura. Agora você vai colocar em prática o que aprendeu sobre o texto teatral.

BREVE APRESENTAÇÃO
Para produzir um texto, é necessário primeiro fazer um planejamento. O roteiro a seguir vai ajudá-lo a compor o texto teatral. Transforme o cenário descrito no conto em uma rubrica. Indique os movimentos iniciais do personagem em cena. Imagine o diálogo da narradora com o dono da loja. 
  • Como as falas vão revelar o que aconteceu? 
  • Quais serão as reações do dono da loja?
Defina a linguagem da visitante da loja. 
  • Terá um comportamento formal ou informal? 
  • Trará alguma marca de regionalismo? 
  • Usará gírias? 
  • E o dono da loja, como será? 
  • Sua peça será formada por uma única cena. Imagine o final dela. Quem sairá? 
  • Que motivo levará ao encerramento do diálogo? 
  • Qual será a última ação?
Procure incluir rubricas que mostrem a entonação de algumas falas e os gestos que as acompanham.  Considere os sentimentos que estão envolvidos no diálogo dos personagens. 
  • Terá um comportamento formal ou informal? 
  • Trará alguma marca de regionalismo? 
  • Usará gírias? 
  • E o dono da loja, como será?
Sua peça será formada por uma única cena. Imagine o final dela. 
  • Quem sairá?
  • Que motivo levará ao encerramento do diálogo? 
  • Qual será a última ação?
Procure incluir rubricas que mostrem a entonação de algumas falas e os gestos que as acompanham. Considere os sentimentos que estão envolvidos no diálogo dos personagens.

Releia o texto para verificar se a linguagem empregada mantém-se igual em todas as falas do personagem.

Agora é hora de produzir
Leia o conto abaixo, imagine a situação vivida pela narradora e transforme-o em um texto dramático que se iniciaria com o retorno do dono da loja. Lembre-se de que, no texto teatral, a história não é narrada; ela é apresentada ao leitor através de falas e ações. Volte sempre no roteiro apresentado acima.

A casa das bonecas
Tive uma sensação imediata de desconforto ao entrar na loja. Por toda parte, sobre balcões e prateleiras, havia dezenas de bonecas, seus pequenos corpos inertes amontoados.

O dono da loja não estava à vista e eu, que desde pequena sempre tivera medo de bonecas, me senti oprimida. Eram bonecas de vários tipos, todas muito antigas, com seus rostos de biscuit, cabelos opacos e seus olhos de cristal – fixos, mortos.

De repente, senti-me como se alguém me observasse pelas costas. Virei-me, de vagar.  E o terror me gelou os ossos. Vi, com toda nitidez, um daqueles olhos de cristal piscar para mim.
Heloisa seixas. Contos mais que mínimos. Rio de Janeiro: Tinta Negra Bazar Editorial, 2010. p. 67.

MODELO
                                                        A loja das bonecas
Personagens
JOANA DARC: Cliente
GISELLE: Vendedora: 
RAIMUNDO: dono da loja: :

Giselle para na porta da loja e se põe a observar as bonecas. Imediatamente a mulher fica pálida e sua frio. O dono da loja está atrás de uma vitrine, mas não está à vista da cliente.

RAIMUNDO: Estas bonecas que adquiri, só faltam falar. São realmente perfeitas. (Olhando para uma boneca que está dentro da vitrine)
GISELLE: Eu sou uma boneca! Sou a mais linda daqui. (longe da visão da cliente, sentada em uma cadeia no escritório e contando moedas).
RAIMUNDO: Se as outras bonecas falassem, não concordariam com você.
JOANA DARC: Boa tarde! (Olhando fixo para a boneca que está na vitrine próxima ao proprietário.
RAIMUNDO: Boa tarde, senhora! Deseja alguma coisa que eu possa ajudar.
JOANA DARC: preciso comprar uma boneca para minha filha. Ela faz aniversário e quer, de presente, uma boneca que fala. Sabe, né, coisa de criança. Acho exagero, mas criança é criança.
GISELLE: Leva eu!
JOANA DARC: A...quela... Fa.. Fa...la! ( olhando fixamente para boneca que se mexe na vitrine e faz movimentos com os lábios).
RAIMUNDO: Sim. Ela é linda e está com um preço ótimo. Quer dá uma olhada?
JOANA DARC: Be...be..bem, não..não sou muito fã de boneca. Quan..quando criança, min...minha mãe gostava de assistir a filme de te... Te..te..terror como O boneco Assassino e eu qua...qua... quase não dormia.

Joana tira os olhos da boneca e fica a olhar por toda parte loja em que há balcões, prateleiras, dezenas de bonecas e seus pequenos corpos inertes amontoados.
RAIMUNDO: Filme de terror não é real. Eu não sei o porquê de criar filme com bonecos para assustar crianças, sendo esses brinquedos deveriam ser apenas brinquedos.
JOANA DARC: Pois é, senhor! (Olhando para outro lado em que há bonecas de vários tipos, todas muito antigas, com seus rostos de biscuit, cabelos opacos e seus olhos de cristal – fixos, mortos.

Moedas caem pelo chão do escritório. Raimundo se desloca para ver o que aconteceu com a Giselle. Ela sai do escritório e caminha em direção ao balcão. Joana Darc Vira devagar e vê a moça que realmente se parece com boneca com olhos de cristal verdes a piscar para ela.

JOANA DARC: Me...me..me..meu Deus! Me..me...meu Deus! Esta lo..lo..lo..ja é assom..som...som..sombranda! (Um terror gelou os seus ossos. Ela sai correndo da loja e clama por socorro.)
GISELLE: O que aconteceu, seu Raimundo? (olhando assustada para a cliente correndo pela rua).
RAIMUNDO: Acho que a boneca mais linda dessa loja assustou a cliente. Imagina as bonecas feias! (risos).

Por Geraldo Genetto Pereira
Professor, escritor, blogueiro, youtuber.
Formação: Licenciatura e Mestre em Letras pela UFMG.

7 ano prova de português - gênero entrevista - com gabarito

É possível que você já tenha acompanhado entrevistas em programas de TV ou rádio, canais de vídeo ou áudio na internet ou lido em jornais, revistas ou sites. Elas têm extensão variada e algumas delas, mais curtas, podem estar inseridas em notícias e reportagens.

Leia a transcrição de uma entrevista feita em um programa de TV.

Serginho entrevista vítima de bullyng

Serginho Groisman: Eu vou falar agora com essa garota queeee... sofreu, na escola, um problema muito grave. Ela tá aqui; por favor, venha. (Aplausos)
SG: [...] A Manoela, a gente descobriu numa outra conversa. Ela estava sentada aqui (apontando um lugar na plateia)... ali, e foi tão forte o que ela disse que eu falei “pô, vou convidar de novo para ela contar melhor essa história”, que é uma história de associação de bullying com racismo, com preconceito racial.[...]
SG: Bom, você estudava numa escola, Em Ribeirão Preto, numa escola particular, foi isso?
Manoela Sales: Isso.
SG: E o que aconteceu lá?
MS: Então, eu entrei lá, nessa escola particular, e ela tem um grande nome. Foi até um pouco difícil pros meus pais poderem tá pagando, né? E quando eu entrei eu não fui bem recebida, só que eu achei que ia passar, mas não passou. Começaram as ofensas, eu não podia fazer pergunta em sala de aula porque os professores me ridicularizavam, os alunos me ridicularizavam. Aí começaram as piadinhas com o meu nome, com tudo que eu falava, começaram a jogar lixo em mim, começaram a bater na minha carteira, começaram a cuspir em mim, gritar palavrão no co... enquanto eu andava no corredor, essas coisas assim. E aí eu... e os professores presenciavam isso, os professores viam isso e falavam “senta lá que daqui a pouco eles param”, “não relaxa, daqui a pouco eles param. E aí eu fui entrando numa tristeza e numa paranoia que eu não queria mais ir para a escola, eu só chorava, eu não conseguia fazer prova, eu não conseguia estudar, minhas notas foram caindo, caindo, caindo, caindo. E aí um dia...ééé... um dia não né?, uma semana, eu não falei com ninguém, Ninguém falou comigo a semana. Eu fiquei uma semana indo pra escola quieta e sendo quieta, porque ninguém dirigia a palavra a mim. E aí eu liguei pro meu pai no recreio e falei: “pai, conversa comigo, porque faz uma semana que ninguém fala comigo e eu tô ficando muito triste”. E aí acho que foi quando meu pai falou “chega”. Sabe, porque a gente tentou minha adaptação, a gente tentou tá ali, mas não deu. Aí meu pai falou “vamo procurar outra escola”, e foi a escola pública.
SG: Vamos ainda continuar aqui nessa primeira escola. Você atribui a que ... hã...essa perseguição? O fato de você ser negra e ter poucos negros na escola, o fato de você sei lá, não se relacionar bem, não ser uma boa aluna? O que é que levou as pessoas aaaa... fazerem essa perseguição e perseguições racistas?
MS: Eu acredito que é a diferença, como eu era a única Negra, Negra mesmo, assumida da sala, eu acho que a diferença pode ter é ...Dado para ele uma oportunidade de tirar saro daquilo, entendeu ? Então, eles começaram aaaa...tra… a fazer com que a minha diferença fosse algo ruim dentro da sala de aula. E fizeram eu acreditar que a minha diferença era algo ruim. Então, por eu ser negra, por eu ter uma diferença sócio-econômica deles ponto. Eles chegaram a falar assim para mim "se seu pai não tem Fazenda, você não sabe conversar com a gente." Então era. era tudo assim. Então, como eu era "a" diferente do... do restante da turma, e um sofria essa perseguição
SG: E você, quando você veio aqui da primeira vez, você falou a respeito da Palma da Mão. Queria que você repetisse isso.
MS: Èéé... quando aconteceu esse episódio eu era bem menor, eu era criança, e uma menina na escola... ela achava muito diferente eu ser negra e achava ruim eu ser negra e ela achava que ela era melhor que eu por ser branca. E ela falou pra mim “olha pela... pra palma da sua mão, pelo menos isso é branco em você, só isso é branco em você. Só isso é branco em você.” E eu tam... e tipo, hã... o que mais aconteceu de discriminação racial comigo foi na infância, eu bem, bem pequena. Eu lembro que uma menina chegou em mim e fez assim na minha pele (passa o dedo no braço) “nossa, não sai”. Entendeu? Então de mães falarem pras outras crianças “não pega nada dela, não, porque a mão dela é suja”. Então ééé...hoje em dia, ainda acontece essas coisas e o pior que acontece com crianças dentro das escolas, né? Então, as crianças não... não têm uma mente preparada pra receber aquilo e reagir, então, infelizmente, elas recuam e sofrem com aquele bullying ou qualquer tipo de preconceito, racial, seja religioso, por opção sexual, eu acho, eu acho que a gente tem que se libertar e falar, porque, quando uma história é contada, é importante para que ela não se repita daquela forma ruim.
SG: Isso mesmo
Serginho entrevista vítima de bulliyng. Altas horas. Rede Globo. Https:// globoplay.globo.com/v/482930// Acesso 15-07-2020

Questão 1.
Qual o tipo da entrevista que você acabou de ler? Justifique sua resposta.
Questão 2.
Como e porque Manuela Sales foi convidada para participar dessa entrevista? Explique.
Questão 3.
A entrevista relata um acontecimento que uma pessoa viveu na escola, o “bullying“.

a) Você sabe o que significa bullying? Quais os fatos aconteceram com a entrevistada que caracterizam o “bullying“?
b) Imagine que você sofreu ou testemunhou um episódio de bullying. Qual seria sua reação?
c) Qual estratégia você usaria para evitar este tipo de acontecimento novamente?
Questão 4. 
Qual a posição da entrevistada sobre o bullying ? Justifique.
Questão 5.
Segundo a entrevistada, os professores foram coniventes com o que estava acontecendo. Retire expressões que comprovem isso.
Questão 6.
Na entrevista que você leu, a entrevistada fala da experiência de bullying pela qual passou em uma escola onde estudava.
a) Que ações caracterizaram o bullying que ela sofreu?
 As ofensas direcionadas a ela por professores e alunos, ridicularizando-a
b) Segundo a entrevistada, os adultos foram coniventes (cúmplices) com o bullying, isto é, permitiram que acontecesse? Explique completando a resposta.
Sim, Manoela diz que não podia dizer nada porque era ridicularizada.
c) Quais foram as consequências do bullying logo que a entrevistada começou a passar por essa situação? 

Questão 6.
A entrevista foi concedida alguns anos após os acontecimentos relatados.

a) Por que, segundo ela, esse período da vida torna o enfrentamento da situação mais difícil? Complete a resposta.

Porque a criança aceita a opinião alheia e não ...

b) O que a jovem pensa sobre o bullying na ocasião em que concede a entrevista? Complete a resposta.

Ela entende que é ...

8 ano - prova de português com gabarito

Leia.
Texto I

Infância

Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.
Minha mãe ficava sentada cosendo.
Meu irmão pequeno dormia.
Eu sozinho menino entre mangueiras
lia a história de Robinson Crusoé,
comprida história que não acaba mais.

No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu
a ninar nos longes da senzala - e nunca se esqueceu
chamava para o café.
Café preto que nem a preta velha
café gostoso
café bom.

Minha mãe ficava sentada cosendo
olhando para mim:
- Psiu... Não acorde o menino.
Para o berço onde pousou um mosquito.
E dava um suspiro... que fundo!

Lá longe meu pai campeava
no mato sem fim da fazenda.

E eu não sabia que minha história
era mais bonita que a de Robinson Crusoé.
ANDRADE, Carlos Drummond de 

Texto II
80 pés abaixo d'água: Maya fala do trauma

Sete meses após o acidente que quase a tirou a vida, surfista comenta sobre a volta a Nazaré.
Sete meses depois, falamos com Maya durante sua trip para Bali. Perguntamos à surfista sobre as suas memórias daquele dia, tendo se passado tento tempo. 

Restou algum trauma? O acidente mudou sua vida?
Profissionalmente, mudou bastante coisa, mas para melhor. Tive sorte. Recebi mais visibilidade e também mais oportunidades depois do acidente. Uma experiência como essa mexe muito com o lado emocional. Tive sorte de vivenciar tudo isso.
Você pensa muito nisso?
Bem, eu pensei sobre isso muitas vezes na época que aconteceu. Intensamente. Dei muitas entrevistas e todo mundo queria ouvir meus depoimentos, por isso pensava bastante a respeito. Além do mais, fiquei dois meses sem andar e isso não me ajudou muito a esquecer. Mas quando tudo passou, consegui deixar para trás. Raramente falo sobre isso atualmente. Superei.
Tem falado com Burle sobre o acidente?
Sempre. Ele é a única pessoa com quem converso a respeito. Neste ano voltaremos a Nazaré. Estamos planejando muito isso.
Desta vez, eles terão novos coletes salva-vidas, melhores equipamentos nos jets e também uma equipe de resgate dedicada a eles. Para finalizar, perguntamos à Maya que tipo de emoções ela sente em surfar não apenas ondas gigantes, e sim as impossíveis...
Fonte: redbull.com
Questão 1.
O que é relatado em cada texto?

O primeiro contém um relato de Carlos Drummond de Andrade sobre sua infância, assim como suas experiências com a prática leitora. O segundo relato, contém a narrativa de Maya Gabeira sobre a prática de surf em um dia de mar revolto em que Pedro Scooby, Gordo, MCNamara, assim como a própria narradora passaram por grande perrengo no mar agitado.

Questão 2.
O texto 2 é a transcrição de uma parte da entrevista da surfista Maya Gabeira. Transcreva passagens do texto que indicam que é um relato oral.
Falei: “Não, eu vou surfar primeiro”. Eu estava no jet com o Scooby. Aí fiquei quieta, ele me levantou, entrou uma onda muito maior

Questão 3.
Que características comuns os dois textos apresentam?
Relato subjetivo; narrado em primeira pessoal; verbos predominantemente no passado; experiências pessoais.

Questão 4. 
“Aprendi muito com os amigos, e tenho pena dos jovens de hoje que não desfrutam desse tipo de amizade crítica”. O que Carlos Drummond quis dizer nessa fala?

Drummond nos relata que seus amigos recebiam seus textos por meio de uma leitura crítica. Na atualidade, as pessoas são avessas às críticas construtivas. Além disso, não se reúnem para praticar a leitura e trocarem experiências.

Sequência didática: proposta de letramento cinematográfico para os anos finais do ensino fundamental

Jose Geraldo Pereira de Jesus (UFMG)
Daniervelin Renata Marques Pereira (UFMG)

I. Para entender o enredo
Este texto apresenta uma proposta didática a partir de uma pesquisa no PROFLETRAS/UFMG. Seu foco é desenvolver os multiletramentos através de oficinas que trazem o cinema para a sala de aula a partir do trabalho com o filme e gêneros relacionados: sinopse, capa de DVD, trailer e videorresenha. A proposta foi criada para os anos finais do ensino fundamental. Baseamo-nos nas perspectivas de Moran (1995) e Napolitano (2004) para a proposta de letramento cinematográfico. Também nos fundamentamos em Soares (2006), Koch (2011), Rojo e Moura (2012) e outros que tratam de teorias e práticas de ensino-aprendizagem de leitura e escrita. Além disso, a sequência didática traz aportes teóricos propostos por Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004), Cosson (2019) e Zabala (1998), que nos fornecem uma base instrumental sobre como organizar atividades didático-pedagógicas em sequência. Nossa proposta é organizada em seis oficinas temáticas para introdução ao universo cinematográfico a partir de um exemplo, o filme Vida de inseto, mas incentivamos que as oficinas sejam adaptadas para outras obras fílmicas.

Palavras-chave: leitura; letramento cinematográfico; multiletramentos; cinema na escola.


Memória de um sargento de milícia - prova - exercícios

Professor, essa atividade foi usada em sala de aula da seguinte forma:
  • cada aluno responde a 5 perguntas selecionadas sobre o livro;
  • houve 5 atividades diferentes por turma, para evitar a repetição e evitar a "cola".
  • outra forma de realizar esta tarefa é recortar as perguntas e sorteá-la em sala para que cada aluno responda uma pergunta, sendo permitido uma segunda tentativa de resposta, caso erre) sobre a obra após todos participarem.
PARTE 1

1. Qual é a relação da biografia do autor com a obra?
2. O que é narrado no capítulo “represálias”?
3. Qual é a relação da obra Memória de um Sargento de Milícia com o naturalismo?
4. Descreva o que passa no capítulo “fogo de palha”.
5.Porque a obra pode ser tratada como um romance realista? Exemplifique isso com o conteúdo da narrativa.
6. Descreva o que passa no capítulo “ciúmes”.
7. O livro está na linha do pitoresco e do “Roman comique”, segundo Antônio Cândido. Explique como isso se dá na narrativa.
8. Descreva o que passa no capítulo “caldo entornado”.
9. Segundo Antônio Cândido, um traço marcante da obra é a procura de corrigir os costumes por meio da sátira. Cite um exemplo disso na obra.
10. Descreva o que passa no capítulo “O Vidigal desapontado”.

PARTE 2
1. O narrador descreve os meirinhos em dois tempos distintos. Como se dá essa descrição comparativa?
2. Descreva o que passa no capítulo “escápula”.
3. Os meirinhos também são comparados a Caronte. Quem é Caronte e o porquê da comparação?
4. Descreva o que passa no capítulo “Triunfo completo de José Manuel”.
5. Quem é Leonardo Algibebe? Transcreva toda a informação contida na obra a respeito do personagem.
6. Descreva o que passa no capítulo “malsinação”.
7. Com o filho um pouco crescido, Leonardo começa a arrepender-se de tudo que fizeram por Maria.
a. Por quê?
b. O que aconteceu?
c. A obra relata a violência contra mulher e violência infantil. Como isso ocorre?
8. " bisbilhotar a vida é um belo hábito". Isso é um chiste contido na obra. Sobre o que o narrador trata antes de afirmar isso?
9. Descreva o que passa no capítulo “José Manuel triunfa”.
10. Explique as danças citadas na obra e os instrumentos musicais.
a. Fado:
b. Minuete:
c. Rabeca:
d. Machete:

PARTE 3
1. Após o início da narrativa, há um salto temporal. De quantos anos? Como agia a personagem principal nesta faixa etária?
2. Qual foi o desfecho da história da traição de Maria?
3. Descreva o que passa no capítulo “novos amores”.
4. Após ser abandonado pelo pai e mãe, Com quem o menino foi morar e quais traquinagens praticava?
a. Descreva o padrinho de Leonardo.
5. Descreva o capítulo “pior transtorno” e o porquê do adjetivo pior.
6. Qual era o projeto de vida social para Leonardo feito pelo padrinho?
a. O que é narrado no Capítulo 4? Qual é a relação deste Capítulo com a narrativa anterior?
7. Descreva o que passa no capítulo “derrota”.
8. Descreva o que passa no capítulo “O Vidigal”.
a. Qual é a relação desse Capítulo com a narrativa anterior?
9. Descreva o que passa no capítulo “traumas”.
10. Descreva o que passa no capítulo “a primeira fora de casa”.
a. O que é narrado no capítulo anterior que dar continuidade no Capítulo 6?

PARTE 4
1. Descreva o que passa no capítulo em exercício.
2. Quem é José Manuel? Qual é a importância dele para a narrativa?
3. Descreva o que é narrado no capítulo “o pátio dos bichos”.
a. Qual é a relação do capítulo com a narrativa anterior?
4. Descreva o que passa no capítulo “a comadre”.
a. Na narrativa anterior, o que é falado a respeito da comadre?
5. Como foi a disputa pelo amor de Luisinha entre Leonardo filho e José Manuel? Dê os detalhes.
6. Descreva o que passa no capítulo 9.
a. Dê a biografia do barbeiro.
7. Descreva o que passa no capítulo “contrariedades”.
8. Na obra menciona várias festas. Escolha três delas e as descreva.
9. No capítulo 9, o que é revelado ao leitor. O que é a profissão de sangrador. O que faz o sangrador?
10. Descreva o que passa no Capítulo 10.
a. Informe a biografia do velho tenente-coronel.
b. Informe a narrativa sobre o filho do tenente-coronel.
c. Por que o tenente-coronel ajudou o Leonardo a sair da cadeia?

PARTE 5
1. Descreva o que passa no capítulo “o fogo no campo”
2. Descreva o que passa no capítulo “a entrada para a escola”.
3. Descreva o que passa no capítulo “domingo do Espírito Santo”
4. Faça a descrição do pedagogo.
a. Descreva o que passa no capítulo “ mudança de vida”.
5. Quem é Dona Maria? Qual a importância dela para a narrativa?
6. No capítulo “amores”, o memorando trata de dois Leonardo.
a. Quem são eles?
b. Por que os dois entram na história do memorando?
7. Após dois anos na escola, as informações sobre aluno dado ao professor pelo padrinho se confirmaram? Por quê?
8. Descreva o que passa no Capítulo “Progresso e atraso”.
9. Porque a Luisinha é uma personagem importante na história? Descreva o passo a passo da presença dela na narrativa
10. O narrador trata de uma personagem famosa no Rio de Janeiro chamada Chico Juca. Ela e qual sua importância para a história?

PARTE 6
1. Descreva o que passa no capítulo “mestre da reza”.
2. Faça a descrição da biografia da vizinha agoureira.
3. Qual é a qualificação de mulher que o Leonardo não gostava? Por que ele não gostava dessas qualificações?
4. Descreva o que passa no capítulo ‘O sucesso no plano”.
a) relate o primeiro dia do menino como sacristão.
5. No capítulo 18, a história dá um salto temporal.
a. Por que isso acontece?
b. O que está acontecendo nesse tempo com as personagens?
6. Descreva o que passa no capítulo “amores”.
7. Por que a cigana não assume a um relacionamento sério com Leonardo pai?
8. Descreva no capítulo “Estralata”.

Por Geraldo Genetto Pereira
Professor, escritor, blogueiro, youtuber.
Formação: Licenciatura e Mestre em Letras pela UFMG.


A Repolheira - resenha do livro

Título original: A repolheira
Autora: Claudia Nina
Ilustrações: Raquel Díaz Reguera

A Repolheira era alvo de constantes suspeitas. Os vizinhos diziam que ela era uma bruxa. Outros suspeitavam de que tinha uma doença que deformava de corpo, já que vivia sempre coberta da cabeça aos pés. A verdade é que ninguém conhecia a história daquela vendedora de repolhos, que só seria revelada quando sua vida mudasse radicalmente.

O principal feito do livro é usar do apelo fantasioso para chamar atenção para assuntos presentes, a exemplo da discriminação pela diferença, o preconceito, a baixa confiança em lidar com o outro, ocasionando o afastamento do convívio social. Vale ainda destacar o esmero gráfico e os traços delicados da artista Raquel Díaz Reguera que, com tons escuros e pastéis, acerta no clima da história.

Além de uma fábula perfeitamente escrita e ilustrada, "A repolheira" é também um instrumento para se elevar a autoconfiança de crianças e adolescentes.

Uma história singela, quase um conto de fadas ilustrando a vida de uma pessoa vista pelo olhar dos outros, essa história ficou muito boa e recomendo para qualquer pessoa no qual queira ler.

Por Geraldo Genetto Pereira
Professor, escritor, blogueiro, youtuber.
Formação: Licenciatura e Mestre em Letras pela UFMG.

 

Miniconto ep. 9: O Fim

 Resolvi te esquecer. Não sei como isso veio acontecer, porque eu a queria tanto o quanto que eu não seria capaz de escrever o real em palavras. Em um simples momento, eu desisto de tê-la. Creio que você já está tanto distante o tanto quanto não poderia prever.

Dias passaram e comecei a perceber que a distância entre dois pontos ia muito além de uma simples reta: eu e você estávamos nessa reta.  De súbito, decidir fugir de você; tornei-me uma pessoa difícil se conquistar. Quem explicaria essa loucura? A verdade é que isso te irritou: com raiva de mim, ficou. O laço que nos unia, desatou; era fim de um romance que nem mesmo se consolidou. Era o fim do sonho que sequer sonhamos - ou sonhamos, mas não concretizamos.

Hoje, você passa por mim e eu fico a te olhar. Percebo que há um grande vazio dentro de mim que parece que era preenchido por você. Ponho-me a pensar nas suas carícias em meu aparelho genital, naquele fio dental semelhante a duas cordas a se cruzarem; totalmente erótica.

Sei que ainda posso senti-la, através dos registros da memória. Só essa é capaz de falar sobre o seu momento atual. Quando passo por você, penso: a vida é uma loucura, né: com mistura de sano e insano. Creio que o que se passou não retornará ao real: mas permanecerá eternamente na memória.

Por Geraldo Genetto Pereira
Professor, escritor, blogueiro, youtuber.
Formação: Licenciatura e Mestre em Letras pela UFMG.

7 ano - redação - proposta de conto

1. Proposta de produção

No conto estudado “ A orelha de Van Gogh”, o narrador participa da história que conta. Você vai escrever um conto onde o narrador também será o personagem, mas no seu conto o narrador não mais será o filho do dono do armazém e sim o credor inflexível. A intenção é que o leitor conheça os acontecimentos contados por um outro olhar. O mistério será desvendado. Use sua criatividade e arrasa! 

2. Nesse momento você fará o planejamento e elaboração do texto. 
Leia o conto “A orelha de Van Gogh” e reflita: 

A orelha de Van Gogh”

Estávamos, como de costume, à beira da ruína. Meu pai, dono de um pequeno armazém, devia a um de seus fornecedores importante quantia. E não tinha como pagar. Mas, se lhe faltava dinheiro, sobrava-lhe imaginação… Era um homem culto, inteligente, além de alegre. Não concluíra os estudos; o destino o confinara no modesto estabelecimento de secos e molhados, onde ele, entre paios e linguiças, resistia bravamente aos embates da existência. 

Os fregueses gostavam deles, entre outras razões porque vendia fiado e não cobrava nunca. Com os fornecedores, porém, a situação era diferente. Esses enérgicos senhores queriam seu dinheiro. O homem a quem meu pai devia, no momento, era conhecido como um credor particularmente implacável. Outro se desesperaria. Outro pensaria em fugir, em se suicidar até. Não meu pai. Otimista como sempre, estava certo de que daria um jeito. Esse homem deve ter seu ponto fraco, dizia, e por aí o pegamos. Perguntando daqui e dali, descobriu algo promissor. O credor, que na aparência era um homem rude e insensível, tinha uma paixão secreta por van Gogh. Sua casa estava cheia de reproduções das obras do grande pintor. E tinha assistido pelo menos uma meia dúzia de vezes o filme de Kirk Douglas sobre  a trágica vida do artista.

Meu pai retirou na biblioteca um livro sobre van Gogh e passou o fim de semana mergulhado na leitura. Ao cair da tarde de domingo, a porta de seu quarto se abriu e ele surgiu, triunfante:
– Achei!
Levou-me para um canto – eu, aos doze anos, era seu confidente e cúmplice – e sussurrou, os olhos brilhando:
– A orelha de van Gogh. A orelha nos salvará.

O que é que vocês estão cochichando aí, perguntou minha mãe, que tinha escassa tolerância para com o que chamava de maluquices do marido. Nada, nada, respondeu meu pai, e para mim, baixinho, depois te explico. 

Depois me explicou. O caso era que o van Gogh, num acesso de loucura, cortara a orelha e a enviara à sua amada. A partir disso meu pai tinha elaborado um plano: procuraria o credor e diria que recebera como herança de seu bisavô, a orelha mumificada do pintor. Ofereceria tal relíquia em troca do perdão da dívida e de um crédito adicional.
– Que dizes?

Minha mãe tinha razão: ele vivia em um outro mundo, um mundo de ilusões. Contudo, o fato de a ideia ser absurda não me parecia o maior problema; afinal, a nossa situação era tão difícil que qualquer coisa deveria ser tentada. A questão, contudo, era outra:
– E a orelha?
– A orelha? – olhou-me espantado, como se aquilo não lhe tivesse ocorrido. Sim, eu disse, a orelha do van Gogh, onde é que se arranja essa coisa. Ah, ele disse, quanto a isso não há problema, a gente consegue uma no necrotério. O servente é meu amigo, faz tudo por mim.

No dia seguinte, saiu cedo. Voltou ao meio-dia, radiante, trazendo consigo um embrulho que desenrolou cuidadosamente. Era um frasco com formol, contendo uma coisa escura, de formato indefinido. A orelha de van Gogh, anunciou, triunfante.

E quem diria que não era? Mas, por via das dúvidas, ele colocou no vidro um rótulo: Van Gogh – orelha.

À tarde, fomos à casa do credor. Esperei fora, enquanto meu pai entrava. Cinco minutos depois voltou, desconcertado, furioso mesmo: o homem não apenas recusara a proposta, como arrebatara o frasco de meu pai e o jogara pela janela.
– Falta de respeito!
Tive de concordar, embora tal desfecho me parecesse até certo ponto inevitável. Fomos caminhando pela rua tranquila, meu pai resmungando sempre: falta de respeito falta de respeito. De repente parou, olhou-me fixo:
– Era a direita ou a esquerda?
– O quê? – perguntei, sem entender.
– A orelha que van Gogh cortou. Era a direita ou a esquerda?
– Não sei – eu disse, já irritado com aquela história. – Foi você quem leu o livro. Você é quem deve saber.
– Mas não sei – disse ele desconsolado. – Confesso que não sei.

Ficamos um instante em silêncio. Uma dúvida me assaltou naquele momento, uma dúvida que eu não ousava formular, porque sabia que a resposta poderia ser o fim da minha infância. Mas:
– E a do vidro? – perguntei. – Era a direita ou a esquerda? Mirou-me, aparvalhado.
– Sabe que não sei? – murmurou numa voz fraca, rouca. – Não sei.

E prosseguimos, rumo à nossa casa. Se a gente olhar bem uma orelha – qualquer orelha, seja ela de van Gogh ou não – verá que seu desenho se assemelha ao de um labirinto. Neste labirinto eu estava perdido. E nunca mais sairia dele.
Moacyr Scliar. In: Pipocas / Moacyr Scliar, Rubem Fonseca, Ana Miranda. 1ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2003, p. 13-16. Coleção Literatura em minha casa; v.2 Crônica e conto.
Proposta
Escreva um conto tendo como tema a sua infância.
  • Use personagens ficcionais;
  • Não se esqueça que uma narrativa do gênero conto possui uma estrutura que deverá ser seguida: 
a) Introdução; 
b) Desenvolvimento;
c) Clímax; 
d) Desfecho. 
  • Você poderá pensar em outros aspectos, como o perfil dos personagens como:
a) Características dos personagens;
b) Qual personagem terá nome? 
c) Como o credor contará o conflito? 
d) Ele será sensível ou não? 
  • Não esqueça do tempo e espaço e de que o conto é uma na narração curta e deverá ser escrita na 1ª pessoa, o credor será o narrador.

Sinopses de livros do Professor Genetto

AS AVENTURAS DE MAGUIH
“Swan vive uma aventura onírica como nunca houvera vivido antes. É uma experiência impar. Desfruta da sensação de ser criança, de viajar ao centro do imaginário. O prazer onírico lhe preenche as lacunas da vida. Rememora o quanto é bom viver no mundo infantil; então pede a Deus que nunca extinga a criança que habita dentro de si. [...].Na companhia do filho Maguih, passa por perseguições policiais, após cometer um crime de trânsito.

MAGUIH, O AMIGO DOS ANIMAIS.
É uma aventura em que Maguih terá que lutar para defender animais selvagens que são objetos de pesquisa científica. Um fazendeiro transforma sua fazenda em um laboratório e cria animais gigantes. Para combater o crime, Maguih e seus amigos vão lutar contra o inimigo.

MAGUIH E A MALETA MÁGICA
É uma espetacular aventura em que Maguih e seus coleguinhas de escola vão vivenciar. Nela, os garotos irão participar de um aniversário e na casa do aniversariante encontram uma maleta que mudará para sempre suas vidas.

MAGUIH E A REVOLTA DE GAIA
Nesta aventura, Maguih é convocado pelos deuses para liderar a raça humano na luta contra a mãe terra, que está revoltada devido a não preservação do meio ambiente por parte da raça humana. Embarque nesta aventura com Maguih e sua turma e sobreviva a esta catástrofe.

O VIGILANTE
Nesta aventura, você vai conhecer Genetto, um rapaz que estendeu seu horário de trabalho pelas altas horas da noite procurando aplicar a justiça contra criminosos.

MAGUIH E A CASA VERDE
Nesta história, o nosso herói Maguih vai viajar no tempo e visitar a Casa verde na cidade de Itaguai endano Rio de Janeiro com o objetivo de desvendar os ministérios que pairavam sobre o hospício mais famoso do Brasil.


CRITÉRIOS PARA CORREÇÃO DE POEMA

 

Os critérios a seguir devem ser avaliados em uma escala de zero (0,00) a dez (10,00)

CRITÉRIOS

NOTA

I – Título  -  O título da poesia desperta o interesse do leitor?

 

II – Adequação  discursiva  -  o  conteúdo  e  a  linguagem  poética  utilizada  pelo  autor constroem uma unidade de sentido?

 

III – O texto fornece elementos para que o leitor identifique sensações, sentimentos, ideias, experiências?

 

IV – Adequação linguística -  o texto apresenta e usa adequadamente recursos poéticos, como:  organização de versos e estrofes; efeitos sonoros, como ritmo marcado e rimas, repetição de sons, letras, palavras ou expressões; repetição da mesma construção (paralelismo sintático). 

 

V – Emprego de figuras  de  linguagem  (comparação,  metáfora,  personificação etc.)  que promovem efeitos poéticos.

 

VI - Marcas  de  autoria:  o autor  expressa  um  olhar pessoal  sobre  algo que lhe  chama  a atenção?

 

VII – Convenções da escrita - a poesia segue as convenções da escrita  (ortografia, acentuação, pontuação)?

 

VIII – A poesia rompe convenções da  escrita  (marcas  de  oralidade  ou de variedades linguísticas regionais ou sociais) a serviço da produção de sentidos no texto e da poeticidade?

 

IX – O texto produzido é condizente com o nível de desenvolvimento cognitivo de alunos dessa faixa etária?

 

Total final

 

OBS: A nota final é a média aritmética, em que a soma da pontuação total deve ser dividida por NOVE (09) (o número total de critérios analisados). Esclarecemos que é permitida a atribuição de nota, para cada critério, com números não inteiros, considerando duas casas decimais após a vírgula (x,xx).


Por Geraldo Genetto Pereira

Professor, escritor, blogueiro, youtuber.
Formação: Licenciatura e Mestre em Letras pela UFMG.

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